17. Date


   Paulo corou quando a foto abriu, era Lucas em frente ao espelho do seu quarto, mostrando a marquinha da sunga, o corpo do mais velho estava diferente desde a primeira vez que Paulo viu — ele guardava aquele dia em sua memória, além do mas, foi o dia em que eles se conheceram, desde então, Lucas começou a fazer parte dos seus dias — Quando Paulo deu mais uma espiadinha na foto, com mais atenção desta vez, ele reparou que Lucas estava com o corpo mais forte, seus ombros largos e braços robustos, um peitoral admirável e um abdômen quase definido.
   Abaixo da foto havia a seguinte legenda "Gostou do meu bronzeado?", o mais novo queria digitar sobre tudo o que ele gostou na foto, como Lucas era lindo e perfeito em cada detalhe, sobre seu sorriso tentador que sempre deixava Paulo avermelhado, porém, o mais novo exitou e apenas digitou " Tá lindo! ".
   Os dois passaram várias horas conversando por mensagens e áudios, de maneira que Paulo nem sequer percebeu que já estava anoitecendo, antes que ele se despedisse do mais velho, Lucas ligou pro jovem, o garoto ficou surpreso e com os olhos brilhando.

— Oi?

— Oi, Você vai tá ocupado hoje à noite? — perguntou Lucas com sua voz sensual, era algo que deixava Paulo caidinho.

— Não.

— Você topa ir tomar sorvete comigo? — o coração de Paulo acelerou de felicidade, ele não esperava por isso, o garoto ficou sem reação.

— Oi? — indagou Lucas ao estranhar a quietude do jovem.

— Claro!

— Que horas te pego?

— Como assim? — indagou o garoto  sem entender em que sentindo Lucas havia perguntado.

— Que horas eu passo aí pra gente ir para a sorveteria? — respondeu Lucas dando uma risadinha do outro lado da linha, ele apreciava essa inocência e a mente poluída de Paulo.

— 8 horas! —  Falou o garoto todo avermelhado, sorte que não era chamada de vídeo, ou então, Lucas presenciaria Paulo com o rosto corado.

— Ok! 8 horas estarei aí, beijos, até logo! — Disse o mais velho antes de finalizar a chamada.

— Até logo! beijos.

   O garoto segurou seu celular firme, olhando para a foto do perfil de Lucas, os olhos de Paulo brilhavam tanto quanto as estrelas em noites estreladas, sem perceber, ele mordeu o lábio enquanto se perdia em seus pensamentos, que iam desde "Será que posso considerar isso um encontro romântico ",  ou talvez , " apenas um encontro entre amigos? ".
     Até que a ficha caiu — ele vai ter um encontro com Lucas —, só que ainda teria que escolher uma roupa pra usar nesse date, mas antes, Paulo plugou o celular no carregador e o colocou em cima da escrivaninha.
  O garoto andou até seu guarda–roupas e abriu as  portas de correr, ele começou a escolher algo bonito e bem básico, Paulo fitou seu olhar em uma regata branca de algodão, uma calça jeans azul e para finalizar um tênis branco.

  Quando faltava 15 minutos para às 8 horas da noite, Paulo estava pronto, arrumado e acomodado no sofá ao lado de Helena, que encontrava-se lendo um livro do autor favorito dela — A mulher tinha todos os exemplares recentes de As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin — A cada dois minutos o jovem olhava para o relógio que localizava-se na parede a sua esquerda.

— Você vai sair? — perguntou o senhora ao perceber que o jovem não tirava os olhos do relógio. 

— Sim.

— Vaí sair com a Lili? — indagou ela ao voltar a ler o livro.

— Não, com o Lucas, ele me convidou pra ir tomar sorvete — respondeu o jovem, Helena então fechou o livro, mas antes a mulher marcou à página onde parou de ler.

— Que bom! — disse ela posando o livro na mesinha de vidro em frente ao sofá. — Você precisa mesmo sair um pouco, pra tentar ao menos esquecer tudo o que aconteceu recentemente.

— Verdade! — respondeu Paulo, segundos depois alguém tocou a campainha, o jovem focou seu olhar na entrada, Helena andou até a porta e quando abriu era Lucas, ele estava bem vestido, usando uma calça jeans preta, uma camisa de mangas longas na cor cinza e um tênis branco, seus cabelos estavam um tanto bagunçado com alguns fios sobre sua testa — Era algo que o deixava ainda mais charmoso — Além da sua barba bem feita. Logo que ele adentrou na casa, a boca de Lucas curvou-se num sorriso para o mais novo, que retribuiu no mesmo instante.

— Boa noite! Lucas — disse a mulher ao fechar a porta segundos depois que o garoto entrou.

— Boa noite! Sra. Helena — retribuiu ele. — Boa noite! Paulo — O mais novo levantou-se do assento e abraçou Lucas.

— Fique á vontade — disse Helena apontando para o sofá a sua frente, onde anteriormente Paulo estava, momentos depois a mulher pegou seu livro, andou em direção as escadas e subiu para seu quarto, deixando os dois sozinhos na sala.

— Já podermos ir? — perguntou Lucas.

— Claro! — respondeu Paulo ao se levantar do sofá. — Mas antes, vou pegar as chaves do carro da vovó, você vai ter que dirigir— o jovem sorriu para o mais velho.

  Minutos depois, os dois já estavam dentro do automóvel, Lucas ligou o carro, deu partida e os garotos foram rumo a sorveteria.
    Durante todo o trajeto, Paulo admirava as ruas por onde eles passavam, ambos os lados haviam casas antigas e pitorescas, entre prédios chiques, várias cafeterias e lojas de antiguidades, de relance o garoto olhava para Lucas e logo disfarçava  voltando seu olhar na paisagem.
    Quando eles finalmente chegaram na sorveteria, o mais velho estacionou o carro em um  acostamento próximo do local, os dois andaram até o lugar, logo avistaram algumas pessoas sentadas nas cadeiras ao lado de algumas mesas, fixas na área extrema, era um ambiente agradável e colorido, os dois entraram no estabelecimento, foram até o balcão onde havia enorme variedades e cores de sorvetes.
    Lucas escolheu uma fatia de bolo de sorvete — De chocolate, seu sabor favorito — Já Paulo optou por um milkshake de biscoito.

— Aqui estar seus pedidos — disse a mulher do outro lado do balcão, ela estava vestida com uma blusa rosa de mangas curtas, com tinham a logo da sorveteria — um sorvete de casquinha com três bolas —, a mulher tinha uma linda pele morena, olhos cor de mel, cabelo castanhos ondulados, sobrancelhas bem feita, lábios delicados e um nariz fino.

— Obrigado, Bloom. — Agradeceu Lucas, pelo visto os dois já se conheciam.

— Quem é esse garoto lindo acompanhando você, Lucas? — perguntou Bloom olhando para o mais novo.

— Esse é o Paulo.

— Prazer Paulo, sou Bloom, uma velha amiga desse bonitão — disse ela com um sorriso contagiante.

— Prazer em te conhecer! — Respondeu Paulo.

— Nossa! Você está sentido isso Lucas? — Perguntou a mulher encarando Paulo com um olhar intrigante, erguendo as sobrancelhas.

— O quê? — Retrucou Lucas sem entender nada, enquanto Paulo arregalava os olhos.

— Meu gaydar, ele foi acionado. — Respondeu ela soltando uma risada.

— Agora que você mencionou, o meu também foi acionado. — Disse Lucas piscando um dos olhos para a mulher e ele logo focou seu olhar no mais novo. — Meu gaydar foi acionado, no momento exato em que conhece você, Paulo.

— Sério? — perguntou o garoto com seu rosto ficando corado, Lucas mexia com ele de uma maneira que Paulo não conseguia explicar, o mais novo sentia seu corpo queimar quando estava ao lado do mais velho, era uma combinação de palpitação e frio na barriga, como se existissem várias borboletas em seu estômago voando em constante movimento.

— Sim gatinho!

— Que casal lindo, me da até nostalgia. — Disse Bloom, mas sua fala pareceu um pouco ofegante, como se sua juventude tivesse sido péssima.

— O que houve? — Perguntou Paulo ao perceber que o brilho no olhar da mulher havia se apagado, mesmo que por um breve momento.

— Minha adolescência não foi das melhores, ainda mais por eu ter passado pela transição nessa época.

— Como assim? — Indagou Paulo sem entender.

— Bloom, é uma mulher trans. — Respondeu Lucas.

— Sério?

— Sim!

— Nossa! Você é muita linda, nem se quer imaginei que você já foi um garoto.

— Eu era um grande de um garotoso — Disse Bloom com um tom debochado —, várias garotas davam em cima de mim nessa época.

— Estou de prova, as garotas eram loucas pela Bloom, quando ela era Lian. — Lucas afirmou com um lindo sorriso.

— Então vocês dois se conhecem desde o colégio? — Paulo perguntou curioso, isso explicaria a intimidade de ambos.

— Sim!

— Nós dois éramos inseparáveis, e sua prima, Lili, também fazia parte do nosso grupo de amigos. — Acrescentou Bloom — Quando eu finalmente me aceitei e comecei a transição, Lucas e Lili foram os amigos que mais me deram forças e ficaram do meu lado. A sua prima era valentona e sempre me defendia quando alguém era transfóbico comigo, ou quando alguém era homofóbico com o lucas.

— Minha prima? — Paulo ficou pasmado, ele nunca imaginaria Lili como uma valentona, ela sempre era doce e gentil, algo deve ter acontecido para que ela tenha mudado sua possibilidade.

— Sim, a própria! — Respondeu Bloom. — Deculpa, mas agora tenho que atender aqueles clientes que estão chegando. — Disse ela ao se despedir com um sorriso alegre.

— Okay!

— Ei! Bloom, quantos vai custar os sorvetes que compramos? — Perguntou Lucas pegando a
sua carteira no bolso da sua calça.

— Hoje é por conta da casa. — Respondeu ela.

   Os dois se despediram de Bloom e sairam andando rumo a uma praça, próximo da sorveteria, o local era lindo, o caminho era todo em piso Intertravado, e várias árvores espalhadas embelezavam o local.  
    Paulo e Lucas caminhavam um ao lado do outro, logo se acomodaram em um dos bancos que eram sofisticados e rústicos que haviam no lugar.
   A noite estava encantadora, o céu estrelado, frequentemente uma brisa refrescar todo o espaço, as folhas das árvores caiam numa dança espiral. O ambiente mantinha-se calmo não havia muitas pessoas.

— Seu bolo de sorvete estar bom? — Perguntou Paulo.

— Sim, eu deixo você provar — respondeu o mais velho. — , só que com uma condição.

— Qual?

— Se você me de um pouco do seu milkshake de biscoito. — Disse Lucas.

— Ok, então! — os dois então dividiram um com o outro.

Lucas admirava Paulo, enquanto ele dava um mordida no bolo de chocolate, tudo que o mais velho desejava naquele momento era beijar os lábios do garoto,  sentir o gosto do seu beijo, suas mãos tocando seu corpo.

— Lucas? — Falou Paulo, o garoto não entendia o porquê dele está o encarando a mais de cinco minutos.

— Oi?

— Você está bem? — perguntou o jovem — tem algo de errado comigo?

— Não! Por que? 

— Você está me encarando, achei que tinha algo de errado comigo. — Paulo expressou colocando o copo vazio no lixo, ao lado do banco.

— Não a nada de errado com você, pelo contrário, eu fiquei... que dizer eu fico admirado quando olho para você, seus lindos olhos me encantam, tudo em você me fascina, quando estou próximo de você meu coração acelera. — Respondeu Lucas, seus olhos tinham um brilho imenso, sua pupila estava dilatada.

— Sério? — Indagou Paulo avermelhado.

— Sim! Olha — Lucas pegou delicadamente uma das mãos do garoto e a levou até próxima do seu corpo, pousando ela em seu peito, Paulo estava sentindo o coração do mais velho batendo, como se fosse saltar do peito. —, Tá sentindo?

Não era só isso que o mais novo estava sentindo, Paulo também direcionou uma das mãos de Lucas e pousou em seu peito.

— Isso responde sua pergunta? — O garoto sussurrou, ele estava próximo do mais velho, tão próximo que ambos sentiam a respiração um do outro, seus olhos se encontravam naturalmente, como se suas almas já se conhecessem.

— Paulo... Eu posso te... — Antes que Lucas terminasse sua fala, ele foi interrompido ao sentir os lábios do garoto tocando os seus, lhe tirando seu fôlego, era um beijo delicado e aos mesmo tempo quente e com vontade, Lucas levou uma das suas mãos até a nuca do mais novo e a outra na cintura, Paulo retribuiu colocando suas mãos no rosto de Lucas.

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