19

Eu não consigo expressar
em palavras
Mas garota, você tem que saber
que você tem essa vibração
O seu sorriso é como obra de arte
Acorda minha alma
Você me faz sentir tão bem
É uma vibração

Você é como uma cidade
e eu sou como o horizonte
Dentro do meu filme
você é o ponto alto
O crepúsculo ao fim
de uma noite escura
Só fica melhor
Você tem um charme
em que eu sempre quis me imergir

Antes de te conhecer
o meu mundo era como um palco escuro

Eu sou como um palco
e agora você é meu holofote
Você é como o Rio Han
e eu sou Namsan
Não pode ser mais perfeito que isso
VIBE - Taeyang ft. Jimin

🌑
Kim Seok Jin

Depois de um longo tempo conversando enquanto estou dirigindo, olho no relógio do carro.

— Duas horas de viagem, não tem mais tempo de voltar. — Eu aviso pra ela, que está no banco do passageiro.

Ji Woo me observa sorridente e vejo em seus olhos que não pretende mudar de ideia.

— Essas já são as melhores duas horas da minha vida. — Declarou decidida.

— Ótimo, porque você tem duas opções. — Falei, parando no sinal vermelho. E aproveitando para admirá-la mais um pouco.

Esse vestido rosa é um crime. O colar com metade de uma asa de anjo exposto no pescoço. O cabelo preto preso com mechas brancas de cada lado.

— Quais são? Fiquei curiosa. — Me pergunta, mexendo em sua franja para tirar de frente do rosto.

Sua boca com batom rosa bem claro. Seus olhos agora sem o delineado parecem mais acolhedores.

Quero tocar em sua bochecha e comprovar se sua pele é mesmo tão macia como parece agora.

— Temos mais duas horas seguintes pra falar da sua família ou do que aconteceu naquele casamento. Você decide por qual dos dois quer começar. — Não lhe dei outra opção.

O sinal abre e volto a acelerar o carro, seguindo a rota no GPS.

— As duas histórias são longas. — Ouço-a explicando. Depois um suspiro derrotado. — Pra contar primeiro o que aconteceu no casamento, preciso explicar sobre minha família. 

— A única coisa que eu sei é que seu tio é dono do restaurante que estou patrocinando e que esse colar em seu pescoço era do seu pai. — Confessei de uma só vez.

Pelo canto do olho vi Ji Woo tocando naquele mesmo colar. Parecia que ela sempre esquecia da peça.

— Isso é um começo. Mas o início da história foi quando eu me formei. Meu pai me levou ao Parque Namsam e me deu esse colar. — Ela revelou, sua voz ficando mais baixa.

Apenas a música tocava e via os carros passando por nós na estrada. O céu noturno de Seul durante aquela madrugada, quase três da manhã.

— Aquela foi a última vez que saímos juntos. Ele me deixou em casa e teve que sair de novo para ir resolver um problema no restaurante. Durante o trajeto, sofreu um acidente de carro e faleceu. Isso foi há três anos.

Imediatamente me sinto horrível por tê-la forçado a se lembrar disso.

Entretanto, quando olho rápido para essa garota, vejo um pequeno sorriso em seu rosto. Consegue ser um sorriso aflito e recheado de memórias.

— É claro que a perda dele dói até hoje. Ainda assim, guardei cada conselho e posso dizer que sempre ele se foi sendo um pai, um marido e um irmão feliz. Muitos não tem essa chance. — Senti meu coração se apertando com essas palavras.

— Sinto muito, Ji. Não queria deixar o clima tão pesado. — Digo, apertando com firmeza o volante do carro dela.

— Não deixou, caladinho. Me sinto confortável de falar disso com você. — Ela confessa tranquila, colocando a mão em meu braço e dando carinho de leve.

Fico aliviado, mas continuo atento.

— Continuando. Depois que consegui ter forças pra sair de casa, a primeira coisa que fiz foi ir terminar com meu namorado da época. — Disse, me surpreendendo como sempre. — Ele não tinha ido ao enterro e nem foi me visitar durante o tempo de luto.

— Que infeliz. Me diga que deu um soco nele assim como fez com o babaca do Hyun. — Quase não pude acreditar.

Como alguém podia ser tão insensível assim com outra pessoa que devia amar e cuidar?

— Eu apenas terminei o namoro, joguei todas as jóias que ele me deu no chão e fui embora. Não quis ficar para conseguir mais confusão, fui para seguir o conselho do meu pai.

— Só isso já prova o quanto seu pai devia ter sido um homem incrível, Ji. Você teve sorte. — Dei um sorriso de conforto pra ela, tentando consolar.

Ela sorriu de volta. Sua mão foi para meu ombro. O polegar mexendo no ponto perto do meu pescoço e causando arrepios.

— E sua família? Como lidou com isso? — Questionei, tentando ao máximo tomar cuidado na estrada e não na mão quente dela.

— Meu tio ficou muito abalado. Os dois eram muito próximos por causa do restaurante. E minha mãe lidou com a dor do jeito dela, se afogando em trabalho. Hoje estamos bem, cada um conseguiu superar.

Afirmei, não conseguindo mais processar nenhuma pergunta enquanto continuasse me tocando assim.

— Percebo que fui bastante afetada na época. Me afastei de todos os meus amigos e desapareci das redes sociais. Não falava com ninguém além da minha família. Minha única válvula de escape foi o taekwondo. — Prosseguiu contando.

Por fim, tirou sua mão do meu ombro e se acomodou no banco do próprio carro, observando a janela.

Soltei um suspiro disfarçado. Tinha um grande risco de acidente caso a mão dela continuasse ali.

— Mas você chegou até aqui. Isso significa que foi forte e corajosa. — Mais um sinal vermelho. Parei o carro e lhe observei de novo. — Qual a ligação de tudo isso com o casamento?

Ji Woo começou a mexer no colar, dando um sorriso triste. Vi seus olhos se encherem de lágrimas.

— Reencontrei essa amiga da época da faculdade e ela me convidou para o casamento dela, me perdoou por eu ter me afastado depois da morte do meu pai. — Deu início, ainda sem me olhar. — E te falei que ela queria me juntar com o Hyun, falando que fazíamos um casal muito bonito.

Novamente, senti profunda irritação ao ouvir aquilo. Talvez nunca fosse passar aquele pensamento tão envolvido nela.

— Chegando o dia do casamento, eu peguei o buquê quando minha amiga jogou. Fiquei tão feliz. Fui agradecê-la, mas ela agiu estranho.

Franzi meu rosto, sem entender o final dessa história.

Tive que acelerar o carro e parar de encarar seu rosto entristecido.

— Continue, Ji. Estou ouvindo. — Disse para mostrar meu apoio. Pensei em várias formas de reagir caso ela começasse a chorar.

— Algumas horas depois, quando eu estava na pista de dança com as outras madrinhas, o noivo veio me chamar para que eu o ajudasse a procurar por Kwan Eun. Ela tinha desaparecido no meio da festa.

Tudo foi tomando forma. Uma lágrima solitária escorreu do rosto dela quando olhei, mas foi enxugada rápido.

— Fui procurar por minha amiga em todo o espaço, até chegar em um banheiro mais afastado. Escutei do lado de fora ela falando com o Hyun sobre como o plano tinha dado errado. — Tive que ouvi-la fungar e enxugar mais uma vez o rosto que ficava molhado.

— Do que está falando, Ji? Que plano foi esse? — As peças não se encaixavam.

— Kwan Eun estava traindo o noivo dela com o Hyun. Por isso ela queria tanto que eu ficasse com ele, para não criar suspeitas e mantê-lo sempre por perto mesmo depois de casada. — Contou de uma vez, como imaginei que faria.

Por pouco não freei o carro de tão chocado que fiquei. Não soube dizer nada por alguns segundos.

Estendi minha mão e segurei a dela, entrelaçando nossos dedos.

— Eu sinto tanto, Ji. Nenhum dos dois te merecia. Você não é algo pra ser usado e jogado fora. É a mulher mais linda, inteligente e esforçada que já pude conhecer. — Queria tanto parar aquele carro e lhe dar um abraço.

Foi isso que fiz. Estacionei o carro no acostamento e tirei nossos cintos.

Me estiquei no banco e envolvi meus braços ao redor dela, que de repente soluçou alto e as lágrimas não pararam mais de cair, molhando minha blusa.

Não era um choro qualquer. Parecia que estava guardado a muito tempo.

E saber que ela foi tão forte ao ponto de guardar seu choro e continuar sorrindo só me fez querer cuidar dela ainda mais.

Apertei mais forte, puxando seu corpo pra mais perto do meu e dando um beijo de leve na sua testa, coberta pela franja.

Mian'e. Não era pra ser assim. Sua blusa está toda molhada de lágrimas. — Falou entre os soluços.

— Eu não importo com isso. Pode chorar o quanto quiser. — Reclamei, alisando seu cabelo com delicadeza e deitando a cabeça dela no meu ombro.

Ji Woo ficou assim até que sua respiração se acalmasse e as lágrimas cessarem.

— Está mais calma? Quer beber ou comer alguma coisa? — Questionei.

Ela se afastou de mim com uma expressão relaxada, limpou o rosto e balançou a cabeça afirmando. Me estiquei para o banco de trás e puxei a bolsa que havia colocado ali.

Entreguei pra Ji Woo um pacote cheio de taiyaki recheado e café com leite. Já tinha percebido que aquele era o lanche favorito dela.

— Muito obrigada, velhote. — Murmurou, dando um gole no copo térmico de café.

— De nada, princesa. Aproveite, fui eu que fiz. — Provoquei, tentando aliviar.

Ela riu um pouco e mordeu o taiyaki, me olhando surpresa por estar tão bom.

Colocamos de novo o cinto de segurança e liguei o carro, voltando a dirigir.

— Eu acabei não perguntando qual a programação que faremos quando chegamos em Jeju. — Ji Woo tocou no assunto, com a boca cheia.

Aquilo aqueceu meu peito. Eu adorava quando aproveitavam minha comida.

— Pensei em algumas coisas. Ver o nascer do sol, piquenique na praia, tirar algumas fotos. Tem mais alguma ideia? — Expliquei, chegando numa parte mais vazia de Seul.

Estávamos cruzando a fronteira da cidade e faltava mais duas horas.

Pra minha sorte, eu havia tomado dois copos de café para dirigir o máximo de tempo possível.

— Nós podemos assistir meu dorama favorito. — Ji Woo deu a ideia, voltando a ficar mais animada.

Eu sorri, gostando de vê-la bem de novo.

— Qual seu dorama favorito? — Perguntei curioso.

— O mesmo da metade do país. Pousando no Amor, é claro. — Brincou.

Tive que concordar. Metade do país adorava aquele dorama.

— Tudo bem. Vamos fazer isso. — Não podia negar aquela oportunidade.

Ji Woo pegou seu celular e colocou no suporte, dando play no primeiro episódio.

Olhei pra ela por um segundo. Tinha planejado aquilo antes de perguntar.

E eu ia mesmo assistir dorama apenas para colocar um sorriso de novo no rosto dela.

Aquele sorriso que faz com que seus olhos ficassem ainda mais franzidos e aquelas lindas covinhas surgirem. Não tinha mais como negar.

Eu estava me apaixonando por aquela mulher doce e de coração machucado.

🌑

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