25
Quando você me olhou
você me prendeu
Um cara normal como eu
não é do seu nível
Então, eu usei uma máscara
para me disfarçar de amigo
Escondi meus verdadeiros sentimentos
quando estava ao seu lado
Continuarei a te observar
Me escondendo por trás
das sílabas da palavra amigo
Você é linda
Não ficamos bem juntos?
Eu sempre imagino isso
Você ficando comigo
Continuamos trocando
mensagens de texto
durante toda a noite
Meus sentimentos por você ficaram
melhores do que nunca
Mas eu não consigo prever
como você se sente sobre mim
Beautiful - BTS
☀️
Hye Ji Woo
Nunca iria imaginar que a semana passaria tão rápido.
Eu tinha meus pacientes fixos e horários marcados, mesmo com alguns contratempos. De alguma forma, o diretor do hospital achou por bem me adicionar na ala de emergência.
Segundo ele, era apenas um teste que ajudaria meu currículo. E então, fazia dois dias seguidos que eu não voltava pra casa.
Passei duas noites no hospital e não havia ninguém pra trocar meu turno. Meu tio ficou enviando o meu almoço e o jantar, caso contrário, beberia café sem parar.
Quando contei pra minha mãe, ela ficou dez minutos amaldiçoando todas as gerações do diretor do hospital e me mandou uma mala cheia de roupas novas pra usar.
E finalmente — depois de quarenta e oito horas vivendo de cochilos — estava voltando para minha casa.
Assim que passei pelas portas do meu apartamento, me joguei no sofá e abracei minhas almofadas.
— Preciso almoçar. — Resmunguei pra ninguém em específico. A troca de turno foi feita exatamente no horário de almoço.
Me sentindo culpada pela dívida enorme que eu fiz no restaurante sem pagar nenhuma das refeições, avisei ao meu tio que não precisava enviar mais comida.
Mesmo sendo o restaurante da minha família, cada valor era necessário pra que pudesse crescer mais no futuro. E agora, como consequência, teria que me virar sozinha.
Meu celular começou a tocar na bolsa que joguei no chão. Podia ser minha colega de trabalho perguntando se cheguei em segurança.
— Já estou em casa, não se preocupe. — Falei no automático.
— Isso é ótimo, pode me mandar o endereço? — Foi Jin que respondeu.
Levantei do sofá em um pulo e olhei o nome dele estampado na tela do aparelho.
— O endereço da minha casa? Assim de repente? — Questionei.
Nesses dois dias de trabalho incessante, as únicas mensagens que trocamos foram "bom dia" e "boa noite".
— É meu horário livre de almoço e não aguento mais ficar nessa empresa. Você acabou de dizer que foi liberada do turno e está em casa. — Explicou. Nesse momento nos tornamos a salvação um do outro.
— Você vai ter que cozinhar pra mim, eu não fiz comida nenhuma. — Respondi, começando a pegar as roupas espalhadas pela casa junto com os sapatos.
Tudo isso com o celular pendurado na orelha.
— Tanto faz, Ji Woo. Apenas mande logo o seu endereço. — Insistiu. — Não está sentindo minha falta?
Dei um sorriso imaginando o biquinho que devia estar fazendo.
— Sim, claro que senti sua falta, mas você não quer desligar a chamada. Não tem como enviar a localização assim. — Provoquei, correndo pra lavar a enorme louça.
— Mande o endereço assim que eu desligar. — Nem tive tempo de falar mais nada, apenas escutei o som da chamada sendo finalizada.
Mandei meu endereço pra ele, que enviou um coração. Fiquei imaginando Jin correndo até o estacionamento da empresa e fugindo novamente daquele lugar.
Seu show iria ser em duas semanas e nenhum de nós dois falamos sobre o assunto.
Não sei a resposta que daria caso ele me convidasse. Isso parece um grande passo arriscado no relacionamento, além de eu nunca ter conhecido os outros membros.
Em menos de trinta minutos, o porteiro do meu prédio informou um visitante. Liberei a entrada e confiei que ele cuidaria de não ser visto entrando no meu apartamento.
Nesses trinta minutos, deixei a louça limpa, a casa arrumada e perfumada, tomei um banho e coloquei um conjunto de moletom preto com coelhinhos que tinha comprado.
Quando escutei a batida na porta, meu coração acelerou ainda mais. Ajeitei minha franja e contei até três, abrindo a porta de uma vez.
— Princesa. — Ele chamou. Um sorriso surgiu eu meu rosto sem que pudesse controlar.
Jin deu um passo e me abraçou, envolvendo seus braços meus ombros. Lhe segurei pela cintura, encostando meu rosto em seu peito, ouvindo suas batidas aceleradas.
— Tem certeza que não vai ganhar nenhuma reclamação por ter vindo? — Perguntei quando encerramos o abraço. Notei dois seguranças no fim do corredor.
— Esqueça o que eu te disse, aquilo não foi uma reclamação. Está tudo bem, ok? — Não quis me preocupar.
Acenei e deixei que ele entrasse, fechando a porta depois. Notei que me observava.
— Eu gostei desse pijama. — Jin me disse, seus olhos focaram nos meus de novo. — Você está linda.
Coloquei uma mecha branca do cabelo atrás da orelha, agradecendo baixinho.
— Porque não estou surpreso que todos os seus móveis são pretos? — Ele percebe, observando todo o ambiente. Moro aqui a tanto tempo que me acostumei com os detalhes.
— Eu te disse que preto é minha cor favorita. Agora me diga, sua casa é toda rosa igual a casa da Barbie? — Perguntei, observando quando riu da pergunta.
Ele termina de tirar aquele mesmo casaco branco e vermelho, pendurando no gancho. Agora percebo a camisa branca que usa junto com a calça jeans e tênis.
Gosto de seu estilo despojado e confortável. Nada muito exagerado.
— Não, a decoração do meu apartamento é branca e bege. Ao contrário da senhorita, eu uso rosa apenas em momentos especiais. — Contou, seguindo até minha enorme prateleira de canecas.
Olhou pra mim, apontando pra todas aquelas canecas e esperando uma explicação.
— Minha mãe viaja bastante, então sempre compra uma caneca de cada lugar que vai e me dá de recordação. Eu coleciono desde os meus vinte anos. — Pego minha caneca de morango favorita. — Essa foi a primeira que ganhei.
Ele tinha um sorriso enquanto me observava contar sobre minha coleção.
— Seus olhos estão brilhando. Você claramente ama ganhar presente. — Me contou se aproximando e ajeitando minha franja.
Por fim, Jin apontou para uma caneca com a bandeira da China estampada.
— Interessante.
— Eu te contei que sou chinesa-coreana? Meu avô saiu da China e veio morar na Coreia, conheceu minha avó em uma loja do Subway e se apaixonaram. — Revelei de uma vez.
O idol cruzou os braços, processando a informação nova.
— Como esquece de contar algo tão importante? E todos os membros da sua família por acaso tem uma história de amor única? — Brincou comigo, indo até a cozinha.
Ele estava mesmo explorando cada cômodo, abrindo a minha geladeira e verificando cada compartimento.
Não parecia nem um pouco incomodado com minha dupla nacionalidade.
— Não acha que está sendo curioso demais sobre minha geladeira? — Cruzei os braços, querendo saber se ele ia mesmo cozinhar pra mim ou não.
— Apenas verificando se está se alimentando direito. — Explica, tirando vários ingredientes e colocando na bancada. — Tem o suficiente pra fazer um kimbap. O que acha?
Não esperava que ele fosse levar a tão a sério meu pedido.
Jin começa a lavar as mãos e procura um avental para usar. Acha o avental que meu tio mandou fazer com meu nome escrito e o logotipo do restaurante.
— O que está esperando? Não vai me ajudar? Preciso de uma panela grande. — Pediu como um verdadeiro chefe de cozinha.
Lavei minhas mãos também e subi as mangas do moletom.
— Me diga, como foi sua semana? — Perguntou interessado, começando a cortar as verduras.
— Fiquei dois dias sem dormir. Antes de você chegar, eu planejei nem levantar do sofá. — Contei, me abaixando pra pegar a maior panela que tinha.
— Dois dias? Porque? Aish, eu disse pra não ficar bebendo muito café. — Ele começou a reclamar como o velhote que era.
Deixei a panela em sua frente, pegando outra faca para ajudar a cortar a cenoura.
— Não foi por causa do café. Eu te contei bem rápido que o diretor do hospital pediu uma mudança no meu setor. Só não contei que eu fui a escolhida e tive que ir pra ala emergencial. — Terminei de falar, colocando o restante das verduras na panela para cozinhar.
— Como ficou dois dias seguidos se tem a troca de turno? Não colocaram ninguém no seu lugar quando deu o horário? — Questionou indignado.
— Não. Também não me informaram quando vou voltar ao meu posto e para os meus pacientes. Talvez fique até o final do ano assim. — Soltei um suspiro cansado.
Ver todo aquele sangue e rostos desconhecidos tinha me abalado.
— Você não gosta da ala emergencial por causa do acidente com seu pai? — Jin percebeu na mesma hora. Balancei a cabeça em afirmação, fugindo daquelas memórias.
Me pegando de surpresa, ele esqueceu do nosso almoço e novamente me envolveu em um abraço, beijando minha testa por cima da franja.
— Você é muito forte, Ji. Se tiver que enfrentar isso, vai conseguir. Eu acredito. — Segurou meu rosto e atraiu meu olhar.
— Gomawo, Jinnie. — Agradeci, ficando na ponta dos pés e lhe dando um beijinho.
Ele piscou surpreso, sendo pego desprevenido.
— Se for pra agradecer assim, vou te elogiar todos os dias. — Disse, sem nenhuma vergonha dessa vez.
— Agora vamos terminar logo esse almoço, minha barriga está roncando. — Me afastei dele, jogando todas as verduras picadas na panela com água.
— Sempre acabando com o clima. — Murmurou. Eu era o terror dos momentos românticos.
Depois de alguns minutos, o kimbap estava pronto e sentamos no chão da sala pra comer enquanto Pousando no Amor começava mais um episódio.
— Eu não gosto desse Alberto. — Jin confessa, cerrando mais seus olhos.
Coloco um kimbap inteiro na boca pra evitar dar um spoiler.
— Verdade, ele é horrível mesmo. — Comentei com a boca cheia.
— Com esse cronograma de ensaios e o frio sinto que minha pele ficou mais ressecada que o normal. Tem alguma máscara de skin-care por aqui? — Ele pediu.
Afirmei, deixando meu prato em cima da mesa de centro e indo até meu quarto.
Guardava todas as máscaras de skin-care na minha gaveta de sutiãs. Escolhi duas e voltei pra sala, me sentando mais perto de Jin.
— Vai querer passar agora? — Perguntei. Ele acenou que sim e não tirou os olhos da televisão enquanto fui espalhando por todo seu rosto.
Peguei uma presilha e prendi seu cabelo quando passei a máscara facial na testa. Não podia deixar de tirar uma foto discreta desse momento único.
Jin, com um prato de kimbap na mão, com os olhos focados no dorama e o rosto esverdeado. Com certeza guardaria aquela recordação pra sempre.
— Termine seu almoço, vou passar a máscara em você também. — Ele diz, me entregando o meu prato. Nem vi quando terminou de comer sua refeição tão rápido.
Mesmo assistindo aquele episódio várias vezes, nunca deixava de me assustar quando o Capitão Ri pensa que a Seri ganhou um tiro enquanto eles conversam pelo celular.
Jin estava prendendo meu cabelo e passando a máscara em meu rosto.
— Ela morreu?! — Jin solta um grito, seus olhos ficando arregalados e tampando a boca.
— Se ela não morreu naquele furação, quem dirá com um tiro. — Brinquei.
— O episódio acaba assim? Isso é crueldade! Um crime! — Começou a protestar.
Fiquei rindo de sua revolta enquanto esperamos o tempo necessário da máscara secar. Em seguida, lavamos os rostos e enxugamos com as toalhas.
— Tem várias coisas que não te contei, preferi fazer isso pessoalmente. — Ele diz, pegando minha mão e parecendo sem graça.
— O que é?
— J-Hope descobriu sobre você. Ele já estava desconfiado há bastante tempo, dei um único deslize e acabei tendo que contar tudo. — Jin desvia o olhar.
— Ele gostou de mim? — Perguntei curiosa.
— Com certeza, ele quer muito te conhecer. — Sorriu um pouco.
— Então, qual o problema? — Fiquei sem entender.
— Eu quero contar pra todos meninos. Estou pensando em um jantar pra revelar tudo de uma única vez. — Declarou, voltando a me olhar e passando confiança.
Balancei a cabeça, entendendo o passo adiante que queria dar. A ideia de envolver nossas família fazia as coisas ficarem sérias.
Era quase como um namoro sem um pedido.
— Por mim tudo bem, pode contar. — Disse com calma. — Mas isso significa que devo contar pra meu tio e pra minha mãe? — Perguntei.
— Tudo bem se quiser, mas não queria que seu tio pense em mim como um aproveitador ou algo assim. — Pediu preocupado. Achei muito fofo sua preocupação, pois meu tio o adorava.
— Você quer ir comigo quando eu for contar então? — Ofereci um sorriso, mesmo com milhares de pensamentos diferentes por dentro.
— Mais um problema. Estou indo pra Busan amanhã. E depois do show, tenho projetos e um deles é na Argentina. — Me olhou atento, buscando minha reação.
Eu já esperava por aquilo. A vida dele era tão agitada quanto a minha.
— Não fique me olhando assim, isso não é surpresa pra mim. Eu estou ciente do seu trabalho. — Tentei tranquiliza-lo.
— Pode marcar o jantar com seu tio depois que eu voltar da Argentina? Eu realmente quero estar lá quando for contar. — Essa era sua maior preocupação. O meu tio.
— Certo, problema resolvido. Qual o próximo?
Jin me olhou parecendo ansioso, respirando fundo várias vezes.
— O que acha de assistir o show em Busan ao vivo? Separei um ingresso pra você. — Me contou de repente. E ali estava a chave da questão.
Apertei as mãos dele, encarando com firmeza.
— Qual sua intensão com tudo isso? Está mesmo querendo algo sério comigo, não é? — Perguntei o que me sufocava.
Ele parecia ter sido completamente pego de surpresa.
— Não quero que nenhum de nós se envolva com a família do outro sem ter a certeza do nosso relacionamento. Não posso ir até Busan, assistir seu show, conhecer seus irmãos, gostar desse modelo de vida sendo que pra você pode ser temporário. — Contei minha insegurança.
— Temporário? É isso que você acha? — Se ofendeu, me olhando magoado.
— Preciso que me diga.
— Vou fazer trinta anos, acredite, não quero uma relação temporária. Estou indo devagar por sua causa, com medo de que a minha vida te assuste. — Confessou sua insegurança também, agarrando minha mão com delicadeza.
— E eu estou cansada de despedidas. Estou cansada de pessoas temporárias em minha vida que só deixam feridas. Antes de tomar esse passo, precisamos pensar bem. — Minha voz ecoou pelo apartamento.
— O que quer dizer exatamente? — Insistiu.
— Que temos trabalhos cansativos e uma rotina movimentada. Ambos já tivemos relacionamentos que nos machucaram. Se queremos mesmo que esse relacionamento dê certo, vamos ter que nos esforçar muito. E pra isso, precisamos rever nossas prioridades.
Fiquei com medo que minha sinceridade o assustasse. Também tive meus pequenos romances no passado, e acredito que ele também, mas não queria isso dessa vez.
— Quer um tempo pra pensar sobre tudo isso, eu entendo. Você fica por horas no hospital, enquanto eu viajo por vários países. Acredito que compreensão terá que ser extremamente necessária, tanto pra mim quanto pra você. — Jin me avisa, mantendo o rosto tão sério.
— Obrigada por entender, Jinnie. — Lhe agradeço, mesmo que seja algo bobo.
Apenas senti seus braços me rodeando pela terceira vez nesse pouco tempo.
— Porque isso fez com que eu me apaixonasse ainda mais por você? — Acabou dizendo.
Deitei minha cabeça em seu ombro e não soube responder aquela pergunta. Eu também me apaixonei mais por ele hoje com seus abraços calorosos e sua compreensão.
— Não demora de voltar, ok? — Meu coração apertou, desejando que apenas dessa vez ele fosse o primeiro a me esperar, que fosse paciente comigo.
— Yaa, você é tão sortuda. Tem um homem como eu apaixonado por você. — Me fez rir, tranquilizando meus pensamentos. Ele gostava de mim sinceramente.
Pra minha infelicidade, o segurança bateu na porta informando que o horário de almoço havia terminado e Jin precisava voltar pra casa afim de arrumar as malas.
— Então, não vai mesmo ao show? — Ainda tentou me convencer uma última vez.
— Não, mas estarei te esperando bem aqui quando voltar.— Dei um beijo em sua bochecha. — E prometo que irei assistir pela live mesmo no trabalho.
— E eu prometo que te mando uma mensagem assim que chegar em Busan. — Ele disse, percebendo que esse tempo afastados iria servir pra algo bom.
— Faça alongamento todos os dias quando acordar e não pule refeições. — Guiei ele até a porta, entregando seu casaco.
Jin me olhou e eu soube imediatamente o que diria.
— Vou sentir sua falta, Ji. — Notei seus olhos encarando minha boca.
— Me beija logo. — Pedi sem paciência, segurando seus ombros.
Ele riu e me beijou, mesmo que aqueles poucos segundos nunca fossem ser suficientes. Esqueci de tudo a minha volta e me dediquei pra que ele lembrasse de mim nesses dias longe.
Arriscando minha sanidade, tomei um perigoso passo, lhe dando beijos no pescoço. Jin suspirou numa mistura de choque e satisfação.
— Nem ouse se esquecer de mim. — Sussurrei. Eu juro que não era uma pervertida.
— Não tem mais como fazer isso. — Confessou, voltando a me beijar intensamente.
Voltamos para realidade apenas quando o segurança bateu de novo na porta.
— Volto logo, princesa. — Me diz sem fôlego, abrindo um enorme sorriso e saindo do meu apartamento.
Me encosto no arco de madeira e observo enquanto ele vai se afastando.
— Até daqui a pouco, velhote! — Gritei quando o vi entrar no elevador com os seguranças.
Jin deu uma gargalhada e acenou. Gravei o seu sorriso até as portas de metal se fecharem.
Ele se encaixava tão bem na minha vida e no meu apartamento. No fundo, estou torcendo para que o futuro seja bondoso conosco.
☀️
nota da autora:
Jin e Ji Woo juntos são um incêndio, por essa ninguém esperava.
Não se preocupem, o futuro será bondoso com eles!
Contem os dias pra esse reencontro em breve!
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