Capítulo 18

   Desespero era pouco para o que eu estava sentindo, nesse momento Barbara já estava em alerta andando pela praia em busca de Laura, Vina tentava acalmar minha mãe que já  estava passando mal e  Jonathan estava por perto, ciente de que não podia ser mais uma criança perdida por aí.

- Você não viu uma menininha loira, bem pequena mesmo? -perguntei para a vigésima pessoa que me dava resposta negativa. Oh céus! Seria todo mundo cego naquele lugar?

- Calma, meu amor. Ela não deve ter ido muito longe. -Barbara chegou correndo e ofegante perto de mim.

- Meu Deus, Barbara. A minha filha! -pus a mão na cabeça sem saber o que fazer.

- Venha! -ela me puxou pela mão e por um momento eu achei que ela tinha a  encontrado.

   Na areia era mais difícil correr, mas com custo chegamos à uma especie de cabine que eu reconheci logo. Salva vidas.

- A minha filha, ela desaparece eu preciso que vocês a encontrem, por favor. -eu mais parecia uma metralhadora disparando todo o ocorrido.

- Acalme-se,senhor. -eu ficava impressionado com o ser que pedia calma numa hora dessas. -É uma menina, certo?  O senhor pode me dizer os trages que ela usava?  E qual a idade da criança? -ele sim tinha calma.
- Ela tem dois anos. Estava vestindo... Eu não lembro. -estava nervoso demais para pensar em roupas.

- Um biquíni de florzinha, moço. Ela só tem dois anos  -Barbara se manifestou aflita.

- Está certo. -ele pegou um rádio já olhando ao seu redor ansioso por ir em busca. -Criança desaparecida por volta do posto onze, uma menina, dois anos, com biquíni estampado de  flores. -deu toda a informação pelo rádio e eu suspirei tentando manter a calma. Onde estaria Laura sozinha, meu Deus?

- O senhor tem uma foto recente da desaparecida? -perguntou.

- Sim, tenho sim. -respondi e peguei o celular apressado.

   Mostrei a foto que fora tirada dias antes em seu primeiro dia de aula na creche. Ele já estava enviando para todos os seus colegas de trabalho que participariam da busca.

- O senhor  mantenha calma e aguarde. Nós encontraremos sua filha. -ele disse e em segundos saiu correndo.

   Eu me encostei na cerca de madeira e encarei o céu, era hora de respirar e senti a tristeza com calma, as lágrimas invadiram meu rosto. O que mais eu poderia fazer, senão chorar?

- Ben, eu tenho certeza de que vão encontrá-la. - Barbara segurou meu rosto e passou seu polegar limpando uma lágrima.

- Eu não vou ficar aqui parado não. -resolvi dando impulso para me livrar do encosto atrás de mim.

- Ei, espere aí! -Barbara correu atrás de mim ajeitando a canga na cintura.
   Um milhão de coisas passaram pela  minha cabeça, minha filha poderia está já no meio da rua correndo perigo, ou brincando num posto  distante. Foi o que me deu força e coragem para ir mais longe e encontrá-la.

-LAURA!!! -gritei em meio a multidão. -LAURA!! Pelo amor de Deus, apareça. -minha voz já era falha.

  Esbarrei com um salva vidas que acredito  também está  a sua procura, ele parou com o esbarrão e olhou em meus olhos castigados.

- Não se preocupe, encontraremos a criança. -ele disse imaginando  quem eu era.

- Por favor. -implorei choroso.

  E então ele voltou a correr e eu olhei ao meu redor, nem sinal de Laura e Barbara.
  Eu então,  voltei a andar depressa , olhando atentamente para todos os cantos e quando dei por mim já estava num lugar afastado, quase na entrada da areia, onde as pessoas só passavam por alí e nunca ficavam. Eu estava tão cansado que já não me aguentava em pé, mas minha meta era só parar quando ver a minha filha. Meu plano falhou quando eu tropecei em algo e fui com tudo ao chão.

- DROGA! -gritei. -Meu Deus, por que?! -questionei. Eu sabia que não devia e me arrependeria depois de tê-lo questionado, mas SENHOR, POR QUE?!

    Fiquei alí parado, apenas me lamentando. Não havia mais o que fazer, ou pelo menos eu não tinha mais forças para fazer alguma coisa.

- BENJAMIN?! -era a voz de Barbara. Ela conseguiu chegar até a mim ofegante, imediatamente se jogou ao meu lado cansada. Me abraçou e chorou junto comigo  até soluçar.
*
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  Não sei quantos minutos ou horas nós passamos alí, eu tentava o tempo todo me concentrar numa oração mental, porém eu sabia que não adiantaria somente  aquilo, eu também precisava me mexer e ir atrás da minha filha, entendia que Deus poderia me ajudar, inclusive em qualquer coisa na vida, mas não se eu me tornar um parasita, no fundo as coisas dependem mais de nós mesmos e da nossa fé, sendo assim, eu me levantei com muito mais esperança – nada como  um papinho com Deus, não? – e sem precisar dizer nada, Barbara fez o mesmo e caminhou comigo olhando para os lados. Até que... Eu não tinha certeza, mas...

- LAURA?! -eu gritei e corri em direção da pequenina que estava sozinha sentada no chão um pouco mais distante de nós. Eu tropecei e caí novamente,mas nada me derrubaria enquanto  a vontade de ver a minha filha fosse  maior que a mim mesmo. -Laurinha, minha filha, que susto você me deu. -era ela!!  Estava com a mão e a boca cheias de areia. A coitada começou a chorar com o susto que levou.

- Ai é ela, muito Obrigada, Meu Deus! -Barbara limpou as lágrimas passando a mão nos cabelos sujos de Laura, eu só sabia chorar e abraçar a minha filha que estava quase virando uma areia de tanto comê-las .

   Eu tentava me controlar, sabia que estava assustando-a com tantos abraços e beijos, Laurinha realmente não tinha noção do que estava acontecendo, por um maldito minuto eu achei que perderia a minha filha e quando a encontrei não podia ser de outro jeito.

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   O dia que era para ser incrível, acabou  se tornando princípio de um  pesadelo, foi então que cheguei a conclusão de que por mais que a gente planejar, as coisas acontecerão do jeito que devem acontecer . Mesmo que no momento nós não entendemos o motivo do fato desastroso, vai ter um dado momento em  que vamos soltar um longo suspiro e sussurrar um "agora sim" ,de que agora tudo faz sentido. A vida é assim, depois de tantas guinadas, no final sempre termina com um suspiro de compreensão .

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