Nota; Feliz Natal!!

「 ᨳ᭬꩜ 」

Pov. Chris

Ao chegar em casa, a primeira coisa que fiz foi correr até a cozinha e tomei um copo de água gelada. Estava me sentindo estranho, pela primeira vez em anos sinto meu coração acelerar tão rápido por conta de um encontro, ou melhor, por uma garota.

Na maioria dos encontros são sempre as mesmas coisas: sair, conversar, se beijar e ir embora, mas hoje foi tão divertido que sequer vi a hora passar, realmente a companhia de Sohui me fez muito bem.

Como a mesma disse, ela nunca havia saído com ninguém antes e seria comigo o seu primeiro encontro, confesso que no começo achei um pouco desafiador pois eu não sabia até onde eu poderia avançar sem a deixar desconfortável e estragar tudo, então o meu plano foi não forçar nada e deixar as coisas rolarem da maneira mais natural possível. E aparentemente deu certo.

Eu nunca imaginei que algum dia eu iria sair com a melhor amiga do meu melhor amigo e pior, gostar muito ao ponto de oferecer uma próxima vez, mas isso só aconteceu porque fiquei realmente encantado com a delicadeza dessa garota, mesmo me empurrando e me insultado durante as partidas, ela se mostra ser uma bebê.

- Afasta, afasta esses pensamentos pelo amor de Deus. - começo a lembrar de seu beijo com gosto de gloss de morango, o qual ainda dava para sentir em meus lábios. Passo a língua na extensão da minha boca e sorrio todo bobo ao imaginar seus lábios junto aos meus novamente.

- Deu de falar sozinho agora, Bangchan? - O loiro surge das sombras e sobe no balcão, sentando ali mesmo. - Como foi o encontro?

- Normal. - mentira.

- Normal e você está com essa cara de tapado ao quadrado? Channie, não mente que eu te conheço a três anos!

- Eu já falei para não me chamar de Channie! - o encaro bravo, acho meio estranho quando me chamam assim, tenho tantos apelidos melhores e eles preferem me chamar de Channie? Me sinto como se fosse uma criancinha.

Suspiro todo perdido e apoio minhas mão no balcão atrás de mim. Hyun não precisava de uma resposta de como foi o encontro, já estou entregando o jogo inteiro. Conto para ele tudo sobre hoje, mas quando Jisung entra pela porta principal, sou obrigado a contar tudo do começo pois o queridão também estava curioso.

- Vocês... se beijaram? - Assinto com a cabeça e um sorriso aparece em meu rosto - Pelo amor de Deus, eu queria uma gravação disso na minha mesa agora. - O loiro surta, como sempre. - Como que eu perco uma cena dessa, meu senhor?! Você cuidou bem dela, né? - Assinto novamente com a cabeça. - Olha lá em Chan, eu te castro com os dentes! - Credo!

- Onde vocês foram mesmo?

- Jisung, você tem certeza que prestou atenção na história? - Digo com deboche e o outro revira os olhos.

Dou de ombros sobre o novo assunto que surgiu e deixo ambos sozinhos conversando, mal havia chegado em casa e já fui abordado, não dando nem tempo para trocar a roupa do encontro. Antes de deitar debaixo dos lençóis e maratona alguma série aleatória, decido que era melhor tomar um banho para dar uma refrescada e também tirar o suor e o cansaço do corpo. E é isto que eu faço.

Tiro minhas roupas do corpo e as coloco no cesto ao lado, e em seguida vou para o box, onde já ligo o chuveiro e aproveito a água morna que caia por meu corpo para relaxar. Parado ali embaixo, acabo por recordar de quando me apaixonei verdadeiramente por uma garota, eu já estava no ensino médio e literalmente foi a primeira vez que gostei de alguém. Passei três longos anos fissurado por ela, todo ceguinho que nem enxergava que ela apenas queria brincar com a minha cara. Acredito que pelo motivo da mesma ter sido minha primeira paixão, eu não soube me safar de suas ilusões, não tinha muita experiência ou bagagem para isso, apenas segui meu coração e o que intitulava estar certo.

Naquela época, minha autoestima era mais difícil de encontrar do que petróleo, me sentia apenas mais um garotinho bobo que gostava de assistir anime e que ficava correndo atrás de meninas com "beleza superior" a minha. A minha baixa autoestima era ligada ao fato de ter sofrido muito bullying desde novinho por conta do meu nariz e por sempre ser o menor dos meus amigos. Eu não tinha a beleza padrão que as meninas tanto almejavam nos rapazes.

Essa garota em especifico não tinha dó de me humilhar ou algo do tipo, para se ter uma ideia, quando eu tinha uns dezessete anos tirei coragem não sei de onde e a chamei para ir ao cinema, e ela aceitou. Um dia antes de irmos, ela pediu para ficar com os ingressos "porque eu poderia os perder... bla bla bla" e o bobo apaixonado que já tinha comprado tudo antecipado entregou.

E não é que bem no dia ela me enviou uma mensagem avisando que não poderia ir mais ao encontro porque havia ficado doente? E sim, eu acreditei, mas a verdade se revelou um mês depois, quando "sem querer" a amiga dela deixou escapar que a espertinha tinha usado os ingressos para ir ao cinema com o garoto mais popular do colégio.

Eu lembro que chorei demais durante longas semanas, nem comendo eu estava direito. Não tinha coragem de olhar para ninguém, parecia que todos sabiam do quão fracassado eu era. Mas um tempo se passou e esse tal garoto famoso a esculachou na frente da escola inteira, falando coisas horríveis sobre ela, até de ladra de ingressos ele a chamou - sim, ele chamou. Lógico que eu não fui atrás dela para a consolar, mas fiquei triste por isso ter acontecido com ela, o karma sempre vem.

O problema foi eu não ter aprendido nada com os meus próprios erros. Depois desse ocorrido, a minha trouxisse voltou alguns meses mais tarde e ainda se enrolou por anos, mas quando finalmente acordei e toda essa brincadeira chegou ao final, eu já estava exausto de tudo e escolhi não me envolver com mais ninguém, apenas sair de vez em quando.

Não sei exatamente quando comecei com o "Crush perfeito", mas a ideia surgiu quando fui sair com uma garota a um/dois anos atrás e ela me pediu para ir vestido de cowboy. Na hora eu fiquei surpreso e achei estranho, mas ela me importunou tanto com a ideia que eu acabei indo, e quando cheguei no lugar, ela estava toda gótica, com mechas rosas no cabelo e uma maquiagem escura, o coturno dela era mais alto que a bota que peguei emprestada do Minho. Foi caótico e vergonhoso, mas também divertido.

Um maluco todo trajado no sertanejo, com chapéu de palha igual de festa junina no Brasil, e a gótica das trevas.

Fui fazendo academia de uns anos para cá e realmente tudo mudou, minha autoestima ficou mediana e comecei a me aceitar mais. Hoje em dia quando vejo aquela garota do colégio na rua, às vezes sinto-a virar o pescoço para me olhar, e já aconteceu da mesma pedir varias vezes para ficar comigo nas baladas e nas festas, mas nunca aceitei, ela não faz mais o meu tipo.

O banho não é apenas para lavar o corpo, serve também para pensar nas micagens da vida. Mas não me arrependo de nada do que já passei, se eu não tivesse sofrido isso tudo, se não tivesse passado por todas as minhas dificuldades, hoje em dia eu não seria esse BangChan.

Mas no final das contas, não tem como se apaixonar por alguém em apenas um dia, né? Não acho que seja algo possível, principalmente comigo, mas mesmo assim senti um carisma com Sohui.

Acabo por rir sozinho com essas lembranças desgracentas - porquê o que nos resta é isso - e dou meu banho por terminado. Ao terminar de me trocar, vou para o meu quarto e por ali fico por algum tempo, aproveitando o ventinho fresco que entrava pela janela e balançava as cortinas beges.

- 'To saindo com o Minho, não sei se voltamos hoje, 'falou! - ouço Han gritar e logo a porta principal é fechada.

- Usem camisinha. - ironizo baixo enquanto arrumo a escrivaninha do quarto, o qual divido com Changbin.

Sabe, Changbin é como um irmão para mim, mas se fosse depender dele, este quarto estaria uma nojeira. Na verdade, tenho que dar um desconto, ele anda no mundo da lua durante esses meses, e suspeito que seja por conta da relação dele com Hyunjin estar cada dia mais fria, segundo eles próprios.

- Ei, como foi seu dia? - digo rápido ao avisar o loiro passar pela porta do quarto.

- Ah, eu fui dar uma volta no parque com o Auau, foi legal.

- A gente precisa arrumar um nome pra ele. - O loiro revira os olhos - É sério que vamos chamar o cachorro para sempre de Auau? Ele merece um nome digno. - pego o cachorrinho de pelagens brancas e pretas no colo, acariciando-os.

- É fofo Channie... - Ameaço lhe dar um soco e o outro faz biquinho. - AH! Quase me esqueci, tinha um garoto lá no parque com uma garotinha, e você sabe que eu odeio crianças, mas foi tão lindinho ela vindo correndo abraçar o Auau. Ai ela começou a contar do cachorrinho dela que se chama... - Minha mente se desprendeu totalmente do assunto, será que a lua realmente é feita de queijo e quem faz os buracos nela são ratos gigantes? - ...ai eu peguei o número dele.

- Você pegou o número de quem? - arregalo os olhos.

- Do irmão dela, ele falou que ia me recomendar um pet shop bom. Ele até que é fofinho, mas é muito novo. - morde os lábios disfarçadamente, mas eu vi.

- O pet shop ou o menino?

- Quem você acha BangChan? - rio de sua ironia e murmuro um "chato". - O menino caramba, você não presta atenção em nada que eu digo, ou melhor, ninguém presta!

- Espera Hyunjin.. - coloco o cachorro no chão, arrumo minha postura e o encaro sério. - Você está pegando número de menino por ai sendo que você namora? Ainda mais, chamando de bonitinho e..

- Fofinho! Eu falei fofinho. - me corrige.

- Que seja!

- Chan, ele só ia me passar o nome do pet shop, por isso quis meu número, só isso! - diz devagar.

- Era só você anotar o nome em alguma nota no celular.

- Vai que o menino não estava lembrando o nome ou sei lá. - passa as mãos pelos cabelos. - Ele pediu e eu passei, pronto. E outra, eu reparei um pouco nele sim, confesso, mas olhar não arranca pedaço não, tá? E para de bancar o pai, falando o que eu devo ou não fazer. - dá de ombros.

- Não, tudo bem, eu não estou te obrigando a nada Hwang Hyunjin, nunca faria algo assim, mas você não pode e nem vai sair flertando com os cara enquanto namora meu amigo. - respondo um pouco nervoso.

- Pelo amor de Deus, eu não estou flertando com ninguém, só queria saber do pet shop, nem isso eu posso mais? Nem se eu fosse uma cadela e quisesse trair eu trairia, o menino aparenta ter quinze anos.

Minha ficha caiu e percebi que estava criando tempestade em copo d'gua. Mas literalmente era uma história estranha e quis deixar claro que mesmo ele sendo meu melhor amigo, eu não irei deixar o mesmo fazer algo que magoasse Changbin e vice-versa.

- Chan. - quebra esse silêncio sufocante. - Eu te juro que nunca senti atração por outro homem a não ser Changbin, a gente pode estar em uma face complicada do namoro, mas eu te juro que...

- Não precisa jurar, eu confio em você, me desculpe. - sorrio envergonhado e lhe chamo para um abraço.

***

O dia amanheceu e mal acordei direito e já ouço a gritaria do lado de fora do quarto, nem paz no final de semana eu tenho nesse apartamento. Alongo meus braços e continuo deitado na cama macia, as cortinas ainda estavam fechadas, e em instantes meus olhos se acostumam com o ambiente escuro.

Checo para ver se Bin não estava na cama ao lado e passo a mão no celular que estava no criado-mudo, vendo as mensagens pendentes.

Após Hyun deixar meu quarto, Sohui me enviou uma mensagem perguntando se eu tinha chegado bem em casa, achei bem fofo, ninguém havia feito isso comigo antes. Depois disso, o assunto foi surgindo e ficamos conversando até tarde da noite, principalmente sobre o garoto que Hyunjin havia falado, mas não pensem que eu que contei, ele também tinha comentado com ela. Nossa conversa se resumiu em call em plena madrugada e eu jogando Among us, até prometi ir no apartamento dela a ajudar a baixar no computador.

Sorrio ao ler sua mensagem de bom dia e a respondo igualmente, mesmo sendo quase meio dia. Deixo o celular de lado e decido que é melhor levantar, já que não tem como voltar a dormir.

- O que está acontecendo? - digo ao entrar na cozinha e me deparar com os garotos ali.

- Essa loira aguada fica pegando minha comida sem pedir! - Jisung pronuncia bravo.

- Foi uma vez só... - o outro faz uma voz manhosa, típico dele.

- Uma vez só? Uma vez só? - Jisung vai para cima do outro com a chinela na mão, e lógico que era apenas de brincadeira, mas a gritaria que Hyunjin arrumou parecia que estávamos matando o Auau. - Cheguei cansado em casa e quando vou olhar onde estava me lanche, BUUM, cadê meu lanche?

- Cansado do que Han? - Changbin tomava seu café tranquilamente no balcão e ri ao ver que todos maliciaram sua frase.

- Ontem foi fogo. - pisca para Minho, que logo fica todo vermelho e ri do que o namorado disse.

Alguns minutos se passaram e nada da baderna acabar, então resolvo os deixar ali sozinhos.

- Alguma programação para hoje, líder? - Minho se dirige a mim quando estamos a sós indo para o corredor, deixando os outros se resolverem, aquela gritaria me deixou até zonzo.

- Até tenho, mas não estou animado. - o encaro e ele entende do que estava falando. - Tem como vocês pararem de me chamar de líder? Eu tenho nome.

- Primeiramente, não. - Sorri irônico. - Segundamente, você nem gosta do seu nome! - é verdade. - Terceiramente, como foi o encontro ontem?

- Foi divertido. - sorrio.

- Só isso? Divertido? Bem, ontem conversei com a Yeji. - eles são amigos? - Falou que a garota estava até subindo pelas paredes.

- Sério? Quer dizer, sério? - tento disfarçar como isso me deixou feliz, mas ele já tinha percebido.

- Aham. - sorri. - Mas me diga, com quem é o encontro de hoje?

- Você sabe que eu não posso falar essas coisas.

- E falou do encontro da Sohui por quê? - cruza os braços e me interroga.

- Não fui eu que contei, foi o Hyunjin, ele ficou animado que eu ia sair com a garota. - dou de ombros.

- Falando assim até parece que não gostou. A menina é bacana, não é? - assinto. - Então por que não tenta algo sério com ela? - Volto a caminhar e o deixo falando sozinho. - Ah não Bang, você precisa de alguém pra preencher esse seu coração peludo!

- Minho, eu conheci a garota não faz uma semana! E já disse que não quero nada sério com ninguém, fim de assunto. - vou para o banheiro e fecho a porta.

- Uma hora alguém vai domar esse seu coração, ai eu quero ver o que que você vai fazer, seu.. seu zeca urubu! - reviro os olhos com tanta força que achei que fosse ficar cego. Caraca qual o problema deles? Nunca me encheram o saco quanto a isso, por quê agora?

***

- Já está indo? - todos estavam reunidos na sala de estar assistindo "10 coisas que odeio em você" quando me avistam passando em direção à porta todo arrumado.

- Já sim, mas não vou demorar. - checo meus bolsos para ver se estava tudo ali. - Pedem pizza pro jantar, e podem usar o meu cartão. - uma onde de "ui" e "esse é o meu líder!" começa e aproveito para dar no pé, rindo igual besta.

Ajeito minha jaqueta e caminho calmamente até o estacionamento, onde avisto minha moto.

Eu não sei o motivo, mas hoje não estava nem um animado para ir a esse encontro. Nunca me senti assim antes, mas como já estava bem em cima da hora para poder desmarcar, terei que ir, ou será muita mancada minha com a moça.

- O que está acontecendo comigo? Calma Chan, vai ser coisa rápida. - repito para mim.

Dou partida na moto e vou para sua casa a buscar, mas minha vontade mesmo era de ir para uma outra direção, ver outra pessoa.

***

Atualização em dia de natal, quem amou? Feliz Natal a todos vocês e a suas famílias também!!

Queria agradecer pelas 500 leituras, mas já estamos com 600!!!! Cara isso é incrível!!! Amo demais vocês e espero que a fanfic cresça cada vez mais com a ajuda de vocês. Vou dar sempre meu melhor.

Hoje foi o Chanzinho que narrou tudo, foi literalmente um capítulo especial. Na época que eu escrevi o capítulo eu ainda jogava Among Us, aproveitei e coloquei na história.

Interação: Vocês acham que o Chan estava certo ao falar aquelas coisas para o Hyunjin ou ele exagerou? 🤔

Obrigada pelo apoio, e caso queiram, recomendem a fanfic para seus amigos, vote e comente bastante!!!

Até meus amorecos 💞💞