𝕮𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗 4
Notas da autora:
Oii olha eu aqui atualizando depois um tempo longe.
Preparem os lencinhos esse capitulo, ta simplesmente emociante!
Sem mais delongas vamos à leitura!
Capítulo 4
Isabelle
"Cala a boca. Você não tem," eu disse, empurrando ele um pouquinho mais forte do que planejei.
Raphael fingiu cair contra parede de vidro. Então ele se limpou. "Eu tenho. No Schnitzle em Portland."
"É o Arlene Scnitzer Izzy. É parte da sinfonia."
"Esse é o lugar. Eu tenho ingressos. Um par. Está interessada?"
"Tá falando sério? Eu estava morrendo de vontade de ir mas são tipo 80 dólares cada. Espere, como você conseguiu ingressos?"
"Um amigo da família deu para meus pais, mas eles não podem ir. Não tem nada demais," Raphael disse rapidamente. "De qualquer forma, é sexta à noite. Se você quiser, eu te pego as 17:30 e vamos dirigindo para Portland juntos."
"Ok," eu disse, como se fosse a coisa mais natural.
Até sexta a tarde, no entanto, eu estava mais nervosa do que quando sem querer bebi o café forte do Alec enquanto estudava para as provas finais no último inverno.
Não era Raphael que estava me deixando nervosa. Eu fiquei confortável o bastante ao redor dele agora. Era a incerteza. O que era isso, exatamente? Um encontro? Um favor amigável? Um ato de caridade? Eu não gostava de estar incerta tanto quanto não gostava de começar um novo movimento. Era por isso que eu praticava tanto, para que eu pudesse me apresar e ter uma base solida e então trabalhar nos detalhes dali.
Eu mudei de roupa umas seis vezes. Max, no jardim de infância naquela época, estava sentado no meu quarto, tirando os livros Calvin e Hobbes das prateleiras e fingindo ler eles. Ele estava morrendo de rir, mas não sei se era por causa das travessuras de Calvin ou as minhas deixando-o tão bobo.
Mamãe e Magnus colocaram suas cabeças pra dentro para checar meu progresso. "Ele é só um cara, Izzy," eles disseram juntos quando me viram agitada.
"Yeah, mas ele é o primeiro cara com quem eu vou num talvez encontro," eu disse. "Então não sei se devo usar roupas de encontro ou roupas para sinfonia - as pessoas aqui se quer se vestem pra esse tipo de coisa? Exceto Magnus que é amante da música clássica. Ou eu devo ser casual, em caso não seja um encontro?"
"Só use algo com o que você se sinta bem," ela sugeriu. "Desse jeito você está coberta." Tenho certeza que mamãe teria feito todas as paradas se ela fosse eu. Seja você mesma Isabelle disse Magnus. Nas fotos dela com papai dos tempos antigos, ela parecia como um cruzamento entre uma sirene 1930 e uma ciclista, com seu corte de cabelo rebelde, seus grandes olhos cheios de delineador, e seu corpo curvilíneo sempre coberto com uma roupa sexy, como uma camisola vintage junto com uma justa calça de couro.
Eu suspirei. Eu queria poder ser tão legal. No final, eu escolhi uma calça preta e um cardigã marrom de manga curta. Sem graça e simples. Minha marca registrada, eu suponho.
Quando Raphael apareceu em seu terno e Creepers (uma semelhança que impressionou meu irmão Alec), eu percebi que realmente era um encontro. É claro, a escolha de Raphael de se vestir para a sinfonia com um terno anos 1960 podia simplesmente o jeito legal dele de ser formal, mas eu sabia que havia mais nisso. Ele parecia nervoso enquanto apertava a mão do Jace e dizia a ele que ele tinha os CD's antigos de sua banda. "Para usar como porta copos, eu espero," Jace disse. Raphael parecia surpreso, incomodado com o Jace ser mais sarcástico do que a criança, eu imagino.
"Não enlouqueçam demais. Ferimentos sérios só na última peça do Yo-Yo Ma," mamãe chamou enquanto andávamos pelo gramado.
"Sua família é tão legal," Raphael disse, abrindo a porta do carro para mim.
"Eu sei," eu respondi.
Fomos para Portland, conversando bobagens. Raphael me mostrou as bandas que ele gostava, um trio de pop suíço que soava monótono, mas então uma banda islandesa que era bem bonita. Nós perdemos no centro e chegamos no concerto com apenas alguns minutos de sobra.
Nossos acentos eram no balcão. Perto do palco. Mas você não vai ver YoYo Ma pela vista, e o som foi incrível. Aquele homem tem um jeito de fazer o violoncelo soar como uma mulher chorando num minuto, uma criança rindo no próximo. Ouvir ele sempre me lembra do porque comecei a tocar violoncelo - que tem algo tão humano e expressivo nisso.
Quando o concerto começou, eu olhei para Raphael com o canto do olho. Ele parecia natural o bastante sobre a coisa toda, mas ele ficava olhando para a programação, provavelmente contando os movimentos até o intervalo. Eu me preocupei de que ele estivesse entediado, mas depois de um tempo eu fiquei muito presa na música para me importar.
Então, quando YoYo Ma tocou "Le Grand Tango," Raphael se esticou e pegou minha mão. Em qualquer outro contexto, isso teria sido brega, o velho movimento de bocejar e apalpar. Mas Raphael não estava olhando para mim. Seus olhos estavam fechados e ele estava levemente inclinado em seu assento. Ele também estava perdido na música. Eu apertei a mão dele em resposta e ficamos sentados daquele jeito pelo resto do concerto.
Depois, compramos café e donuts e andamos pelo rio. Estava nublado e ele tirou seu terno e colocou nos meus ombros.
"Você não conseguiu aqueles ingressos com um amigo da família, conseguiu?" eu perguntei.
Eu pensei que ele iria rir e ergueu seus braços para cima em uma rendição zombadora como ele fazia quando eu o provocava numa discussão. Mas ele olhou direto para mim, então eu pude ver os tons verde marrom e cinza se misturando em sua Iris. Ele balançou sua cabeça. "Isso foram duas semanas gorjeta de entregas de pizza," ele admitiu.
Eu parei de andar. Eu podia ouvir o barulho da água. "Porque?" eu perguntei. "Porque eu?"
"Eu nunca vi ninguém ficar tão preso na música como você. É por isso que gosto de ver você praticar. Você fica com o nariz torcido mais fofo em seu rosto, bem aí," Raphael disse, me tocando acima do nariz. "Sou obcecado com música e mesmo eu não sou transportada como você é."
"Então, o que? Sou como um experimento social para você?" Eu queria que fosse uma brincadeira, mas saiu soando amargo.
"Não, você não é um experimento," Raphael disse. Sua voz era rouca e sufocada.
Eu senti o calor subir por meu pescoço e eu podia me sentir corando. Eu encarei meus sapatos. Eu sabia que Raphael estava olhando para mim agora com tanta certeza que eu sabia que se olhasse para cima ele iria me beijar. E fiquei surpresa por o quanto eu queria ser beijada por ele, para perceber que eu pensei nisso com tanta frequência que memorizei o formato exato dos lábios dele, que eu imaginava passar meus dedos pelo queixo dele.
Meus olhos se ergueram. Raphael estava esperando por mim.
E foi assim que começou.
12:19 da tarde
Haviam muitas coisas erradas comigo. Aparentemente, eu tenho um pulmão perfurado. Uma ruptura no baço. Hemorragia interna de origem desconhecida. E o mais sério, contusões no cérebro. Eu também tenho costelas quebradas. Abrasões nas minhas pernas, que vão precisar de enxerto de pele; e no meu rosto, que vão necessitar de plástica - mas, como o doutor notou, isso apenas se eu tiver sorte.
Agora, na cirurgia, os médicos tem que remover meu baço, inserir um novo tubo para drenar meu pulmão, e costurar o que quer que esteja causando minha hemorragia interna. Não tem muita coisa que eles podem fazer por meu cérebro.
"Vamos esperar para ver," um dos cirurgiões disse, olhando para tomografia da minha cabeça. "Enquanto isso, ligue para o banco de sangue. Eu preciso de duas unidades de O- e mantenha mais duas unidades prontas. "O negativo. Meu tipo sanguíneo. Eu não fazia ideia. Não é como se algum dia eu tenha que ter me preocupado com isso. Eu nunca estive no hospital a não ser a vez que fui para emergência depois de cortar meu tornozelo em vidro quebrado. Eu nem precisei de pontos, só uma vacina contra tétano.
Na sala de cirurgia, os doutores estão debatendo sobre que música tocar, como fizemos no carro essa manhã. Um cara quer jazz. Outro quer rock. A anestesista, que está perto da minha cabeça, requisita música clássica. Eu torço por ela, e sinto que isso deve ter ajudado porque alguém liga o CD de Wagner, embora "Ride of the Valkyries" não fosse o que eu tinha em mente. Eu esperava por algum um pouco mais leve. Four Season, talvez.
A sala de cirurgia é pequena e está lotada, cheia de luzes brilhantes cegantes, que mostram o quão sujo este lugar está. Não é nada parecido como na TV, onde as salas de cirurgia são como enormes teatros que podem acomodar uma cantora de opera, e uma audiência. O chão, embora seja brilhante, está escuro com marcas de fricção e linhas enferrujadas, o que eu tomo como sendo antigas manchas de sangue.
Sangue. Está por toda parte. Não intimida os doutores nem um pouco. Eles cortam para ver e sugam pelo rio dele, como se estivessem lavando os pratos em uma água cheia de sabão. Enquanto isso, eles bombeiam um enorme estoque em minhas veias.
O cirurgião que queria ouvir rock sua muito. Uma das enfermeiras tem que periodicamente limpar ele com uma gaze que ela segura com uma pinça. Em certo ponto, ele sua através de sua máscara e tem que substituir ela.
A anestesista tem dedos gentis. Ela está perto da minha cabeça, mantendo um olho em meus sinais vitais, ajustando a quantidade de fluidos e gases e drogas que eles estão me dando. Ela deve estar fazendo um bom trabalho porque eu não pareço estar sentindo nada, embora eles estejam cortando meu corpo. É um trabalho duro e sujo, em nada parecido com o jogo Operação que costumávamos jogar quando crianças em que você tem que tomar cuidado para não tocar nas laterais enquanto você remove um osso, ou o apito vai tocar.
A anestesista distraidamente acaricia minhas têmporas através da luva de látex. É o que minha mãe costumava fazer quando eu aparecia com uma gripe ou tinha uma daquelas dores de cabeça que doíam tanto que eu costumava imaginar cortando uma veia em minha têmpora para aliviar a pressão.
O CD de Wagner já se repetiu duas vezes agora. Os doutores decidem que é hora para um novo gênero. Jazz vence. As pessoas sempre assumem que porque eu gosto de música clássica, sou uma aficionada por jazz. Não sou. Alec é. Ele ama, especialmente a selvagem música de Coltrane. Ele diz que jazz é punk para gente velha. Eu acho que isso explica, porque eu não gosto de punk também.
A operação não termina nunca. Estou exausta de ver. Eu não sei como os médicos tem a força para continuar. Eles estão parados, mas parecia mais difícil do que correr uma maratona.
Eu começo a me distrair. E então começo a me perguntar sobre o estado em que estou. Se não estou morta - e o meu monitor cardíaco está bipando, então assumo que não estou - mas também não estou no meu corpo, posso ir a algum lugar? Sou um fantasma? Posso me transportar para uma praia no Hawaii? Posso aparecer no Carnegie Hall em Nova Iorque? Posso ir até Max?
Só para experimentar, eu enrugo meu nariz como Samantha de A feiticeira. Nada acontece. Eu estalo meus dedos. Bato meus sapatos. Ainda estou aqui.
Eu decido tentar uma manobra mais simples. Eu ando até uma parede, imaginando que eu vou passar por ela e sair do outro lado. Só que o que acontece quando ando até a parede é que eu bato na parede.
Uma enfermeira aparece com uma bolsa de sangue, e antes da porta se fechar, eu passo por ela. Agora estou no corredor do hospital. Tem muitos médicos e enfermeiras de roupas azul e verde correndo. Uma mulher numa
maca, seu cabelo em uma touca azul, e um soro em seu braço, chamando, "William, William." Eu ando para um pouco mais longe. Tem várias salas de operação, todas cheias de pessoas dormindo. Se os pacientes dentro dessas salas são como eu, porque eu não posso ver as pessoas fora das pessoas? Se todo mundo está vagabundeando como eu pareço estar? Eu realmente gostaria de conhecer alguém no meu estado. Eu tenho algumas perguntas, como, o que é exatamente esse estado e como saio dele? Como volto para meu corpo? Tenho que esperar os médicos me acordarem? Mas não tem mais ninguém por perto. Talvez o resto deles tenha descoberto como chegar no Havaí.
Eu sigo uma enfermeira através de um par de portas automáticas duplas. Estou numa pequena área de espera. Meu irmão Jace e sua namorada Clary acompanhados de Magnus estão aqui.
Eles estão conversando com nossos avós, ou talvez com o ar. É o jeito dele de não deixar suas emoções a superarem. Eu já a vi fazer isso antes, quando vovô teve um ataque cardíaco. Vovó está usando seus Wellies e seu avental de jardinagem, que está sujo de lama. Ela deveria estar trabalhando em sua plantação quando soube sobre nós.
Notas da autora:
Brevemente trago o próximo
Beijos até
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