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Estou tão curiosa
Sobre você, garoto
quero manter as aparências
Mas sei que toda vez que você se move
Me faz congelar, fico tão tímida, é óbvio

Sinto como se o cúpido estivesse vivo
Sim, esta noite
Se o seu coração
bate da mesma forma, me avise
Porque estou boom-boom-boom
Da cabeça aos pés

Eu conheço o amor
é uma coisa tão curiosa
Uma atração misteriosa
Preciso te conhecer melhor
Porque eu posso sentir
uma conexão real
Uma atração sobrenatural
Eu tenho os sentimentos por você
Você roubou o meu coração
Nunca o devolva

Porque você me prendeu de um jeito
e eu quero ser sua namorada
Se é idiota, bem
eu quero ser uma idiota
The Feels - TWICE

☀️
Hye Ji Woo

— Não acredito que andamos nove quilômetros só pra ver uma torre de pedras. — Digo resmungando. 

Tivemos essa brilhante — e péssima — ideia de explorar Jeju depois do café da manhã para aproveitar o único dia aqui.

O primeiro lugar tinha que ser logo as Cavernas de Manjang.

No começo, Jin estava empolgado, mas quando comecei a assustá-lo dizendo que tudo isso podia desmoronar, ele foi me arrastando até o fim do percurso.

— Era melhor a gente ter ido pescar. — Ele diz, entrando na fila para sair mais rápido daquele lugar. Continuei rindo.

— Acho que esse é o momento certo pra dizer que eu não sei pescar. — Me lembrei de confessar. Jin me encara surpreso. Não devia estar mesmo esperando por isso.

— Então, hoje você vai aprender. — Declarou, soltando meu braço e segurando minha mão.

Começo a dar risada de novo da sua pressa. Alguns minutos depois, estamos entrando no meu carro estacionado mais distante.

— Preparei o lugar perfeito pra te levar. — Jin passou na minha frente e abriu a porta do carona.

Meu coração se agitou com aquele simples gesto de cuidado que sempre fazia.

Por fim, se acomodou no banco do motorista e colocou o cinto de segurança.

— Coloque o cinto você também, temos uma estrada longa pela frente. — Sua animação me contagiou.

Depois de afivelar o cinto, liguei o som do carro e conectei na minha playlist.

Awake tocou no mesmo instante.

— Ah não. Essa não. — Fui tentar mudar a música.

— Você não gosta da minha música? — Jin se ofendeu.

— Eu amo essa música, esse é o problema. Não quero chorar de novo. — Apertei o botão, começando The Feels do TWICE. Respirei aliviada.

Percebi que o idol ao meu lado ficou muito quieto de repente e olhei pra ele.

Jin tinha um sorriso convencido gigante em seu rosto.

— Quer dizer que você chorou ouvindo Awake. — Comentou. Não pude acreditar quando ele piscou pra mim.

— Eu devia ter levado esse segredo pra o meu túmulo. — Murmurei, cobrindo o rosto.

Jin deu risada, adorando saber dessa informação. Sua eterna carta na manga.

— Estou compondo uma música nova. Quem sabe você chore com essa também. — Me contou, continuando suas provocações.

Estralei a língua, sabendo que ele usaria isso para o resto da minha vida.

— Já tem nome? É algum feat? Quando vai lançar? — Tive que perguntar curiosa.

— Não fique me tentando, sabe que não posso te contar tudo isso.

— Não vai me dizer mais nada? Apenas que está compondo? — Consegui fingir um olhar triste.

Jin me observou e calou por um instante, pensando enquanto dirigia.

— É uma música de homenagem para o army, mas você também está me inspirando bastante. Pronto, esse é o máximo que posso dizer.

— Não é como se eles fossem te demitir, mas obrigada pela informação. E sim, provavelmente vou chorar bastante, ainda mais sabendo que te inspirei. Suas músicas tem esse poder de me emocionar, exceto Super Tuna. — Falei, fazendo com que ele começasse a dar risada.

— Agradeço essas informações, pode deixar que farei mais músicas tristes pra você chorar. — Ainda brincou com aquilo. — Agora tenho uma pergunta. 

— Pode dizer.

— Me conte sobre seus pais, como eles se conheceram? 

Dei um pequeno sorriso por contar aquela história.

— Meus avós passaram a empresa da família pra minha mãe quando ela era muito nova, então desde jovem ela vivia trabalhando sem parar. Certo dia, minha mãe entrou em um restaurante qualquer para almoçar e ler o novo contrato que havia recebido. O garçom anotou o pedido dela e ele mesmo fez a comida. — Contei o começo da história.

Mesmo dirigindo Jin parecia completamente atento.

— A comida estava tão boa que aquele se tornou o restaurante favorito da minha mãe. E bem, como você deve imaginar, o garçom e o cozinheiro era o meu pai. E o restaurante naquela época ainda era do meu avô. Todos os dias minha mãe aparecia para almoçar e meu pai começou a colocar bilhetes românticos junto com os pratos. 

— Ji Woo, seu pai era um romântico nato! — Declarou surpreso. Concordei enquanto dava risada. — E conquistou sua mãe pela barriga. Me lembra uma história bem parecida.

Encarei seus olhos castanhos e dei uma piscadinha, sorrindo como se guardasse um segredo sujo.

Aigoo, sua espertinha. Você imitou seu pai e está me conquistando pela barriga também. — Ele cerrou os olhos ainda mais, me fazendo dar uma gargalhada pela forma engraçada que falou.

— Ah não, descobriu o segredo da família. — Brinquei com aquilo. Foi quando percebi. — E como assim estou te conquistando?

Jin deu de ombros, como se indicasse algo óbvio.

— Não está? Pra mim, quanto mais te conheço, mais linda você fica. — Declarou confiante.

Minha risada sumiu e coloquei a mão no peito, sentindo meu coração palpitar. Todas as palavras desapareceram.

O carro parou e desviei o olhar para a vista da janela. Um porto lotado com milhares de barcos para pesca.

— Vem, vamos continuar a conversa no barco. — Saiu do carro e veio abrir a porta pra mim, segurando minha mão para me guiar até uma pequena casa de madeira.

— Não vai colocar sua máscara? — Perguntei preocupada.

Jin balançou a cabeça em negação e entrou no estabelecimento chamado de Jabseuho.

Annyeonghaseyo! — Acenou o homem mais velho que estava atrás do balcão.

Os olhos do homem idoso brilharam de alegria assim que o viu.

— Kim Seok Jin! — Ele limpou as mãos na roupa e veio cumprimentar empolgado. 

Era um pouco estranho ouvir as pessoas o chamando pelo nome completo enquanto eu tinha lhe dado até um apelido. Ainda assim, fiquei feliz em vê-lo com algum conhecido.

— Deixei seu barco limpo e pronto para usar. — O homem disse primeiro, me deixando surpresa.

Jin pegou a chave para ligar o barco e as varas de pesca. Ajudei a segurar aquela maleta cheia de iscas.

— Obrigado, ajosshi. — O idol disse educado. Também acenei em despedida.

— Aproveitem! — Ouvimos o mais velho falar.

Jin voltou a colocar sua máscara assim que saímos da loja.

— Não tem medo que ele diga algo e descubram que você está aqui? — Fiquei preocupada.

— O ajosshi Goo nem tem celular. Ele nem sabe que sou famoso. 

— E você tinha mesmo programado tudo isso. — Percebi. Eu raramente era pega de surpresa.

— Eu devia ter perguntado antes se você sabia pescar, mas sim, aluguei um barco. — Me disse, apontando para uma parte do porto.

Fomos chegando perto e consegui ver o motivo de sua ansiedade para sair daquela caverna.

— Não acredito. —  Sussurrei, abraçando a caixa que segurava. 

Havia um grande barco de pesca branco ancorado no porto, com LEDs cor de âmbar ao redor. Estavam apagadas, pois ainda era de tarde.

Me lembrei do meu pai no mesmo instante. Das suas palavras naquele nosso último passeio no parque. De que ações e palavras de amor valem muito mais do que um presente caro.

Jin podia ter me dado um presente caro. Faria todo sentido. Mas aqui estava ele, me trazendo até Jeju, numa praia vazia, alugando um barco antigo, colocando luzes e decidido que eu aprendesse a pescar.

— Você está muito calada. — Ele comentou, notando meu silêncio. Jin coçou o pescoço, o seu rosto ficando levemente avermelhado.

Meus olhos estavam se enchendo de lágrimas e tentei evitar. Antes dele, eu não chorava com tanta facilidade. Continuei sem dizer nada, apenas admirando a sua dedicação.

— Quando anoitecer, podemos ligar as luzes. Temos a nossa comida no carro e a caixinha de som. Você contou a história dos seus pais e eu posso contar a dos meus. Ou podemos voltar e... — Dessa vez foi ele que começou a falar sem parar.

Deixei a caixa de iscas na areia e me virei para olhar em seu rosto, tocando em seu ombro.

— Essa é a coisa mais linda e especial que um rapaz já fez por mim em todos os meus vinte e seis anos. Eu amei, Jin. Muito obrigada. — Enxuguei os olhos, tentando dar um sorriso bonito.

Ele assimilou aquelas palavras e enterrou as varas de pesca na areia, depois tirou a máscara. Eu conseguia ver seus olhos naturalmente inchados brilhando.

— Ji Woo, posso te beijar? — Confessou, me abalando.

Aquela praia estava vazia, apenas o som das ondas era o que nos cercava.

— Eu também quero fazer isso já tem algum tempo. — Me aproximei e coloquei meus braços em volta dos seus ombros, sentindo ainda mais o cheiro do perfume dele.

— Sei que conversamos sobre sermos apenas amigos, mas tem algo entre nós que não dá pra ignorar. — Suas mãos encostaram na minha cintura devagar, resistindo.

— O que é? — Digo, chegando tão perto que nossos narizes se encostam.

— Não faço ideia. Tenho que descobrir. — Seu comentário me fez rir.

Um sorriso aliviado surgiu em seus lábios grossos, fazendo com que meu coração batesse ainda mais rápido.

Fiquei na ponta dos pés e o beijei.

Desejei que aquele instante durasse por anos. Como um molde perfeito, nos encaixamos. Senti seus braços me cercando e se aproximou mais.

Conseguia ouvir as gaivotas distantes e sentir o cheiro suave daquele perfume — que com certeza se tornou o meu favorito.

O ar acabou e tivemos que nos afastar, mas assim que abri os olhos a primeira coisa que vi foi um sorriso envergonhado.

— Posso te beijar de novo? — Perguntou, tão atencioso.

— Pode! — Respondi, segurando o rosto dele.

Ele deu risada da minha animação.

— Amigos se beijam de vez em quando, certo? — Deixou o questionamento quando se aproximou da minha boca.

Eu não tinha mais tanta certeza se queria ser apenas amiga dele depois desses beijos.

Depois ele tirou as varas de pesca da areia e peguei a caixa de iscas. Tivemos que voltar no carro para buscar as nossas comidas e a pequena caixa de som.

Observei assim que Jin arrancou a corda do porto, ligou o motor do barco e nos levou pra longe.

As horas seguintes foram um desafio. Não beija-lo o tempo todo e não cair na água gelada enquanto lutava para pescar um único peixe. O primeiro foi o mais difícil.

Cada vez que nossas mãos se encostavam, nossos olhares se encontravam e que um de nós sorria, parecia o momento certo para dar mais um beijo.

Me encolhi envergonhada quando ele me pegou no flagra o admirando pescar.

— Ji, sei que sou lindo, mas não precisa se sentir tímida. — Falou, me fazendo desviar o olhar para vista do mar.

— Não estou tímida. — Deixei claro, mesmo que fosse mentira.

Ouvi Jin dar risada, sem parecer acreditar em nada disso. 

Depois que almoçamos japchae — um espaguete com carne e vegetais — juntos no barco, eu me acomodei ao lado dele para observar a vista do céu escurecendo, até senti sua mão se entrelaçando na minha.

Observei daquela cena e gostei da sensação aquecida que me trazia.

— Como seus pais se conheceram? Ah, eu vi também que você tem um sobrinho. — Fiz questão de lembrar.

Ele em nenhum segundo se incomodou.

Jin começou a me contar a história engraçada como seus pais se conheceram e de como seu sobrinho é a criança mais linda que existe.

— Eu queria que o nome dele fosse Butter, mas meu irmão não quis. — Fingiu um suspiro triste. Comecei a rir muito.

— Imagina o bullying que esse garoto iria sofrer! — Cobri minha boca com a mão, tentando abafar minha risada.

— Claro que não, o garoto é lindo. — Ele chegou perto do meu rosto. — Confesso, é muito mais lindo que eu.

— Será que devo esperar que ele cresça então? — Brinquei.

Yaa, retire o que disse. — Ele protestou, me dando cócegas.

Tentei lhe empurrar, mas minha barriga começou a doer de tanto dar risada.

— Você é uma boba, Ji. — Finalmente parou, me dando trégua. Fiquei longos segundos recuperando o fôlego.

— E você é um velhote. — Dei língua.

Senti meu coração acelerar de novo quando ele segurou meu rosto e me beijou mais uma vez.

Enrolei meus braços ao redor do pescoço dele, o trazendo pra mais perto de mim. Aquelas borboletas flutuavam em minha barriga.

Assim que o nosso beijo se encerrou, consegui perceber a letra e a melodia contagiante tocando na caixa de som.

Mover-se sob a luz da Lua, dançar no escuro
Eu sei que chamei sua atenção
Nós estamos no mesmo ritmo?
Eu me pergunto o que está na sua mente
Você chamou a minha atenção
Então, qual é a sua intenção?
Sim, me diga, amor, qual é o problema?
Os meus olhos revelam
Que você me causa sentimentos

Comecei a rir, sentindo dessa vez meu rosto ficar vermelho ao lembrar do motivo de ter adicionado essa música em minha playlist. 

Qualquer pessoa de Seul começa a ouvir TWICE quando sente que vai se apaixonar.

A noite havia chegado e Jin acendeu as luzes do barco, ficamos ali conversando e trocando beijos.

Antes de ir embora, tiramos uma foto com a sua câmera velha. Ficamos sem nenhum peixe, mas isso nem importava. 

De mãos dadas voltamos para o carro.

Era o fim da nossa viagem, mas o começo de algo.

☀️

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