. ˚✧┊ 𝓙𝓲𝓼𝓾𝓷𝓰
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Eu a odeio, odeio a maneira como me escara com aquele olhar manipulador e cheio de dor. Odeio como seus olhos chegam a marejar a minha frente, mas logo solta um suspiro toda aliviada. Odeio sua forma de sorrir tão abertamente aos sábados de manhã, você acha que sou uma piada?
Por que? Me diga, por que você é assim? Por que não diz logo o que quer de mim?
O jeito que ela anda pelas ruas, a maneira como passa as mãos pelos cabelos para os pentearem para trás, seu jeito de rir, tudo! Eu a odeio, mas infelizmente não o suficiente para ignorar o estrago que causava dentro de mim. A cada dia, a cada instante que esses sentimentos cresciam dentro de mim, mais eu me apaixonava, e mesmo não querendo, S/n me atraia como se fossemos super-imãs, não conseguia escapar de ti e muito menos a largar, e quem forçasse a separação dessa força primeiro poderia se machucar brutalmente o dobro do que já poderia estar.
Essa realidade estava começando a me deixar agoniado de verdade. Chorar, espernear, gritar contra o travesseiro não adiantava de nada, o aperto no peito continuava ali, nem mesmo tentar odiar todos seus pequenos detalhes estava funcionando, o tiro estava saindo pela culatra. Mesmo a parte em que a amo sendo pequena perto das partes que a odeio, era o suficiente o bastante para me prender contra si e tornar-me dependente de sua presença.
Eu não queria admitir, mas eu preciso dela comigo.
Me mantenho estirado sobre a cama bagunçada, pelo quarto, folhas e mais folhas - rasgadas ou amassadas - entregavam minhas tentativas de colocar esses sentimentos sufocantes para fora de uma maneira indiretamente direta, através de poemas, versos, desenhos, composições, mas nada saia! Eu queria ela aqui agora, comigo, mas o orgulho estava entalado em minha garganta, impedindo qualquer palavra sequer sair de minha boca. Meu olhar se fixava em um ponto aleatório no teto branco do quarto, como alguém pode odiar tanto alguém e ainda a desejar por perto? O que essa menina queria mais de mim?
Ouço batidas sendo dadas na porta, e pelo jeito delicado que os toques soaram, já consigo adivinhar quem estava do outro lado. Me levanto calmamente e bufo baixo, S/n me conhecia melhor do que ninguém, nem se eu ficasse horas seguidas na frente do espelho conseguiria me auto-conhecer igual ela, esse detalhe também me levava a odiar, mas esse ódio se convertia tão rápido em amor que preferi deixar os pensamentos de lado e destranquei a porta do quarto, dando de cara com quem imaginava ser.
Nos cumprimentamos com o olhar - como sempre fazemos - e dou passagem para entrar no cômodo. S/n nunca perde tempo, e após voltar a trancar a porta do quarto, a mesma simplesmente pega o primeiro papel embolado que encontrou sobre a escrivaninha e começa a ler.
Ela sabe o que sinto, eu estava sobre suas mãos igual um patinho, ia esconder o que dela? Volto a me jogar na cama e brinco com a guitarra sobre meu colo, arranhando e testando alguns acordes para um futuro arranjo.
- Seus textos estão ficando cada dia mais profundos. - Finalmente a primeira frase foi dita, sua voz suave não expressa entonação alguma, seus olhos se mantinham serenos e apenas a observo deixar este sobre a mesa e agachar para pegar outro sobre o chão.- Mas preferiria que dizesse tudo isso para mim, não para folhas de caderno.
Ignoro sua frase por completo e continuo a brincar com o instrumento ao meu colo, de vez em quando olhando para S/n e a observando-a ler os outros papéis cuidadosamente.
- Han... - Sua voz mudava quando me chamava pelo sobrenome, me fazendo odia-la por fazer meu corpo se arrepiar das pontas dos dedos até os fios de cabelo.
Deixo a guitarra de lado e me levando bruscamente da cama, criando coragem de ficar frente a frente aqueles olhos escuros e penetrantes. Meu corpo está a ferver, seria de raiva ou de ódio? Desta vez, não era nenhum dos dois, e só pude descobrir após atacar seus lábios com uma certa rapidez, agarrando sua nuca com minha mão direita, enquanto a esquerda explorava a região de seu quadril.
Por que ela age como se tudo estivesse normal? Ela não está vendo que está me machucando? Que tipo de egoísta ela é?
Ela mente, ela me engana, e mesmo que este relacionamento entre nós não seja oficial ou algo assim, me incomodava o coração, estava me fazendo ama-la sendo que não merecesse.
Eu não sei, me perdi mais uma vez em seus lábios, me imergi completamente em si, não queria mais guardar aquele sentimento igual todas as vezes, queria que ela sentisse toda dor que estava me fazendo passar, todas as angústias, queria que nossas línguas se chocassem até nossos corpos pegarem fogo.
Me sentia mal pelo Jisung que passou noites em claro tentando pensar se ela me amava ou não, se tudo não passava de uma jogatina barata e sem graça. Eu queria colocar um fim nesse relacionamento complicado que sempre tivemos de uma vez por todas, mas como explicar a um fumante que cigarro faz mal sendo que o vício o cega?
Eu era viciado nela, se a largasse, não daria um dia até a abstinência começar a me irritar e me fazer sair correndo atrás dela novamente. Mesmo com o orgulho podendo me barrar, nossa capacidade humana de nos deixarmos ser humilhados para manter o cômodo conosco por medo de ficar pior do que estava é maior.
A pego no colo e com força a presiono contra a parede, nos fazendo arfar entre o beijo. Apertava seu corpo contra o meu com força, como nunca fiz antes, lambi e beijei todo seu pescoço como se estivesse provando de sua textura pela primeira vez, e ela sussurrava em meus ouvidos palavras que nunca haviam sido ditas antes.
Eu não sei dizer, mas mesmo com todo aquele ódio que sentia por ela, foi a primeira vez que que senti que fizemos amor de verdade.
- Por que me odeia tanto? - S/n pergunta enquanto recebia carícias em seus cabelos escuros e lisos, mantendo sua cabeça sobre meu peitoral desnudo.
- Eu não sei.
- Não tem como não saber por que se odeia alguém. - Mantém aquela sua voz calma de sempre, mas naquele instante, vendo o pôr-do-sol abraçar os céus pelas janelas enquanto abraçava S/n sobre mim, apenas com um fino lençol cobrindo nossos corpos, eu pude perceber que não a odiava tanto quanto dizia odiar.
- Só... me sinto sufocado às vezes. - Passo as mãos por suas costas lisas e iluminadas pela luz que vinha da janela.
- Com o que? - Levanta do meu peito e se senta ao meu lado, apoiando seu corpo pelo cotovelo, como ela podia ser tão linda? Me mantenho em silêncio e fujo meu olhar dos seus. - Anda Jisung, você escreve tantas coisas sobre mim mas não pode me falar o porquê disso?
- Você sabe o porquê! - Digo por fim. - Você sabe, você sabe, por que se não soubesse...
- Se soubesse eu já teria ido atrás de mudar, o que eu faço que te incomoda tanto? - Responde na mesma entonação irritada que a minha.
Durante todo esse tempo que ficamos juntos, nunca a vi ficar tão irada como agora, talvez eu também esteja sendo um egoísta com ela.
- Tudo! A maneira que você mente para mim, como você me beija, a maneira como você bate na porta quando chega, a maneira que me toca tão inocentemente, a maneira como sabe que estou precisando da sua companhia, exatamente tudo, por que são por esses pequenos detalhes seus que me fazem apaixonar cada dia mais por você. - Suspiro fechando os olhos, nem eu poderia acreditar que disse tudo isso para ela de um forma tão clara e simples, aqui dentro isso foi sempre uma bagunça, mas agora, eu já sabia de onde vinha tanto ódio.
Era o amor querendo desabrochar, mas eu não queria aceitar.
S/n mantinha o olhar vago pelo cômodo, será que eu falei demais? Foi ela que pediu para falar, não poderia ficar brava comigo por isso.
- Han...
- Quando esse sentimento começou a dar sinais, eu procurei observar cada mínimo detalhe em você que pudesse me irritar, e através deles substituir aquele pequeno brotinho por um outro. - Dou uma pequena pausa para pensar, S/n não olhava para mim, me deixando mais aflito. - Mas deu tudo errado, tudo mesmo, sequer pude imaginar que de tanto reparar em suas pequenas ações fossem fazer o efeito ao contrário, que ia desabrochar tudo o que sinto.
A garota segura meu rosto com suas mãos delicadas e se aproxima com seus lábios nos meus, iniciando um beijo totalmente diferente do que tivemos antes, mais calmo e lento. Meu coração explodiu em mil sentimentos diferentes, finalmente as borboletas em meu estômago estavam tendo oportunidade de se libertarem.
- Eu te entendo. - Sussurra baixo para apenas eu ouvir, mesmo não tendo mais ninguém ali conosco, parecia que estava se preparando para contar um segredo. - Eu te fiz jurar em não misturamos os sentimentos, que manteríamos apenas uma amizade diferente de todas as outras, seriamos especiais um para o outro, e após ouvir você falando essas coisas, acredito que não seja o único a sentir isso. - Responde firme.
- O que quer dizer com isso? S/n, eu jurei a mim que esta tarde seria a última em que nos veríamos. - Meu coração dispara como nunca.
- Jisung, antes de você querer cumprir seu juramento. - Responde pausadamente massageando minhas bochechas carnudas. - Quero que esteja ciente que eu amo você. Não quero que vá embora tendo um motivo para ficar.
Noites em claro gastadas atoa, acordes tocados e cordas desgastadas em vão, folhas amassadas e cadernos destruídos sem utilidade alguma, por quê disso tudo? Ela acabou de abrir seu sentimentos de uma forma tão tranquila que automaticamente me acalmou junto, suas palavras serviram como xarópe para tosse, antialérgico para resfriado, amor para o ódio.
Ela me ama.
É isso, ela me ama.
Eu não sabia o que pensar num momento como este. Mesmo tendo ensaiado na frente do espelho resposta para milhares de situações ilusórias, nenhuma havia sido preparada para algo parecido.
Ao admirar seus olhos fixamente me encarando de volta, pude ter certeza de uma única coisa: queria aproveitar este novo sentimento, e deixar todo o amor acumulado transbordar feito copo cheio de esperança.
(☆☆☆)
nota;;
Quando escrevi essa one shot, eu estava muito decepcionada com uma pessoa que eu considerava muito, até pensei em apagar isso e fazer uma menos sentimentalista, mas acabei lendo ela de novo após uns meses e ela me pareceu boa.
Caso tenha gostado dela, agradeça por eu não ter apagado por birrakkk.
Amo vocês!
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