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Todas as garotas que você já amou
Te fizeram ser aquele
por quem eu me apaixonei
Todas as ruas sem saída
te levaram direto para mim
Agora você é tudo de que preciso
sou tão grata por
Todas as garotas que você já amou

Sua mãe te criou leal e bondoso
O amor adolescente te ensinou que
despedidas não são completamente ruins
Toda mulher que você conheceu
te trouxe até aqui
Agora eu quero te ensinar
qual é a sensação do "para sempre"
All Of The Girls You Loved Before - Taylor Swift

☀️
Hye Ji Woo

Estou passando meu delineador bem na hora que o celular toca.

Vejo o nome de Yun Hee na tela e atendo, voltando a me concentrar na maquiagem.

— Ji Woo unnie. — Ela me chama, parecendo preocupada.

— O que foi agora, Yun Hee? — Deve ser a quinta vez que me liga em menos de dez minutos.

— Mais um problema. O meu aplicativo de táxi parou de funcionar. Você teria como vim me buscar? — Pergunta. Consigo terminar meu delineado e encaro o rosto dela na chamada de vídeo.

A garota está pronta, sentada no sofá de sua casa, enquanto espera minha decisão.

— Tudo bem, me passe seu endereço. Já estou quase pronta, logo vou chegar então não tente fazer mais nenhum problema. — Avisei, passando o batom.

— Pode deixar, vou ficar apenas te esperando. — Me falou, desligando em seguida.

Com a maquiagem pronta, peguei o celular e procurei a bolsa ideal que combinasse com minha roupa.

Usava um vestido verde escuro curto, com mangas até os cotovelos. Continuava preferindo usar os coturnos brancos do que saltos.

Tirei uma foto na frente do espelho e enviei para o meu namorado.

"Já estou saindo. Te mando mensagem quando voltar, prometo."

Depois de alguns minutos, quando estou guardando as chaves e meus documentos na bolsa, a resposta chega.

"Não beba nada se estiver dirigindo. Tome cuidado e se divirta, ok?"

"Ok. O que achou da minha roupa?"

"Absolutamente perfeita. Assim como todo dia."

"Você é algum tipo de galanteador pessoal?"

"Não sabia? Vem no combo de namorado."

"Que sorte a minha."

Dei risada, mandando um emoji de coração e desligando o celular. Guardei o aparelho na bolsa de balada e peguei as chaves do carro.

Coloquei o endereço no GPS e cheguei no prédio onde Yun Hee morava. Liguei e avisei que já estava esperando.

Vi a minha amiga sair do prédio e entrar no carro apresada, como se estivesse numa corrida.

— Precisamos ir logo, ou vamos ficar do lado de fora! — Disse, se abanando de tanto nervosismo.

— É a nossa primeira vez indo numa festa juntas, não precisa se preocupar tanto. — Lhe tranquilizei.

Acelerei o carro e seguimos para o clube noturno.

Em menos de meia hora já havíamos chegado. Considerando o trânsito, não era um atraso. Ficamos mais um tempo na fila conversando até entrar no local.

Era muito escuro e cheio de luzes coloridas refletidas. No ponto mais alto era possível ver a mesa enorme do DJ e a área vip para os clientes assíduos.

— Esse lugar é gigante, podemos nos perder aqui. — Yun Hee falou mais alto. Agarrou meu braço e fomos caminhando juntas.

— Devemos marcar em um lugar para nos encontrarmos caso uma de nós desapareça? — Questionei.

— Na entrada do banheiro é bom, mas é provável que eu vá desaparecer primeiro. Vi um monte de homens lindos aqui. Olha aquele! — Yun apontou discretamente para um rapaz que usava terno na área vip.

— Lindo mesmo é o meu namorado. Aquele ali no mínimo tem uma aparência simpática. — Brinquei, nos guiando para o balcão de bebidas.

— Não seja tão chata apenas porque tem um namorado agora. Eu ainda estou solteira! — Apontou para si mesma, dando um suspiro abatido.

— Vamos encontrar um rapaz legal pra você conhecer essa noite, tenho certeza. Tente olhar em volta primeiro. — Esperamos a nossa vez chegar para pedir as bebidas.

Eu estava torcendo para ter algo que não tivesse álcool.

— Quero um coquetel de frutas sem álcool, por favor. — Pedi, dando uma cutucada em Yun Hee que estava hipnotizada pelo barman.

— E a senhorita? — Ele inclinou a cabeça, o cabelo loiro oxigenado caindo frente ao rosto.

Escutei Yun suspirar e abrir um sorriso gigante.

— O que você sugere? — Ela começou a piscar os olhos e se inclinou no balcão.

Revirei meus olhos e percebi que não precisei fazer nada disso para conquistar meu namorado. Um prato de kimchi e um beijo foram suficientes.

— Que tal uma bebida surpresa? Acho que vai gostar. — Ele deu uma piscadinha.

— Ah não, ela não quer. Pode fazer dois coquetéis de frutas mesmo. Obrigada. — Cortei o papo dele, dando um falso sorriso agradecido.

O rapaz se afastou para fazer as bebidas e Yun Hee cruzou os braços irritada.

— Disse que iria me ajudar a encontrar um cara legal! — Reclamou comigo.

— Sua definição de legal é bem equivocada. Ele é literalmente o primeiro que apareceu. — Expliquei, notando a expressão dela mudar para entediada.

Voltei a encarar o barman fazendo nossas bebidas. Ele nos entregou com um sorriso de canto e novamente piscou pra minha amiga.

Coloquei o dinheiro no balcão e tomei o primeiro gole, conferindo. Yun Hee virou todo copo dela e continuou resmungando.

— Vamos para pista de dança, essa música é ótima! — Eu falei, segurando na mão dela e lhe arrastando. 

Ficamos dançando tanto que meus pés começaram a doer. Meu cabelo grudava no rosto e fiquei com muita sede, mas não confiava naquele barman para pedir outra bebida.

Vi um rapaz chegando perto de Yun e falar alguma coisa no ouvido dela. Eu não sei como essa garota sobreviveu a tantas festas.

— O nome dele é Jae Hong e quer conversar comigo no bar. Devo ir? — Falou alto, por causa da música.

Olhei para ele de cima a baixo, franzindo meu rosto em desconfiança.

— Não aceite nenhuma bebida, ok? — Avisei, recebendo um aceno de confirmação.

Observei quando ele estendeu a mão para que ela se apoiasse por causa do salto e fosse para área do bar. Teria que ficar de olho nos dois.

Uma música do BTS começou a tocar e tive que filmar o momento.

Depois de um tempo, com os pés ainda mais doloridos, procurei Yun Hee com o olhar no bar e não a encontrei. O desespero começou a me atingir. Foram só alguns segundos.

Fui empurrando as pessoas que dançavam animadas e bêbadas. De repente, alguém segurou meu braço. Me virei furiosa e pronta para uma discussão.

— Jeong Ho? — Aquilo me pegou de surpresa. Só podia ser azar.

— Ji Woo, é você mesmo. — Meu ex sorriu, parecendo maravilhado.

Notei seu olhar descendo pelo meu vestido e encarando minhas pernas sem nenhuma vergonha. Isso com certeza era azar.

Tentei puxar meu braço, mas ele não largava. Olhei na direção do bar, procurando Yun Hee de novo. Onde minha amiga tinha ido parar?

— Acho melhor largar meu braço. — Tentei ser educada.

Ao contrário do que eu queria, ele me puxou pra mais perto.

— Não vai nem me dar um beijo? Tivemos tantos bons momentos juntos. — Ele riu, esticando a mão para passar na minha coxa.

Agarrei sua mão, afastando rápido. Ele não estaria apertando meu braço assim se soubesse do que sou capaz. Minha paciência havia se esgotado.

— Que bons momento? A única coisa que me lembro foram as joias falsificadas que me dava. — Faço questão de lembrar, sentindo meu sangue ferver.

— Era as que você merecia por ser uma namorada tão sem graça. — Rebateu, ofendido.

— Não foi isso que meu namorado me disse quando estávamos no sofá dele. — Continuo pisando no seu orgulho. 

Vejo uma expressão de surpresa que logo desaparece. Ele pensa que estou mentindo.

— O que foi? Não está acreditando que eu tenha recebido um anel da Pandora de três mil dólares? Ah, Jeong Ho, tudo bem. Eu entendo que você não tem dinheiro. — Retruquei, puxando meu braço de novo.

— Vamos dar um fim nisso, sei que ainda não me superou. Kwan Eun me disse que perguntou sobre mim. — Me contou, tentando me distrair. Aquela cobra mentirosa.

— Não quero saber de nenhum de vocês dois. Não fizeram questão de ir nem mesmo no enterro do meu pai. — Apontei um dedo para o rosto dele. 

As pessoas em volta foram começando a perceber a intensidade da discussão.

— Não seja ridícula, todo mundo sabia que aquele velho iria morrer. Quando ficou tão rancorosa assim, Woo? — Cometeu o erro de falar do meu pai e soltar meu braço.

Em um segundo, fechei meu punho e lhe dei um golpe forte na têmpora. Aproveitei a chance que havia ganhado e dei também uma rasteira, fazendo com que ele caísse no chão de vez.

— Seu miserável! — Chutei seu estômago com meu coturno. Ele arquejava de dor.

— Meu Deus, Ji Woo! O que está fazendo? — Ouvi a voz de Yun Hee.

Ela surgiu em minha frente, me afastando do meu ex-namorado. Não me importei, desviei e voltei a me aproximar dele.

— Sou faixa preta-vermelha no taekwondo, babaca. — Revelei baixinho, sorridente.

Começou a resmungar de dor antes de desmaiar. 

— Ele morreu? Aigoo, é o nosso fim! Seremos presas! — Yun começou a se desesperar.

Todos em volta começaram a pegar o celulares para filmar a situação. Levantei e cruzei meus braços, esperando que logo a equipe de segurança da boate fosse aparecer.

— Ninguém vai pra cadeia, fique calma. Foi legítima defesa. — Suspendi a manga do vestido e mostrei o machucado avermelhado e com a marca dos dedos.

— Isso está péssimo! Está doendo muito? — Cobriu a boca com a mão, ficando horrorizada.

Dei de ombros e neguei, olhando em volta, percebendo a equipe de segurança chegar.

— Senhorita, preciso que me siga. — Ordenou. Outros dois seguranças foram tentar levantar Jeong Ho do chão.

Comecei a dar risada. Yun me olhou como se eu tivesse ficado louca.

— Meu namorado vai amar saber disso. — Contei pra ela, que segurou minha mão e fomos seguindo o segurança de quase dois metros de altura.

— Exceto na parte do machucado! — Ela declarou, ficando ainda mais nervosa.

— Eu já falei pra não se preocupar. Quero mesmo explicações de onde você foi parar, desviei o olhar por um segundo e desapareceu. — Me lembrei do motivo que me fez sair da pista de dança.

Yun Hee ficou envergonhada e deu um sorriso de canto.

— Jae Hong recebeu uma ligação de emergência e teve que ir embora. Eu apenas o acompanhei até a saída da boate e voltei. Foi quando encontrei você dando uma rasteira naquele rapaz. — Me diz, as bochechas ficando vermelhas.

— Muito fofo de sua parte, agora nunca mais desapareça pra ir atrás de ninguém. E aquele rapaz é o meu ex-namorado. Ele me irritou e não consegui me controlar. — Expliquei de volta, apontando para Jeong que continuava sendo arrastado.

Ele demoraria uns dez minutos para voltar com a força que usei.

Finalmente fomos para o canto mais afastado da boate e não soltei a mão de Yun Hee por nenhum segundo, pois parecia que minha amiga iria desmaiar do tanto que tremia.

Com a música mais baixa, o segurança mandou que deixassem Jeong Ho numa poltrona até que ele despertasse. Agora todos os olhares estavam em mim.

O segurança me observou, certamente notando minha diferença de altura.

— Pode me explicar o que aconteceu, senhorita? Por que bateu no rapaz? — A voz dele era firme e irritada.

— Ele é meu ex-namorado, faz anos que não nos vemos. Estava saindo da pista de dança para procurar minha amiga e de repente ele me agarrou pelo braço. — Mostrei o machucado que havia ficado. — Começou a me dizer coisas ofensivas, tentou me beijar e me defendi.

— Com um golpe que o fez desmaiar, logo depois uma rasteira e um chute. — Ele não deixou passar despercebido.

— Essa foi a forma que me aprendi a defender. O que eu deveria fazer? Gritar pedindo socorro? — Falei entediada.

Ele novamente me encarou, como se esperasse mais alguma coisa.

— Eu não bebi uma única gota de álcool. Sei muito bem o que estou falando. — Declarei.

Horas depois, fui parar na delegacia. Pra minha sorte, a câmera da boate pegou exatamente o momento que Jeong agarrou meu braço. 

Eu sabia que muitas garotas não tinham a mesma sorte de justiça.

— Tem certeza que vai querer fazer a denúncia? — O delegado me perguntou.

Olhei para meu ex-namorado quase arrancando os cabelos do lado de fora da sala. 

Quando acordou e se deu conta do que estava acontecendo, tentou até me subornar com mil dólares, como se eu precisasse dessa migalha.

— Pode continuar com o processo, meu advogado vai resolver tudo. — Informei, pegando minha bolsa. Recebi um aceno e deixei minha assinatura. 

Assim que sai da sala, Yun Hee veio correndo me abraçar.

— Nós seremos presas, não é? Eu já pensei em tudo. Tem uma janela no banheiro que cabe nós duas. Vai levar até o estacionamento, então você pega seu carro e fugimos daqui. — Ela começou a falar sem parar.

— Yun, porque está dizendo que nós seremos presas se fui eu que me meti em confusão. — Dei risada, pegando na mão dela para que se acalmasse.

Yaa, unnie. Eu não te deixaria pra trás. Se fosse necessário, daria mais um soco no seu ex para que pudéssemos ficar na mesma cela. 

Naquele momento, envolvi minha amiga em um abraço firme e sincero. Ela deu um suspiro de alívio e pareceu relaxar.

— Obrigada, Yun. Mas não precisamos fazer nada disso. — Digo, me afastando e arrumando o cabelo dela que ficou todo bagunçado.

Pude ser liberada da delegacia e peguei meu celular, percebendo que tinha recebido cinco ligações de Jin e era quase duas da manhã.

Retornei a ligação, esperando que ele não tivesse ido na boate me procurar.

— Ji? Aish, você quase me matou do coração. Está tudo bem? — Me perguntou, totalmente agitado.

Hum, eu estou bem. Apenas acabei vindo parar na delegacia e ganhei machucado. — Contei a verdade. 

— O que?! — Ele exclamou, mais desesperado. 

— Escutou o que eu disse? Estou bem. Assim que chegar em casa, te conto tudo. — Tentei tranquiliza-lo.

— Quem machucou seu braço? — Ignorou minha tentativa.

— Meu ex-namorado. — Falei, dando um suspiro. Ele vai fazer mil perguntas.

— Devo matá-lo ou você mesma já fez isso? — Perguntou de novo. Isso me fez sorrir.

— Dei um golpe, uma rasteira e um chute, então ele desmaiou. — Digo orgulhosa, caminhando com Yun Hee até o carro.

E então, escuto uma gargalhada de Jin. Isso me faz rir também. 

Minha amiga entra no carro me olhando estranho. Provavelmente pensando que somos um casal de doidos. 

E não nego que temos nossas peculiaridades em comum.

— Me prometa que vai cuidar desse machucado e não se meter mais em confusão. Eu adoro ouvir suas histórias assustando babacas, mas a próxima festa que você for, estarei lá impedindo que qualquer um se aproxime. — Ele declara.

Ye. Prometo. Agora preciso desligar, daqui a pouco chego em casa e te conto tudo em detalhes. — Falei, indo ligar o carro. 

— Mais uma coisa. — Chamou minha atenção, me fazendo parar. — Eu não me importo com quem você se envolveu antes de mim, Ji. Isso é seu passado, eu sou seu futuro.

Não tive tempo de dizer mais nada, ele apenas desligou.

— Caramba, nunca te vi sorrir tanto. Você sabe dar risada também? — Yun Hee não perderia a chance de me provocar. Dei língua pra ela.

Enviei uma mensagem pra Jin antes de ligar o carro.

"Também não me importo com as garotas que você já se envolveu. Elas podem ter sido as primeiras, mas sou a última."

Em menos de cinco segundos ele respondeu.

"Ainda bem que sabe disso, princesa."

— Pare de sorrir tanto, é estranho demais. — Yun reclamou de novo, tampando o rosto.

Acelerei o meu carro e levei ela pra casa, sentindo meu coração mais leve.

Não importava realmente o meu passado. Eu agora tinha uma amiga fiel, um namorado especial e minha família ao meu lado. Era tudo que precisava para continuar sorrindo.

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