3: Na Rota de Fuga

Acordando por volta das dez da manhã, Wang Yibo fez sua higiene pessoal e desceu para a cozinha para preparar um café. Ele planejava aproveitar aquela manhã de sábado para colocar em dia algumas atividades atrasadas da faculdade, para que pudesse ficar livre na parte da tarde.

Enquanto ia para a sala, mordendo sua torrada, ele avistou pela janela a casa em frente e percebeu que Xiao Zhan não havia aparecido ainda. Ficou surpreso com isso, ainda mais quando não o viu em frente à casa molhando a grama, como de costume, descalço e perdido em alguma música em seu fone.

Algumas horas depois...

Yibo finalmente fechou o livro, terminando tudo que deixou acumulado durante a semana. Ele espreguiçou os braços e bocejou, sentindo-se aliviado por ter completado suas atividades atrasadas.

Ao olhar para o relógio na parede, percebeu que já eram quase seis da tarde. Isso o deixou com uma pulga atrás da orelha. Por que ainda não havia nenhuma notícia de Zhan? Ele havia deixado claro que queria os supressores e agora parecia que Xiao Zhan havia desaparecido.

Wang Yibo não poderia invadir a casa de Zhan, pois isso poderia causar problemas para ele. No entanto, havia uma maneira de se livrar de Mêncio Yin por pelo menos algumas horas. Ele digitou rapidamente em seu celular e levou-o ao ouvido.

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Quando a campainha tocou, Xiao Zhan abriu os olhos e as lágrimas escorreram pelo seu rosto. Mêncio Yin ofegou irritado, estava pronto para marcar Zhan e torná-lo só seu.

O Alfa vestiu um roupão, escondendo sua ereção."Volto logo para terminar o que comecei", disse, saindo do quarto.

Xiao Zhan tentou puxar os pulsos presos na cabeceira da cama, mas foi em vão. Gritos abafados começaram a sair de sua boca, e seu corpo semi nu se mexeu desesperadamente na cama. Ele queria que alguém pudesse ouvir seus apelos por socorro.

Quando abriu a porta, Yin se deparou com dois policiais. O policial mais velho e careca explicou que havia recebido uma denúncia sobre gritos vindos da casa.

Ele tentou ser sincero e explicou que não havia ocorrido nenhum grito, mas na realidade, ele tinha coberto a boca de Zhan para encobrir o que estava prestes a fazer.

No entanto, o outro policial, de cabelos loiros, ainda parecia desconfiado. "Bom, senhor Mêncio, mesmo assim precisamos conferir. O outro rapaz que mora aqui está presente no momento?" Perguntou o policial.

Mêncio Yin respondeu que o outro morador da casa estava dormindo, mas o policial insistiu em conferir de qualquer maneira. O policial careca entrou na casa, seguido pelo outro, enquanto Yin tentava pensar em uma maneira de escapar da situação.

Ele sugeriu chamar o outro morador da casa e o policial concordou imediatamente. Yin subiu as escadas em um ritmo acelerado.

"Inferno", exclamou o alfa ao entrar no quarto, pisando forte.

Xiao Zhan estranhou quando Yin foi em busca de outro roupão.

Mêncio Yin ordenou: "Vista isso, diga que estava dormindo e suba. Se tentar qualquer coisa, não espere que eu tenha pena".

Ele desamarrou os braços e pernas de Zhan.

O ômega gritou por socorro assim que a fita foi retirada de sua boca. Sem hesitação, Mêncio Yin o bateu no rosto, jogando-o no chão e prestes a desferir outro soco. Mas, neste momento, os policiais invadiram o quarto e apontaram suas armas para ele.

"Largue o garoto e levante com as mãos acima da cabeça, ou vamos atirar!", ordenou um dos policiais.

Mêncio Yin levantou e obedeceu às ordens dos policiais, que o prenderam imediatamente. "Você vai me pagar por isso, Zhan!", gritou ele enquanto era levado pelo policial.

O loiro, então, aproximou-se de Xiao Zhan e o ergueu cuidadosamente. "O senhor está bem?" perguntou, preocupado.

Zhan confirmou com a cabeça, limpando as lágrimas e sentindo sua bochecha latejar por conta do soco que tinha levado.

Depois de contar aos policiais tudo o que havia acontecido, eles saíram levando Mêncio Yin sob custódia.

Xiao Zhan foi para o seu quarto, e rapidamente vestiu uma roupa qualquer. Em seguida, abriu uma mala em cima da cama e começou a organizar algumas coisas. Ele sabia que tinha que fugir dali imediatamente, pois Yin não ficaria preso por muito tempo.

Entretanto, em meio à correria para sair daquela casa, o ômega não percebeu quando Wang Yibo entrou em seu quarto e o chamou algumas vezes.

Sem paciência, Yibo se aproximou e segurou os braços de Zhan, forçando-o a prestar atenção nele.

O rosto do ômega estava pálido e coberto de lágrimas, seu corpo tremia e seu rosto expressava pavor. Yibo sentiu seu coração doer ao ver ele tão abalado.

"Está tudo bem agora, Zhan", disse ele, envolvendo o ômega em um abraço protetor.

Se fosse em outra situação, Xiao Zhan se sentiria feliz e pulando de alegria sendo abraçado por seu primeiro amor, mas o medo ainda o consumia. Ele se aconchegou nos braços do Alfa, afundando o rosto em seu peito e abafando os soluços que não conseguiam parar.

Yibo levou a mão até a cabeça do ômega, acariciando seus cabelos com ternura. "Está tudo bem agora, Zhan", repetiu, apertando suavemente o ômega em seus braços.

Zhan soluçou, deixando as palavras escaparem trêmulas junto com as lágrimas. "Ele quase me marcou, Yibo. Ele ia abusar de mim e eu não ia conseguir fazer nada...", disse, com a voz falhando.

"Ele não vai mais te fazer mal", respondeu Yibo, tentando confortá-lo.

"Não, ele não vai. Vou embora agora", respondeu Zhan, afastando-se dele e começando a jogar roupas aleatoriamente dentro da mala. "Vou pegar todo dinheiro que ele tiver e sair daqui. Não é seguro lá fora, mas aqui dentro também não é".

"Não posso estar aqui quando ele voltar, ainda mais depois do que fiz. Saí ontem e agora o fiz ir preso, só ferrei com tudo", continuou Zhan. A culpa pesava em seus ombros.

Yibo tentou acalmar o ômega: "Não coloque a culpa em você, Zhan. Aquele desgraçado está louco, as ações dele não são culpa sua".

"De qualquer jeito, ganhei tempo", disse Zhan, fechando a mala e procurando por seus documentos. "Eu deveria ter sido mais amigável com o resto da minha família que mora na cidade vizinha. Assim, eu teria para onde ir. Mas eles são tudo... um porre".

Yibo se aproximou novamente, segurando Zhan pelos braços. "Olha, sei que não nos conhecemos bem, mas fique lá em casa", disse, fazendo uma proposta inesperada.

Xiao Zhan piscou algumas vezes, surpreso. "O quê?"

"Lá é seguro. Mêncio Yin nunca vai se atrever a entrar lá. E se ele tentar, eu o mato", continuou Yibo, com convicção.

Zhan riu baixinho, limpando as lágrimas. "Idiota. Não quero lhe causar problemas".

Wang Yibo sacudiu a cabeça. "O problema vai ser com o Yin, se ele tentar qualquer coisa contra você de novo".

Zhan sorriu levemente e o abraçou, grato. "Não sei nem como agradecer".

"Normalmente, se agradece com um 'obrigado'", brincou Yibo.

"Certo, obrigado por ter chamado a polícia e por deixar que um estranho fique em sua casa", agradeceu Xiao.

"Você não é um estranho", disse Yibo com sinceridade. "

"Mas também não sou seu amigo".

"Só cala a boca e vai pegar suas coisas", interrompeu Yibo, seus olhos brilhando com sinceridade.

Xiao Zhan concordou e voltou para arrumar suas coisas. Dessa vez, pretendia levar tudo.

A noite daquele mesmo dia...

Xiao Zhan estava animado com a ideia de morar com Yibo, algo que ele sempre imaginou, mas nunca esperava que acontecesse. Seu coração batia feliz no peito e o sorriso não saía do seu rosto. Ele finalmente estava livre de Mêncio Yin e agora morando sob o mesmo teto que Wang Yibo. Como aquele dia poderia melhorar?

Ele ergueu a cabeça no exato momento em que Yibo entrou na cozinha usando apenas uma calça moletom. Zhan não pôde deixar de sentir um leve calor nas bochechas ao vê-lo sem camisa, seu cabelo ainda úmido do banho recém-tomado.

"Porra, melhor!" Exclamou Zhan, deixando que seus olhos contemplassem o abdômen de Yibo.

"Melhorou o quê?" Perguntou o Alfa coçando os olhos ainda meio lerdo depois do cochilo.

"Nada, pensei alto. Senta para jantar", o Ômega aponta para a mesa pronta.

"Hum parece está uma delícia". Disse Yibo indo para a mesa e sentando.

"Tentei o meu melhor".

O ômega leva a tigela com salada colocando no centro da mesa e pega o prato de Yibo para o servir, mas seu pulso é segurado.

"O que você está fazendo?"

"Vou colocar sua comida".

"Posso fazer isso, você não está aqui pra ser um empregado". Esclareceu Wang.

Xiao Zhan sorriu tímido, mas balançou a cabeça. "Tudo bem não sou seu empregado, mas me deixa te servir por hoje, é a única forma que encontrei de agradecer você pela imensa ajuda".

"Ok, mas não se sinta obrigado a fazer isso todos os dias".

"Tudo bem. Você lava a louça da janta então". Brincou Zhan.

"Jogo tudo na lavadora de louça".

Xiao olhou em volta e foi só então que percebeu a lavadora de louça no armário embutido. "Hm. Prático." Depois de servi-lo, Xiao Zhan senta a sua frente na mesa já com seu prato pronto. "Então... Há quanto tempo você mora sozinho aqui? E por que decidiu sair da casa dos seus pais? Vocês tinham muitas desavenças?"

"Na verdade, nunca brigamos. Quis ter meu próprio espaço e ficar mais próximo da faculdade". Respondeu Yibo tomando um gole de suco.

"Entendi. E em que curso está matriculado?"

"Estou estudando Direito e você?"

"Até o momento, ainda não comecei a faculdade. Não consegui permissão para isso. Mas quem sabe no futuro eu ganhe uma bolsa. Quero estudar medicina."

"Desejo boa sorte para você".

Durante o jantar, Xiao Zhan aproveitou o bom momento que estavam tendo e decidiu perguntar a Yibo sobre sua vida amorosa. Para sua surpresa, o alfa revelou que nunca havia se envolvido romanticamente com ninguém, nem beijado, simplesmente porque nunca encontrou alguém que realmente o atraísse.

Zhan tentou disfarçar sua empolgação, mas internamente começou a elaborar planos para ser o primeiro na vida amorosa de Yibo, e vice-versa.

Enquanto observava Wang Yibo tomar um gole de suco, Xiao Zhan refletiu sobre a possibilidade de tentar seduzir um alfa, sendo ele mesmo um ômega. No entanto, ele decidiu não se importar com as convenções sociais e acreditar que ambos deveriam ser donos de suas próprias escolhas no século XXI. Além disso, Zhan nutria um sentimento especial por Yibo desde que o conheceu na escola, quando ele tinha quinze anos de idade.

Infelizmente, Yibo frequentou a escola por apenas um ano antes de se formar, o que fez Zhan acreditar que nunca mais teria a oportunidade de vê-lo. Entretanto, sua felicidade transbordou quando ele notou um caminhão de mudança estacionado em frente à casa do outro lado da rua. Nesse dia, a animação era tanta que Zhan até xingou sua mãe por ter impedido que ele entregasse uma cesta de boas-vindas pessoalmente.

Apesar de não poder interagir diretamente, Zhan encontrava satisfação em apenas observar Wang Yibo pela janela. Ele tinha consciência de que sua empolgação poderia parecer um pouco obsessiva, ele não se importava.

Xiao Zhan foi trazido de volta à realidade pelo som da campainha. "Já acabei, deixa eu atender", disse ele, enquanto limpava a boca com o guardanapo e se levantava para ir até a porta. No entanto, de forma inesperada, Yibo o puxou pelo ombro e o encostou em seu corpo.

Enquanto olhava para cima, Xiao Zhan encontrou os olhos carmesins de Yibo, mas, surpreendentemente, não sentiu medo. A presença do Alfa Lúpus o fazia sentir-se seguro e protegido.

Curioso com o silêncio de Yibo, Xiao Zhan cutucou-o com o cotovelo e perguntou o que estava acontecendo, buscando entender a razão por trás daquela atitude.

"É Mêncio Yin", a voz de Yibo soou mais grave do que o habitual, enviando arrepios pelo corpo de Zhan. No entanto, era uma sensação agradável e demorou um pouco para o Ômega processar o que ele havia dito. Quando finalmente a ficha caiu, Xiao Zhan se moveu para trás do Alfa, agarrando seu braço com surpresa. "Como ele descobriu que estou aqui?", questionou.

"É pelo seu cheiro. Quando o cio de um Ômega se aproxima, o cheiro se torna mais intenso, e como nossas casas são próximas", Yibo explicou brevemente.

"Ahh", foi a única resposta que Xiao conseguiu pronunciar, seus olhos voltados para a porta quando a campainha tocou novamente.

"Vá para o seu quarto e fique lá, deixe que eu resolvo isso, está bem?", sugeriu Yibo.

Xiao Zhan concordou imediatamente com a cabeça, seus olhos brilhando de gratidão ao se inclinar para dar um suave beijo na bochecha do Alfa. "Obrigado por isso, de verdade", murmurou ele, sua voz embargada de emoção.

Yibo assentiu, compreendendo o quanto aquilo significava para o ômega, que se afastou e subiu as escadas em direção a seu quarto.

Duas hora depois...

Zhan estava sentado no quarto de hóspedes, totalmente imerso em seu desenho no caderno. Os fones de ouvido com música alta o ajudavam a se desconectar do mundo exterior. Ele havia escutado a discussão entre Mêncio Yin e Wang Yibo mais cedo, e alguns minutos depois, notou Yibo saindo de casa de carro em vez de sua moto. Agora, Wang voltava com os cabelos úmidos e trajando roupas de dormir, adentrando o quarto de hóspedes.

Zhan não havia notado a chegada do alfa, devido ao som alto em seus ouvidos, mas seu rosto se iluminou de alegria assim que o viu e se levantou para abraçá-lo. "Não ouvi você chegar", disse o ômega com um sorriso. "Você conseguiu conversar com o Yin?"

Wang Yibo respondeu tranquilamente: "Não se preocupe. Ele não vai mais te procurar." A declaração deixou Zhan surpreso e confuso. O que teria sido dito para fazer o alfa desistir de procurá-lo?

Apesar das dúvidas que pairavam em sua mente, Zhan sentiu-se grato e abraçou Yibo com força, expressando sua gratidão.

Xiao Zhan apoiou o queixo no peito de Yibo e olhou profundamente em seus olhos. "Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida", disse ele sinceramente. "Minha mãe sempre foi uma pessoa insensível e egoísta. A única vez em que ela me ajudou foi quando me queimei com óleo quente enquanto fazia batatas fritas."

Yibo piscou, ainda se sentindo um pouco desconfortável com as demonstrações físicas de afeto. Ele nunca foi muito adepto de contato físico, mas com Zhan era diferente. Sentia algo especial e reconfortante.

"Não se preocupe com isso", respondeu Yibo, tentando mudar de assunto. "Agora você precisa pensar em seu futuro."

Zhan sorriu, querendo dizer em voz alta "Com você, eu já tenho muitos planos!", mas optou por permanecer em silêncio, apenas concordando com a cabeça.

Após Yibo sair do quarto, Xiao Zhan se encolheu sob as cobertas e agradeceu a Deus pela bondade que o alfa havia demonstrado. Sentia-se extremamente grato por ter alguém em quem confiar, alguém que parecia estar genuinamente preocupado em ajudar.

No entanto, de repente, um pensamento absurdo atravessou a mente de Zhan. 'Agora é a hora de pensar em como seduzi-lo', ele pensou consigo mesmo, franzindo o rosto enquanto tentava formular um plano. Mas logo percebeu o quão bobo e inadequado aquele pensamento era e rapidamente acrescentou: "Desculpe, Deus, eu estava apenas falando sobre conquistar, nada mais. Pode confiar em mim". Ele suspirou aliviado e tentou afastar qualquer pensamento inapropriado que pudesse surgir.

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