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─── capítulo 02 ───

─── Então, qual você prefere? ── levanto os olhos do celular para encarar Max a minha frente. Ela insistiu para que entrássemos na Victoria's Secret ─── Essa aqui que diz "sou uma safada, porém sou difícil" ou essa que é mais "sou uma safada mas me finjo ser difícil"?

Maxine segura em cada mão uma lingerie branca e na outra uma de cor vermelho sangue, que eu provavelmente compraria se não tivesse engordado 2kg e meio depois do meu término com Alex. Quase dou risada do seu impasse. Max sim, ficaria perfeita em tudo o que vestisse.

─── Sem ofensas prima, mas você é uma safada de qualquer jeito.

─── Sua palhaça. ── ela bufa jogando seu casaco na minha direção. ─── Vamos lá, Cindy, me ajude aqui! ── choraminga.

─── A branca combina com seu tom de pele.

Ela inclina a cabeça, como se analisando a opção, então se vira pro espelho colocando a lingerie na sua frente.

─── Sim... Ai meu Deus, sim! Essa foi feita pra mim! ── ela dá pulinhos animados, o que me faz rir. ─── E você leva a vermelha então.

Espera, o quê?

─── Não acho que ficaria bom em mim.

─── Já está decidido. Eu estou dando a você e presente não se nega.

Dou de ombros e resolvo deixar pra lá, afinal, discutir com Maxine é um caminho sem volta e algo totalmente inútil. Ela nunca sai perdendo.

Depois de enfrentarmos uma fila um pouco grande demais, finalmente saímos da loja com nossas sacolas em mão. Max cantarola uma música pop ao meu lado.

─── Pronta para ir embora?

─── Claaro, eu tenho tantas coisas interessantes pra se fazer em casa. ── eu respondo de maneira irônica, recebendo um estreitar de olhos na minha direção.

─── Otimismo, Cindy. Seja otimista. Seu novo emprego pode estar debaixo do seu nariz, só esperando pra aparecer na hora certa.

Reviro os olhos. Otimismo. Puff. Otimismo não vai me dar dinheiro. E nem pagar as minhas contas.

Paro no lugar quando ouço um choro baixinho. Seguro no braço de Max para ela parar de andar também, e começo a olhar pelos lados, tentando identificar a fonte do choro.

─── Está ouvindo isso?

─── A única coisa que ouço é essa música horrível. Sério, administrador do shopping? Ou sei lá quem é responsável por isso. Eu posso jurar que essa música é de um comercial de suco industrializado.

Então, eu vejo. Sentada no chão com o rosto escondido entre os joelhos, está uma garotinha choramingando.

Puxo Max pela mão e juntas caminhamos até a menina. Ela está sozinha no corredor da saída de emergência.

─── Ei, princesa... Tá tudo bem?

Estou agachada na sua frente, pensando se devo tocar seu braço ou seus cabelos, fazendo algum carinho ou algo do tipo. Mas melhor não. Eu sou uma estranha e ela pode se assustar com isso.

Lentamente, a menina levanta o rosto e encaro seus olhos pequenos e inchados que derramam lágrimas sem parar. Ela não deve ter mais que 5 anos.

─── Eu perdi meu papai. ── E dito isso, ela volta a chorar. Dessa vez mais alto.

Lanço um olhar desesperado pra minha prima, mas ela apenas dá de ombros, tão perdida quanto eu.

─── Shh, tudo vai ficar bem. Vou te ajudar a encontrá-lo. ── Ela olha pra mim de novo, soluçando. ─── Meu nome é Cindy e essa é minha prima Maxine.

Seus olhos se arregalam de leve por um momento.

─── Cindy igual a Cinderela? ── A garotinha pergunta com uma voz doce e um pouco rouca por causa do choro.

Eu abro um sorriso para ela. Só assim pra mim não me irritar com o apelido. Na adolescência, passei a odiar meu nome porque sempre me chamavam de Cinderela. Se fosse só assim, eu não me importaria. Mas depois de um tempo os apelidos evoluíram para variações da Cinderela. Como, gata borralheira, pobretona e amiga de ratos. Eu mais ficava com raiva do que triste.

─── Isso mesmo, igual a Cinderela. E como é o seu nome?

─── Meu nome é Adeline. Meus amigos me chamam de Ade, e meu papai me chama de cerejinha, porque ele diz que eu completo a vida dele igual uma cereja completa um bolo. Mas ele me chama de Adeline Hope quando eu faço bagunça e ele fica bravo. ── Ela dispara tudo de uma vez e me surpreendo por não perder o fôlego. Sorrio para ela, feliz por não estar mais chorando. Ela é um amor.

─── Então, Line, posso te chamar assim? ── ela sorri enorme, balançando a cabeça. ─── Vamos procurar seu pai agora.

Estico a mão na sua direção e Adeline logo a pega, levantando do chão. Ela tem os cabelos castanhos claros, quase loiros, e usa um vestidinho lilás todo rodado.

Lanço um olhar para minha prima, que permaneceu todo esse tempo em silêncio, mas percebo ela sorrir para a garotinha também.

─── Acho que devemos ir até algum segurança do shopping. ── diz minha prima.

─── Não precisa. ── Adeline rapidamente fala, nos fazendo olhar para ela. ─── Meu papai tá tirando foto com algumas fãs aqui.

Franzo o cenho.

─── O seu pai é famoso ou algo assim?

─── Ele tem uma banda. ── ela responde dando alguns pulinhos conforme andamos. Para alguém que estava chorando até poucos minutos atrás, ela se recuperou bem.

Do meu lado, Maxine solta um arquejo surpreso.

─── Seu pai é daquela banda The Vamps? ── Max pergunta.

Adeline resmunga um "aham". Encaro minha prima e percebo pelo seu olhar que está pensando o mesmo que eu. Não vai ser difícil de localizá-lo então.

Andamos mais um pouco até finalmente acharmos uma multidão de pessoas ao redor do que parece ser um palco pequeno. Há seguranças por toda parte. Como não notaram uma criança sair sozinha? No canto do lugar, percebo uma movimentação onde um homem grita aos prantos com os seguranças. Ele deve ser o...

─── Papai! ── Adeline grita ao meu lado, soltando a minha mão e correndo na direção dele.

Sigo Adeline com o olhar e vejo o momento em que ela pula no colo do homem, seu pai. Provavelmente estavam desesperados procurando por ela. Percebo tarde demais que a menina está apontando na nossa direção e agora todos caminham até nós. Literalmente, todos. Até mesmo a multidão de fãs, juntamente com seguranças e pessoas com câmeras na mão, provavelmente fotógrafos.

Droga, péssimo dia para não estar tão bem vestida. Se alguma foto minha vazar na internet com a manchete de "Desconhecida encontra filha perdida de integrante da banda The Vamps", qualquer pessoa que ampliar a foto verá que há um rasgo pequeno na lateral da minha blusa. Quer dizer, quando eu saí de casa com ela era imperceptível pra mim, mas nunca se sabe né.

─── Papai, essa é a Cindy. Ela me achou perdida e me ajudou a achar você.

Adeline está no colo de seu pai, agarrada ao seu pescoço. Ela parece mais feliz agora. Seu pai, por sua vez, ainda tem o olhar desesperado e os cabelos ondulados estão um pouco bagunçados, como se tivesse passado a mão neles no momento de aflição por ter perdido a filha.

Não deixo de reparar em como ele é bonito também. Não que eu seja uma garota que está no cio, nem nada assim. São apenas fatos inegáveis. Ele é alto, mas não tanto, talvez menos que um metro e oitenta. Seus olhos são escuros e ele possui uma barba rala que quase não dá pra notar. Mas então, eu caio na real. Ele deve ter namorada, ou uma esposa já que tem uma filha. Olho rapidamente para suas mãos, direita e esquerda, nada de aliança em nenhuma delas. Isso significa que ele é...

─── Você é solteiro!

Percebo tarde demais que falei aquilo em voz alta. Mas que merda, Cindy. E depois também sinto uma ardência no braço e olho rapidamente para Max, notando que ela quem me beslicou e está me olhando com os olhos arregalados.

─── Desculpa, o que disse? ── O pai de Adeline pergunta, me olhando confuso. Mas sei que ele escutou o que eu disse porque noto um sorriso discreto no canto de sua boca.

Para de olhar pra boca dele, sua pateta. Isso porque eu falei que não estava no cio. Me xingo internamente.

─── Eu quis dizer que você é sortudo. ── Maxine engasga com uma risada, e eu olho feio pra ela. ─── Sua filha é um amor.

Ele sorri pra mim. Claro que eu também reparo no seu sorriso. Mas dessa vez mantenho isso só pra mim. Já não basta a vergonha que passei há um minuto atrás com toda essa gente ao nosso redor. Sério, queria um buraco pra me enfiar agora.

─── Ela é sim. Mas não deveria ter saído do meu lado e nem da vista do Martin. ── Ele adverte, e suponho que Martin seja seu segurança particular. ─── E muito obrigado por ter ajudado minha filha. Não sei o que eu faria se não tivesse a encontrado. Posso te recompensar de alguma forma?

Que tal uma reserva num restaurante e uma boa garrafa de vinho?

Fique quieta, Cindy emocional. Preciso da Cindy racional neste momento.

Abro a boca pra responder mas é Maxine quem responde por mim.

─── Dá um emprego pra ela!

Viro o rosto na sua direção tão rápido que sinto uma dor de leve. Max tá louca, só pode estar louca, e eu me pergunto o que tinha naquele croissant que ela comeu.

─── Max, cala a boca. Não estou tão desesperada assim! ── Sussurro nervosa. Na verdade, eu estou sim, desesperada. Mas não quero que o cara pense que estou me aproveitando da situação.

Mas me surpreendo quando não é isso o que ele responde.

─── Essa é uma ótima ideia. ── Ele gruda seu olhar no meu. O que me deixa mais nervosa. ─── Você tem formação em alguma coisa?

Agora, eu realmente quase surto. Que droga de pergunta.

─── Na verdade, eu...

─── Ela pode ser babá da sua filha! ── Maxine novamente me interrompe e eu a encaro de novo, fuzilando ela com o olhar.

Eu nunca trabalhei de babá na minha vida. A não ser que conte como experiência ter dois irmãos mais novos pestinhas que adoravam me azucrinar quando eu era adolescente.

─── Sim, papai, por favor! Quero que a Cinderela seja minha babá! ── Adeline sorri para o pai e eu sorrio para ela. Uma fofa. Mas isso não tem nenhuma chance de dar certo.

─── Se é o que você quer, então tudo bem, cerejinha. ── O bonitão aperta o nariz da filha, fazendo ela dar uma risadinha. ─── Então... Cindy, não é? ── eu balanço a cabeça, ainda surpresa com toda essa situação. ─── Eu realmente preciso de alguém pra ficar com a minha filha quando eu não estiver em casa. Pelo menos sei que lá ela estará segura e não corre o risco de acontecer o mesmo que hoje.

Preciso de um tempo pra assimilar tudo. Em um só dia eu encontrei uma menina perdida no shopping, descobri que seu pai é famoso e que é um gato, e agora está me oferecendo um emprego de babá e tudo isso na frente de fãs e repórteres. Meu Deus.

─── Não quero parecer interesseira... ── Começo dizendo mas sou interrompida.

─── Ela aceita.

Minha querida prima virou minha porta-voz, não é adorável?

─── Perfeito então! ── o pai de Adeline sorri. ─── Pode me passar seu número?

─── Meu... Meu número?

─── Pra minha empresária te ligar.

Ah, claro. A empresária.

Max me estende um pedaço de papel e caneta e rapidamente eu escrevo meu telefone e meu nome completo.

─── Mais uma vez, obrigado por isso. Ela vai te fazer uma ligação amanhã para combinar tudo.

─── Ah, sim, tudo bem. ── sorrio.

─── Bem, vamos indo, cerejinha. Ainda falta um pouco até irmos embora. Cindy, foi um prazer, até logo! ── Devo estar sorrindo feito boba então rapidamente tiro o sorriso do rosto. Patético.

─── Tchau, Cindy! ── Adeline acena pra mim, com um sorriso banguela no rosto.

─── Tchau, Line! ── ela sorri mais ainda pelo apelido. Então num segundo todos se afastam, restando apenas eu e Max sozinhas.

Quando já estamos longe de todos, minha prima começa a rir.

─── Você é solteiro, hein?

─── Pensamentos intrusivos. Cala a boca.

Ainda estou mortificada de vergonha e sei que serei motivo de zoação pelo resto da vida. Max consegue ser bem insuportável quando quer.

─── Acha que vão mesmo me ligar?

─── Olha, tem 20 por cento de chances de sim.

─── E os outros oitenta?

─── Os outros oitenta significam que ele só foi gentil porque estava na frente das câmeras e quis passar uma boa impressão.

Solto um choramingo frustrado.

─── Eles não vão me ligar.

Só pra esclarecer a idade dos meninos: eu comecei a escrever a fanfic há 3 anos, por isso a idade atrasada, mas achei melhor não mudar e permanecer desse jeito mesmo!

espero que gostem 💝

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