Foi aqui que pediram bônus do Mike?

Mike

O nervosismo imperava meus sentidos, afinal chegamos ao grande e maldito dia. O sol já nascia no horizonte e horas mais tardes deixaríamos o mundo mortal e enfrentaríamos a loucura de Midnight, com todos seus habitantes sedentos por violência e sangue - alguns literalmente. Todavia, não era esse fato que me assustava. Eu estava em uma feirinha regional próximo a casa da abuela de Edward com apenas um objetivo dado pelo o príncipe infernal e meu irmão; encontrar Lia e escolta - la até a residência, afinal sou o único que não funciona como um farol gigante de energia e nem estou sendo procurado pelo o próprio diabo.

O calor predominava no local e a rua estava enfeitada por diversas barraquinhas diferentes, algumas vendendo comidas que eu sequer conseguia identificar, porém pareciam bastante saborosas e em outras era possível identificar artesanatos. Pensei em comprar algo para Azura, mas ai lembrei que sou pobre e esqueci de pedir dinheiro para Nowa antes de sair, então me contentava apenas em apreciar. Ademais, apenas a sensação de estar fora daquela casa estranha já valia o sacrifício, dois dias sem sentir aquela energia correndo por minhas veias, é simplesmente enlouquecedor. Pelo menos fora, sei que se ocorrer alguma emergência posso usar das minhas habilidades facilmente.

Lia iria me encontrar ali, pois o plano final foi mudado por um motivo óbvio, não conhecemos a cidade e preciso de um ponto de referência para atravessar, assim como precisei da fotografia da casa da abuela. Todavia, apesar de ser necessário, eu preferia que não fosse, pois o último contato com o vampira foi na maldita noite da festa, e não guardo lembranças boas desde então, tudo parece bastante estranho. Avistei a moçoila de longe, seus fios loiros presos em um rabo de cavalo enquanto ela apreciava o conteúdo de uma das barracas, eram frutas! Ela avaliava uma por uma, averiguando o estado e depois levava ao olfato, deleitando - se ao ponto de comprimir as pálpebras e suspirar. Um tanto triste, principalmente após ver ela comprar uma dúzia de maçãs da senhorinha com um grande sorriso. No entanto, ao sair do campo de visão da mulher, Lia entregou as mesmas para um garotinho que passava próximo, brincando com seus amigos.

Como seria a sensação de não estar mais vivo? De apreciar o mundo envolta, contudo ao mesmo tempo, não participar dele? Balancei a cabeça para dissipar minha curiosidade, até porque a vida de Lia e seus desejos não são mais da minha conta, na verdade nunca foram. Caminhei rapidamente até a mesma, cutucando seu ombro suavemente e como reflexo, ela apanhou minha mão, pronta para quebra - la.

─۫─̸ É sério isso? ─۫─̸ Questionei com as sobrancelhas suspensas, livrando-me do seu toque. A vampira pareceu desconcertada ao notar quem era e livrou minha mão do seu aperto.

─۫─̸ Hum.... oi Mike... ─۫─̸ Sua voz estava receosa, provavelmente recordando-se que poucos dias atrás estava me humilhando na sua frente pelo o seu amor não correspondido. Apontei para a direção contrária a nossa.

─۫─̸ Vem, vamos. A casa fica para lá...─۫─̸ Indiquei querendo acabar com esse momento o mais rápido possível. Todavia, a vampira segurou em minha mão, impedindo - me de dar mais algum passo, suas íris claras focadas em meu rosto.

─۫─̸ Podemos conversar antes de ir? Por favor? ─۫─̸ Havia tanto desespero em seu pedido, que não conseguia recusar. Porém, quem eu quero enganar? Se a Lia pedir pra latir, eu faria isso e ainda abanaria o rabo que não tenho. Concordei com a cabeça e ela suspirou aliviada ─۫─̸ Ótimo, vem comigo... ─۫─̸ E novamente estava eu, agindo como seu maldito cachorrinho.

                                    ♤

Lia me guiou por entre as barraquinhas até o fim da feira, e então indicou algumas vielas desertas. Continuamos caminhando por alguns minutos em silêncio até encontrarmos algo semelhante à um parque. Haviam algumas mesas dispostas ali, e uma grande macieira onde crianças brincavam confortavelmente, sendo apenas crianças. A trilha sonora era o som das risadas dos mesmos. A vampira foi até uma dessas mesas próprias para piquenique e se sentou, eu me sentei na sua frente ainda confuso do porquê estarmos ali.

─۫─̸ Então...─۫─̸ Comecei entrelaçando minhas mãos sobre a superfície de madeira e poderia jurar que a manceba estava morrendo de vergonha. Ótimo, pelo menos eu não era o único desconfortável com a situação.

Não me levem a mal, eu não estou tão bem quanto aparento. Todavia, sempre fui um ótimo ator, e acredito que se eu fingir o suficiente, talvez a narrativa se torne realidade. Ademais, o que adiantaria me lamuriar para minha Corte? Apenas seria mais um problema para eles, e isso eu não aceitava, sempre quis ser a solução para todos. E tudo bem me perder no meio desse processo se no fim, eles estiverem felizes.
Quando recebi o ponta pé na bunda de Lia, entendi algo. Não há segundas chances para caras como eu, devo me contentar com o passado e torcer para que no futuro, a dor diminua um pouco.

─۫─̸ Então...─۫─̸ Lia repetiu desajeitada e quase tive vontade de sorrir, quase.

─۫─̸ Como você consegue andar no sol? Tipo, você não brilha? ─۫─̸ Perguntei em parte por curiosidade e outra parte porque queria retirar o clima pesado que ficou. A vampira relaxou e estendeu sua palma mostrando um anel em seu dedo anelar, a pedra era de um forte azul e parecia reluzir.

─۫─̸ Graças a isso. Mas, eu não brilharia como em crepúsculo e você sabe disso, anda passando tempo demais com a Luna... ─۫─̸ Ela acusou em um tom leve, sorrindo e concordei com a cabeça. Sim, eu passava tempo demais com a menor, na verdade eu passava tempo demais com todos da Corte, menos comigo mesmo.

─۫─̸ Ela é uma companhia adorável e uma grande amiga...─۫─̸ Murmurei e estava sendo sincero. Independente do nome ou rosto que a manceba carregava, ela sempre foi especial para mim, desde a primeira vida. Lia desviou o olhar por um segundo, parecendo envergonhada.

─۫─̸ Ela realmente é...─۫─̸ Concordou em voz baixa, provavelmente recordando que nos últimos dias elas não pareciam tão próximas quanto antes, e se algo ocorreu entre as duas, eu não tinha conhecimento. O clima voltou a pesar e ficamos em silêncio por longos segundos, apenas observando as crianças brincarem e se divertirem. O que eu não daria para estar em seus lugares? Talvez minha eternidade inteira ─۫─̸ Mike...─۫─̸ Lia voltou a falar, retirando - me dos devaneios ─۫─̸ Você me perdoa?

─۫─̸ Pelo o que Lia? Por falar a verdade? Eu não sou suficiente e nunca vou ser, não sou Nowa e está tudo bem, não tem porque te perdoar... ─۫─̸ As palavras deslizaram com facilidade pela minha boca e eu estava longe de estar mentindo. Não havia rancor ou raiva em meus dizeres, eu nunca me ressentiria de algo relacionado a Nowa, e estava devidamente satisfeito sendo eu mesmo.

Vampiros coram? Sinceramente, não sei. Entretanto, Lia estava semelhante a um pimentão.

─۫─̸  Exatamente sobre isso Mike... ─۫─̸  Ela encarou suas próprias mãos ─۫─̸  Eu percebi que também não sou suficiente e provavelmente nunca vou ser, não sou ela e a única culpada sou eu mesma, por fantasiar algo que nunca iria ocorrer...─۫─̸  A loira voltou a erguer o olhar, mas não parecia perturbada como dias atrás ─۫─̸  Levei em conta o que você me falou, e eu percebi que sinceramente, não sei muito sobre amor...─۫─̸  Ela soltou uma risada amarga, limpando rapidamente uma lágrima que deslizou pela sua bochecha ─۫─̸ Mas, queria descobrir...

─۫─̸ E você pretende descobrir isso comigo? ─۫─̸Perguntei incerto, e logo ela balançou  acabeça afirmando, constrangida.

Em outro momento, até pularia de felicidade e ficaria grato pelo o universo ter atendido meu pedido secreto. Todavia, não agora. Segurei a mão gelada da vampira e tentei dar um pequeno sorriso em sua direção. Lia tinha completa razão, ela quase nada sabia sobre o amor, e eu pelo o contrário, sabia até demais.

─۫─̸ Lia você não pode amar alguém sem amar a si mesma primeiro... ─۫─̸  Observei com pesar ─۫─̸  E ambos sabemos que você não se ama...

─۫─̸ O-o que? ─۫─̸  Ela retirou sua mão da minha e se sentou de modo mais ereto. Uma posição de defesa ─۫─̸  Você sequer sabe o que tá falando!

─۫─̸ Lia, me escuta por favor...─۫─̸ Pedi em um fio de voz, passando a mão no rosto. Céus, por que tudo parecia ser tão complicado com o passar dos anos? ─۫─̸ Você é uma garota corajosa, linda, poderosa e simplesmente incrível! Não foi atoa que me apaixonei por você, mas eu não posso arriscar entregar meu amor para alguém que não saberia o que fazer com ele...─۫─̸ Talvez fosse um tanto egoísta da minha parte, mas com o passar dos séculos, é necessário aprender a ser ou se não, você é destruído pouco a pouco ─۫─̸ Eu já amei antes, e fui amado também. Amei com toda minha alma, com todo meu corpo, com todo meu coração e sei como é ser retribuído. Então, não posso aceitar menos do que isso, seria injusto comigo, seria injusto com a lembrança que eu tenho do que é amor...

─۫─̸ Isso é tão estúpido...─۫─̸ A manceba murmurou com raiva, e eu não poderia lhe retirar a razão, porém na minha cabeça, fazia todo o sentido.

─۫─̸ Você foi a primeira pessoa que despertou algo em mim depois de muitas centenas de anos, eu sempre vou ser grato e guardar um lugar especial no meu coração vampirinha. Mas, sejamos francos, você não me amaria, e dessa relação restaria apenas dor e sofrimento...─۫─̸ Constatei o óbvio ─۫─̸ Eu desejo que você descubra o que é amor. Não junto com alguém e sim consigo mesma, desejo que se ame, que ache algo porque lutar, e que tenha sonhos...

─۫─̸ Eu tinha sonhos, antes de me transformar no que sou...─۫─̸Ela admitiu com lágrimas nos olhos ─۫─̸ Queria ser livre, queria ser feliz, queria ter uma família...

─۫─̸ E você pode ter tudo isso vampirinha, independente da sua raça porque você é merecedora disso, és simplesmente extraordinária em tudo o que você faz, apenas tem que aprender a enxergar isso, entende? ─۫─̸ Questionei com dificuldade. Pela primeira vez desde a partida da pessoa que mais amei na vida, eu estava sentindo algo, e pela segunda vez, eu estava abrindo mão disso por uma causa maior.

─۫─̸ Você acha? ─۫─̸ Lágrimas brilhavam em suas orbes e um pequeno surgiu nos meus lábios.

─۫─̸ Eu tenho certeza Lia. E olha, posso não ser seu príncipe encantado, contudo ainda sou o frango depenado, lembra? E esse frango vai continuar aqui do seu lado, mesmo que você me odeie, e vou te ajudar no que precisar, vou ser o primeiro a te aplaudir em todas as suas conquistas...─۫─̸ Definitivamente faria isso, porque sempre me importei demais, e não considero isso um defeito. Posso estar sofrendo, todavia ver as pessoas em volta de mim felizes, me faz ter um novo motivo para levantar dia após dia.

─۫─̸ Você promete? Promete que um dia tudo isso vai fazer sentido e talvez eu seja feliz? Porque eu estou tão, tão cansada Mike, tão cansada de apenas existir...─۫─̸ Ela desabafa, chorando livremente pela a primeira vez na minha presença. Não me importei se caso atraíssemos olhares em nossa direção, em poucos segundos contornei a mesa e prendi a manceba em meu abraço, acariciando seus fios loiros e desejando tirar sua dor e trazer toda para mim, um pouco a mais, um pouco a menos, eu sempre conseguia suportar ─۫─̸ Eu quero ser feliz Mike, quero ser feliz...

─۫─̸ E você vai ser, ok? Eu te prometo e vamos dar um jeito nessa bagunça e um dia vai olhar para trás e apenas vai dar risada do dia de hoje...─۫─̸ Comentei suavemente, continuando a carícia até que Lia ficasse mais calma. Aos poucos, ela voltou a se afastar, o suficiente para me olhar nos olhos, limpando os resquícios de lágrimas que ainda havia em seu rosto.

─۫─̸ Como ela era Mike? Pode me dizer? ─۫─̸ A pergunta me pegou completamente desprevenido e senti a cor deixar meu rosto pouco a pouco. Por Deus primeiro, o que eu deveria responder? A verdade? A verdade é que enclausurei há muito tempo toda e qualquer narrativa sobre ela, simplesmente por ser doloroso demais lembrar da nossa triste e trágica história de amor. Contudo, a dor era um lembrete, e eu nunca fui adepto a ignora - la, a dor significa que ela existiu.

─۫─̸ A criatura mais gentil que um dia já conheci. Completamente altruísta, astuta e corajosa! ─۫─̸ Respondi com uma saudades que fazia séculos que não expressava e aos poucos, as lembranças voltavam com força, pedindo por favor para ficar, e quando o assunto é ela, quando o assunto é Adalasiah, eu sempre me considerei um fraco ─۫─̸ Era linda, no entanto essa era a menor das suas qualidades. Ela esbanjava alegria por onde passava, e todos se sentiam bem ao seu redor, até mesmo antes da maldição...─۫─̸ Confessei com um sorriso estúpido nos lábios, recordando de quantas malditas vezes eu achei a sua reação e seu sorriso constante um exagero, claro isso tudo antes de ter sentimentos ─۫─̸ Ela já me amava e eu não sabia...

─۫─̸ Mike...─۫─̸ Lia chamou com suavidade e encarei suas orbes ─۫─̸ Você a conheceu quando ainda era um anjo?

─۫─̸ Sim. Antes da revolta, antes de tudo e éramos insuportáveis e inseparáveis, e tínhamos uns aos outros, o quarteto invencível...─۫─̸ Uma risada de desgosto ressoou de mim e bastou um olhar para o céu e instantaneamente a vontade chorar assolou meu interior.

Havia milênios desde a partida dela e mesmo assim, em alguns dias, doía como se tivesse sido ontem. Eu simplesmente nunca entendi como os humanos conseguem seguir em frente, como conseguem se manter de pé mesmo depois de tantas percas. Eu juro caro leitor, eu tento com muito afinco, dia após dia, colocando um sorriso no rosto, espalhando piadas e tirando risadas dos outros próximos de mim, nunca deixando eles verem, nunca deixando eles descobrirem o quão infeliz eu sou por dentro por não tê - la comigo, por não ter conseguido protegê - la do meu próprio irmão - Miguel.

Lia foi uma luz, uma pequena esperança dentro da escuridão, dizendo que talvez ao fim do túnel, houvesse uma saída. Porém, não tem, porque esse tipo de amor, esse tipo de sentimento que corrói tua alma, só vem uma vez na vida e eu o perdi, minha missão na Terra era espalhar amor e alegria, exatamente como ela um dia fez, minha missão é manter sua memória viva e apenas isso. E a vampirinha ainda tinha um grande caminho para traçar, e definitivamente ela merecia mais do que algum dia eu poderia oferecer, como ela mesma disse, não sou suficiente.

─۫─̸ Costumo sonhar com ela até hoje e sempre desperto querendo que os sonhos se tornem realidade, e infelizmente isso não vai ocorrer e já aceitei isso...─۫─̸ Respirei fundo, tentando em vão sorrir. Era a primeira vez em séculos que dialogava tão abertamente sobre a mulher que amei. Obviamente Nowa e Sophia conhecem nossa história e se preocupam comigo como se eu fosse o caçula da família e não o mais velho. Todavia, prefiro colocar uma máscara sobre meu rosto do que importuna- los com meus sentimentos ─۫─̸ Eu desço até seu túmulo e fico lá, apenas olhando sabe? E querendo que ela apareça pra mim como nos sonhos. Não porque sou egoísta, apesar de ser. Mas ali, apenas queria me despedir, queria dizer que sinto muito e que a amo profundamente. Queria dizer que a nossa pequena casinha sob a colina e nosso filho teriam que esperar uma próxima vida... ─۫─̸ Provavelmente uma perca de tempo. Por mais que houvesse outra vida, ela não seria minha outra vez. A essência dela está naquela Terra, até mesmo no leito de morte ela abdicou de algo.

─۫─̸ Era o plano de vocês?  ─۫─̸ Lia perguntou emocionada.

Encarei o céu novamente, recordando da última vez em que a vi, tão bonita quanto o alvorecer, radiante e ansiosa. Ela disse que tinha uma grande surpresa e que iríamos ser felizes pela eternidade. Eu a abracei, enchi seu rosto de beijos e disse que o nosso final feliz estava bem ali, bastava virar a esquina para encontra - lo. Bom, nunca viramos a maldita esquina e eu nunca mais a vi depois disso. Somente seu túmulo.

─۫─̸ Era nosso sonho...─۫─̸ Admiti. Estava tudo perfeitamente arquitetado, e nossa pequena casinha estava pronta, com um jardim imenso e quartos extras para a nossa grande e adorável família que nunca existiu, agora tornou - se uma construção abandonada e caindo aos pedaços, assim como eu ─۫─̸ Desculpe por isso Lia...

─۫─̸ Eu que deveria me desculpar. Tantos anos ao seu lado, e nunca perguntei seu nome verdadeiro...─۫─̸ Dei de ombros porque minha identidade original nunca importou ao fim das contas, apenas não a assumia por não querer ser visto como um pobre coitado sofredor ─۫─̸ Pode me falar seu verdadeiro nome?

Respirei fundo, guardando toda a tristeza e nostalgia lá no fundo outra vez, escondendo tão bem que até mesmo eu não consigo encontra-la. Apanhei a destra da vampirinha e depositei um singelo beijo sobre o dorso, um sorriso maroto delineado em meus lábios.

─۫─̸ Prazer em conhecê-la oficialmente senhorita, me chamo Gabriel...─۫─̸ Murmurei como se não fosse nada demais e realmente não é. Toda a grandeza do título de arcanjo se foi, junto com Adalasiah.

─۫─̸ Eu lamento por tudo Gabriel...─۫─̸ A vampiro se pronunciou, me abraçando.

─۫─̸ Eu lamento por nós dois...─۫─̸ Respondi com o rosto escondido na curvatura do seu pescoço e uma risada sem humor escapou dos lábios da loira.

─۫─̸Desculpe por não te amar da maneira como merece...

─۫─̸ O amor não é uma obrigação Lia, e como eu disse antes. Eu não quero ser retribuído, me contento em apenas te ver feliz...─۫─̸ A mais pura verdade, e ela afastou - se colando sua testa na minha. Em todos os anos que lhe conheci, ela nunca me pareceu tão humana quanto naquele instante.

─۫─̸ Quer saber de algo arcanjo?

─۫─̸ O que? ─۫─̸ Era estranho ser chamado por esse título outra vez.

─۫─̸ A sua história também merece um final feliz...─۫─̸ Havia tanta compaixão no olhar daquela mulher. Ela ergueu sua mão, acariciando meu rosto com ternura ─۫─̸ Ambos merecemos mais...

─۫─̸ Uma pena não merecermos um ao outro...

─۫─̸ Uma pena...─۫─̸ Lia concordou e pela primeira vez tive a certeza que nem tudo estava perdido. Ela encontraria um grande amor, seria feliz e teria uma vida digna de si, e eu como o bom amigo que sou, estaria na primeira fileira, assistindo e aplaudindo de pé.

Algumas pessoas merecem finais felizes, como Lia. Mas, outras como eu, apenas são gratas pelo o que tem.

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Eu não tô chorando, vocês que estão. Mike teve uma das maiores histórias de amor e ele a perdeu. Aos pouquinhos os mistérios da Corte Infernal estão sendo revelados, espero que estejam curtindo.