Fechando as portas do passado

ATT: UHUUUU, FINALMENTE UM UPDATE !!!

Oi, como vocês estão? ❤️
Estão cumprindo todas as medidas de segurança? Cuidando bastante de vocês e de todos aos vosso redor?

Sabemos que o último capítulo deixou várias perguntas no ar, então pedimos para que fiquem atentos porque essas perguntas serão respondidas neste e no próximo capítulo. Se for necessário releiam o capítulo anterior porque há frases bastante sugestivas.

Aproveitem a leitura e, por favor, relevem e perdoem os erros.

Festas Felizes ❤️🎉 e até ao próximo capítulo.

Volta no tempo

•TAINA ON•

Acordo sentindo meu corpo arder e dolorido, abro os olhos lentamente e percebo a grande presença de raios solares e o ar condicionado desligado. O Tae está deitado ao meu lado com o cabelo grudando na testa, sua pele amorenada nua sendo graciosamente abençoada pela iluminação natural do quarto, parece um anjo de tão perfeitinho que ele é.

Flashbacks da noite passada rodeiam pela minha memória, nós fomos a uma discoteca e assim que entramos fomos recebidos com shots de tequila. Estavam todos muito animados porque são poucas as vezes que temos oportunidades de sair e apenas passar um bom tempo na companhia uns dos outros. Lembro que eu e as minhas irmãs dançamos quase toda a noite, apenas parando para dar uns pegas nos nossos namorados em um cantinho que ninguém conseguia nos ver ou quando alguém pedia mais bebida e brindávamos. Rimos a noite inteira e, felizmente, não houve nenhuma discussão séria, só o Yoongi que tomou todas e ficou todo romântico, lamechas demais e começou a refilar com o Hoseok sobre ele não ter feito a tatuagem temporária que ele queria quando eles estavam em Malta, ele se virava para a Lorana e perguntava em tom manhoso: Você não me negaria uma tatuagem de casal né amorzinho da minha vidinha? A gente gargalhou e gozou tanto com eles que a Lorana quase voltou para casa.

Às 05:19 da manhã enquanto a gente saia da discoteca, a Mel teve a louca ideia de ir dar um mergulho, afirmando que seria divertido e bem ... até que foi. Pedimos ao motorista para nos levar até a Venice Beach e nos permitimos ser jovens normais outra vez, mergulhamos somente com nossas roupas íntimas, fizemos lutas de água e do galo, brincamos na areia e rimos muito, naquele momento eu me senti viva, animada e positiva. Ficamos sentados jogando conversa fora enquanto víamos o nascer-do-sol, em seguida voltamos para casa e acho que o quarto bagunçado, os nossos corpos nus, as marcas de mãos espalhadas pelo meu corpo e os arranhões e chupões no corpo do Tae explicam o suficiente o que aconteceu depois.

- Hmmmm - ouço o Tae refilar enquanto abre os olhos lentamente.

Me viro para ele e faço um carinho no seu cabelo e rosto.

- Bom dia meu amor - digo baixinho.

- Bom dia minha vida - ele responde se aproximando de mim e me abraçando pela cintura - Como você está?

- Acabada e você?

- Igual, parece que a minha cabeça vai rebentar - reclama mas apreciando o carinho que faço nele de olhos fechados.

- Te entendo mas um banho frio e a sopa anti-ressaca que a Mel e a Jorgy preparam irão nos ajudar.

- O quê que a gente vai fazer hoje? - ele pergunta abrindo os olhos.

- Acredito que ninguém está no mood para sair hoje então acho que vamos ficar por aqui mesmo - digo roubando um selinho dele.

- Finalmente um tempo em casa, assim posso aproveitar você melhor -  ele sorri sugestivo.

- Tarado - sorri - Depois do que aconteceu mais cedo você vai me deixar descansar isso sim.

A nossa primeira semana em L.A foi assim, só saindo, indo a vários lugares, voltando pra casa no dia seguinte e na maior parte das vezes bêbados. Teve até um dia em que fomos para a casa de praia e só voltamos no dia seguinte a noite, nosso pai quase morreu de preocupação mas pelo menos a Ohana acalmou ele e nos defendeu.

A conversa cessa quando ouvimos alguém bater a porta. Ele rapidamente puxa uma coberta, nos tapa e grita um "entra".

- PQP, todos os quartos dessa casa estão fedendo a álcool e água salgada - refila a Filly alto demais entrando.

- Bom dia pra você também - diz o Tae fechando os olhos e massageando as temporas pelo barulho que a cunhada faz.

- Bom dia? - ela pergunta irónica - Vocês não pegaram nos telefones ainda? Já são quase 03:00 P.M.

- O resto do grupo? - pergunto e pego o meu telefone.

- Estão todos lá em baixo tomando a sopa milagrosa das meninas e discutindo sobre o que vamos fazer hoje - ela se joga no nosso meio - Espero que essa coberta esteja limpa.

- Não está - o Tae provoca e ela faz cara de nojo.

- Seus tarados. Enfim eu só vim mesmo chamar vocês, não demorem senão ficam sem comer - ela se levanta e sai do quarto.

Nos levantamos e fazemos a nossa higiene juntos com direito a algumas brincadeiras e mãos bobas. Ao descer as escadas já conseguimos ouvir o barulho que vem da sala de jantar.

- Bom dia família - cumprimentamos ao mesmo tempo e nos sentamos enquanto a Mel ativa o modo mãe e nos serve - Obrigada unnie - agradeço assim que ela pousa prato a minha frente.

- Nossa, isso está delicioso - elogia o Tae depois de provar - Obrigada cunhada.

- De nada mas agora precisamos decidir o que vamos fazer hoje - ela diz ao se sentar no colo do Namjoon - Eu prefiro ficar em casa a maratonar algum dorama.

- Eu também - diz o Namjoon, a You, a Filly e o JK.

- Nós vamos dormir - diz o Yoongi se referindo a ele e a namorada.

- Vocês são tão sem graça - refila a Lucy - Eu, o Ji e o Hobi decidimos ir ao Griffith Observatory.

- Eu e o Minnie vamos ao Rodeo drive fazer algumas compras - diz a Jorgy acabando o sumo de maçã.

- Burgueses - digo e dou um sorriso - Eu e o Tae também queremos ficar em casa.

- Na verdade - ele diz sem jeito - Ir ao Rodeo parece divertido, então eu vou com o casal. Você se importa? -  pergunta atencioso.

- Claro que não - deixo um beijo na sua bochecha e continuo a comer.

Dito isso outro assunto toma conta, estão todos falando sobre a noite passada e a madrugada de hoje de maneira bastante animada e combinando a próxima saída. Depois cada um segue o seu rumo e quando me despeço do Tae penso no que fazer e decido ir para o quarto e organizar a bagunça que ele se encontra.

Seleciono uma das playlists aleatórias do YouTube e quando dou por mim já estou a fazer uma revisão nas coisas que deixei antes de ir para a Coreia e que esqueci por completo que existiam. Encontro algumas caixas que estavam guardadas no fundo do meu closet e reconheço de imediato uma delas, preta com um laço prateado, sinto um arrepio tomar conta de todo meu corpo e uma tristeza rasgar o meu coração. Me sento de pernas cruzadas e abro lentamente a caixa, desmanchando o laço cuidadosamente, destrancando sentimentos e memórias, os meus olhos marejam assim que vejo o fato preto que usei para ir visitar a campa dele e a caixa de veludo onde estão os nossos anéis de compromisso, por baixo encontro o álbum que os pais dele me entregaram, um caderno meu, as nossas coroas do baile e mais um monte de coisinhas que fui colecionando durante o nosso namoro e após a morte do Sam.

Abro o álbum e a cada virada de página um milhão de lembranças e lágrimas, a playlist é traiçoeira comigo e começa a tocar Surpreender da Natalie Taylor. Sei que tudo aconteceu por uma razão e que talvez hoje a minha vida não seria como é se ele ainda tivesse vivo. Talvez agora nós estaríamos casados, a viver em Nova York porque ele nunca gostou assim tanto de L.A, com 3 filhos e felizes ... imagino uma vida inteira ao lado dele só de olhar para a foto em que estamos deitados na grama do jardim da casa dele olhando um para o outro com o mais puro e verdadeiro dos amores. Soluço alto e me permito chorar tudo que está preso dentro de mim.

Abro o meu caderno e descubro o porquê de ter me esquecido dele, tem cartas e poemas que escrevíamos juntos, um texto feito por ele com o título "O dia mais feliz da minha vida" que ele me fez prometer que não iria ler e só depois eu descobri que eram os votos de casamento que ele já planejava, ele era um romântico incurável das antigas sim, daquele que não se encontra facilmente e eu? Eu era cegamente apaixonada por ele, por cada respiração, cada palavra, cada toque, cada beijo e é no barulho do meu choro e de uma música qualquer que me apercebo que eu ainda o amo. Vou até a ultima página e leio uma, duas, três, quatro ... treze vezes seguidas a música que escrevi 2 meses depois da morte dele.

Me deito abraçada a uma camisa que estava no fim da caixa, a minha favorita, e a levo até ao nariz na esperança de ainda sentir o cheiro dele mas já não existe, cheira a papel velho e lembrança o que aumenta o meu choro. Não me levem a mal, eu amo o Taehyung e sei que é verdadeiro mas o Hugo é uma parte de mim, o meu primeiro amor, o meu primeiro em tudo, ele me ajudou em tantas situações, sempre esteve ao meu lado e eu o vi ir embora enquanto estava deitado nos meus braços dizendo que me amava e me chamando de rainha.

- Cheguei minha vida - ouço a voz do Tae invadir o quarto enquanto as minhas lágrimas quase me afogam.

Ouço ele entrar no closet, um barulho de sacolas encontrando o chão e os seus passos apressados.

- Taina o quê que se passa? - ele se senta e me puxa para os seus braços.

- T-Tae d-d-dói tan ... - tento falar mas o meu choro só aumenta com o aperto do seu abraço.

- Ssssssh, se acalma primeiro - ele diz fazendo um carinho leve nas minhas costas.

Não sei quanto tempo ficamos nessa posição, com os seus braços ao meu redor, com a camisa do Sam entre nós e o meu rosto deitado no seu peito encharcando o seu casaco.

- Quer falar sobre o que é tudo isso? - ele pergunta meigo e baixo.

- São coisas do Hugo e algumas nossas - digo com a voz fraca e rouca de tanto chorar e soluçar - Lembranças que eu fiz questão de guardar mas não mexer ou levar para a Coreia comigo.

- E porquê que você decidiu mexer nisso hoje?

- Foi por acaso, eu estava arrumando o quarto e decidi escolher algumas coisas para levar.

Ele não me responde mas também não se afasta.

- Você ainda ama ele? - o Tae pergunta depois de alguns minutos com um tom de voz que não consigo decifrar.

Eu me afasto lentamente dele, enxugo as minhas lágrimas e o encaro em silêncio. Não sei o que responder porque não quero mentir mas também não quero o machucar.

- Eu já entendi - ele responde e se levanta - Vou buscar um copo de água para você - e assim ele sai do quarto.

Aproveito isso para arrumar a caixa, por no mesmo lugar, arrumar o pouco que faltava, desligo a música e me sento na cama com o caderno em mãos, foi a única coisa que não consegui guardar. Ele adentra o quarto e em silêncio me entrega o copo de água, que pelo fundo sei que tem açúcar, e eu bebo tudo antes de começar essa conversa com ele.

- Sim - eu respondo - Eu ainda amo o Hugo.

Ele respira fundo e espera que eu continue.

- Eu sei que é injusto com você mas eu espero que entenda que a minha história com ele acabou de maneira traumatizante, num piscar de olhos. Foi como ficar com a bagagem de alguém que disse que ia até ao banheiro mas nunca voltou, me entende?

Ele apenas concorda com a cabeça mas eu quero que ele me diga algo.

- Eu sei que preciso me livrar de certas coisas, dessas lembranças e retomar as minhas consultas com o psicólogo e eu pretendo fazer isso, de verdade, mas você precisa entender que esse amor não vai sumir tão rápido quanto essas coisas, afinal eu tive anos para deixar de amar ele mas nem sempre o tempo é o melhor remédio - finalizo e analiso o rosto do Taehyung a espera que algo denuncie o que ele está sentido mas não vejo nada.

- Se põe no meu lugar - ele pede depois de alguns segundos em silêncio - Imagina como seria difícil para você me ver sofrer e a amar alguém que, infelizmente, já não está vivo. Ter que me ver tomar remédios e me encontrar chorando compulsivamente sempre que algo me lembra dessa pessoa.

- Eu imagino - respondo cabisbaixa.

- Eu não quero ser egoísta, não me sinto ameaçado e acredito cegamente no seu amor por mim. O que eu quero é que você entenda que dói em mim ver a mulher que eu amo nesse estado -  ele se senta ao meu lado - Eu quero ver você feliz, quero que se livre da dor e guarde apenas as coisas boas que ele deixou para e com você.

- Mas ... - sou interrompida.

- Mas não é fácil, você já me disse isso mil vezes mas você parou de ir ao psicólogo e passou a viver de remédios e uma rotina agitada - ele ralha - Eu não posso arrastar você a força para uma consulta, não posso te obrigar a nada e nem vou fazer isso, só te peço para que pense no seu bem.

- Eu vou fazer isso - levanto o rosto e olho para os seus lindos olhos - Eu prometo.

Ele sorri, deposita um beijo na minha testa, se levanta e diz que vai tomar banho.

- Tae - chamo antes dele entrar no banheiro - Obrigada - sorrio.

- Não precisa me agradecer meu amor - ele diz meigo e fecha a porta.

Eu sei que ele está triste só pelo seu olhar mas não o julgo, ele tem sido tão paciente e um grande suporte. Encaro o caderno que ainda está nas minhas mãos e decido que amanhã mesmo vou começar a fechar as portas do meu passado.

•Quebra de tempo•

Acordo de manhã cedo, antes mesmo dos trabalhadores, me preparo o mais silenciosamente que consigo e saio de casa sem nem tomar o pequeno almoço. Depois da minha conversa com o Tae ontem decidi começar a organizar o meu passado e por isso carrego a caixa das lembranças até ao carro e me dirijo até ao centro da cidade, primeira paragem uma ourivesaria porque decidi vender os nossos anéis na esperança de que eles façam outro casal feliz, pelo menos é isso que eu espero. Junto o dinheiro ao fato preto e deixo num centro de doações.

- Okay, agora será a pior parte - falo para o nada, suspiro pesadamente e me concentro no caminho.

Estaciono o carro e olho para os grandes portões pelos quais ninguém gosta de passar. Caminho apressadamente entre as campas enquanto procuro a do Sam. Eu nunca gostei de cemitérios, quer dizer, quem gosta? Mas eu simplesmente não suporto, me sinto sufocada e sem vida mas ainda assim faço um esforço porque preciso disso. Encontro finalmente a campa que procurava e sinto o coração partir um pouco mais, ainda custa aceitar que o que resta dele está aí, que não tivemos uma oportunidade, ele não teve uma oportunidade de ser e ter tudo o que queria e a culpada sou eu.

Me ajoelho e observo o que está escrito « Hugo Santiago. Amado filho, parente e companheiro. Que continues a iluminar o caminho daqueles que te amam onde quer que estejas. Descanse em paz» acompanhado da data de nascimento e da morte.

- Oi Sam - já estou a chorar e só me apercebo pela voz fraca - Lamento por vir somente agora, depois de tantos anos. É que a minha vida é uma montanha-russa e o tempo livre é realmente escasso - dou uma pausa para respirar e limpar as lágrimas.

- Eu me tornei uma cantora e modelo, eu e minhas irmãs formamos um grupo e nos mudamos para a Coreia do Sul, isso explica o porquê de não ter vindo antes. Também segui o seu conselho e estou namorando alguém, Kim Taehyung é o nome dele e ele também é cantor e faz parte de um grupo. Às vezes eu acho que foi você que enviou ele pra mim sabe? Porque eu estava disposta a passar o resto da minha vida sozinha, esperando a próxima encarnação para te encontrar ... mas isso foi antes dele chegar.

Abro a caixa lentamente e observo as coisas que ficaram, entre elas a camisa e o meu caderno que é o que tiro, abro e procuro uma página em especial.

- Eu fiz uma música para você alguns meses depois da sua morte e hoje vim para cantar ela e me despedir de você de vez.

Música na multimedia.

Enquanto canto as minhas lágrimas aumentam e eu tento me controlar para não soluçar. Várias memórias invadem a minha mente, os ataques de risos por causa de uma piada no meio da aula, as tardes que passávamos deitados no jardim da casa dele olhando as nuvens e tirando fotos enquanto a mãe dele preparava a nossa torta favorita, o nosso primeiro beijo nos baloiços do parque a frente da nossa gelataria favorita, o pedido de namoro onde choramos horrores ele porque estava com medo que eu o rejeitasse e eu de emoção, às vezes que discutimos por coisas sem sentido e no final ele me abraçava apertado dizendo que me amava e detestava quando aquilo acontecia, os momentos quentes onde ele me tocava de uma maneira que deveria ser proibida para dois virgens apaixonados e aquela noite, a noite onde nos amamos, de uma forma desajeitada e um pouco dolorosa mas nos amamos. Eu era dele e ele era meu, ele era meu e eu o matei, com isso as minhas lágrimas aumentam e eu aperto o caderno com força na esperança de que toda a agonia, sufoco e dor que sinto saia do meu corpo.

- Me perdoa Hugo, eu estraguei tudo - soluço alto e me dobro sobre a campa de mármore preto - Eu te amei e ainda te amo mas não mantive a promessa que acabei de cantar.

No mesmo momento sinto o meu telefone vibrar dentro da carteira mas não vou a tempo de atender, era a Mel e noto mais 6 chamadas dela, 12 do Tae, 29 do papai e 307 mensagens no grupo que temos em comum e uma da Lorana dizendo «Se você estiver bem se prepare pois assim que chegar o papai e a Mel vão te matar, espero ter ajudado».

Guardo telefone e volto a minha atenção ao que estou fazendo.

- Eu vou deixar com você as nossas últimas memórias, tudo isso que a gente colecionou juntos e que você deixou pra' mim - digo depois de fechar e arrumar o caderno na caixinha.

Depois de alguns minutos pedindo encarecidamente ao coveiro para me ajudar, ele finalmente aceita cavar um buraco ao lado da campa, onde eu coloco a caixa e o observo jogar areia por cima. Me sinto aflita e sinto vontade de pedir pra ele parar, tirar ela daí e ir embora mas me lembro da promessa que fiz a mim mesma e ao Tae e decido cumprir pelo menos essa.

Estaciono o carro na entrada da casa que um dia já foi meio que minha e noto que mal mudou. Caminho lentamente até a porta, olhando tudo ao meu redor e sendo invadida por mais uma serie de memórias. Toco a campainha e espero pacientemente ela ser aberta por uma mulher que atualmente está mais baixa que eu e que aos poucos vai ganhando alguns fios brancos, o que a torna ainda mais bonita.

- Tay, minha filha - ela diz com os olhos arregalados e já marejados.

- Oi mom - sorrio e ela me puxa para um abraço apertado.

- Meu Deus como você cresceu, entra entra - me puxa para dentro - Meu bem, olhe só quem está aqui - ela grita enquanto caminhamos para a sala.

- Quem ... - ele me encara da mesma maneira que a mulher, eu caminho até ele e o abraço para ver se ele sai desse transe.

- Sou eu dad, em carne e osso - tento soar feliz e ele retribui o abraço.

- Não estou acreditando - ele se afasta e me observa atentamente - O que você andou comendo lá na Coreia menina? - ele brinca - Se sente e nos conte tudo, quer beber alguma coisa?

- Um copo daquela limonada que a mom faz, se for possível - eu peço e ela sorri.

- Eu já volto - ela sai da sala e eu aproveito para olhar tudo ao redor.

Noto alguns móveis novos e algumas fotos espalhadas, me levanto para as observar melhor pois tive a impressão de ver algumas que me são bastante familiares e descubro que não era impressão, eles têm uma foto minha abraçada com o Hugo nas escadas da casa de praia deles, uma só dele bebé, outra já adulto onde ele sorria abertamente para a câmera e os cabelos levemente encaracolados lhe tapavam um pouco os olhos e por fim uma só ... minha, no palco da primeira tour.

A mãe do Hugo volta pra' sala e chama a minha atenção, ocupo o meu lugar e eles iniciam a conversa.

- Você está linda Taina - ela elogia e o marido concorda - Como você está? As suas irmãs? O seu pai?

- As meninas estão bem mom, não mudaram nada, assim como o papai -  sorrio.

- Soube que o Leonard tem uma nova mulher - ele diz.

- Ah sim, a Ohana, ela é um doce e está fazendo muito bem ao papai.

- Mas você não respondeu como você está - ela diz me olhando séria.

- Nem tão bem assim.

- É, eu reparei - ela bebe um pouco do líquido no seu copo e eu faço o mesmo me deliciando com a melhor limonada que já bebi - Você pode falar pra' gente o que está acontecendo porque eu notei logo os seus olhinhos molhados.

- Eu fui ao cemitério hoje, me despedir do Sam - digo com pesar.

- Despedir? - o pai dele me pergunta com uma cara confusa.

- Sim, eu enterrei uma caixa com coisas nossas e me despedi dele com uma música que escrevi alguns anos atrás - digo - Eu precisava disso para seguir em frente.

- Meu bem você já deveria ter feito isso há mais tempo - ela me diz calma - O Hugo te pediu isso, ele te amava demais para deixar você sofrer eternamente por algo que você não teve culpa.

- Eu gostaria de pensar assim também - digo cabisbaixa.

- O problema é que você não consegue se perdoar Taina - o senhor diz sério - Você pôs na sua cabeça que o Sam te culparia, que a gente te culpa e que o universo inteiro te culpa enquanto que poderia ter sido o contrário. Agora me diz, você gostaria que o Hugo vivesse se culpando e transportando uma dor desnecessária?

- Claro que não - respondo imediatamente.

- Então se perdoe e se livre dessa dor - ele completa.

Meus olhos se encheram de lágrimas e mais uma vez me vou abaixo sendo confortada pelos braços da minha ex sogra. Depois de me acalmar eles me dão mais alguns conselhos, eu aproveito para matar a minha curiosidade e pergunto sobre a minha foto no meio das outras da família e o que eles me responderam me deixou feliz.

- A gente tem acompanhado o vosso grupo desde o começo, na vossa primeira tour a gente foi no show que teve aqui e ver tanto você quanto as suas irmãs brilhando e sorrindo nos provou que nenhuma dor nessa vida é eterna, a gente só precisa das pessoas certas.

E foi com essa frase que eu voltei para casa e assim que abro a porta sinto vários olhares caírem sobre mim.

- Graças a Deus - a Mel diz e chora acompanhada da Lucy enquanto a Jorgy as consola.

- Onde você se meteu mulher? - pergunta uma Lorana irritada - Você quase matou nosso pai e nossa irmã mais velha, sabe o quão perigoso é a pressão baixa e alta?

- Deixem ela respirar um pouco, não conseguem ver que ela também não está bem? - diz a Yourain me abraçando e me puxando para sentar ao lado do Hobi.

- Me desculpem - é a primeira coisa que digo - Eu não queria vos deixar preocupados - olho diretamente para a Mel e a Lucy.

- Agora pode nos dizer onde esteve o dia todo? - a Filênia pergunta.

- Taina Collin - ouço a voz do nosso pai que está descendo as escadas.

- Papai, me perdoe - peço me levantando e caminho até ele - Eu prometo que vou explicar tudo - o abraço.

- O Tae? - pergunto em seguida.

- Ele foi lá pra' cima faz tempo - responde o Jin.

Antes que eu pudesse subir para o chamar ele desce as escadas lentamente, passando por mim e ocupando um lugar junto aos outros. Papai se senta na sua poltrona e todos esperam que comece com minha explicação.

- Primeiro eu quero me desculpar outra vez, eu sei que a gente combinou falar sempre onde vai e com quem por causa do que aconteceu com a Lory e com a Jorgy. Hoje eu fui ao cemitério me despedir do Hugo, ontem eu encontrei uma caixa com algumas coisas dele e depois de conversar com o Tae e passar a noite pensando no assunto decidi que precisava deixar essa historia para trás. Quando sai de lá eu passei na casa dos pais dele e fiquei lá até pouco tempo conversando com eles, algo que também me ajudou muito. O meu telefone acabou ficando sem carga por isso eu não vi as outras chamadas e mensagens.

- Então você chegou a ver algumas das chamadas e mensagens? - o papai pergunta.

- Sim mas não respondi ninguém porque sabia que vocês iriam ter comigo e eu precisava fazer isso sozinha.

Um silencio constrangedor tomou conta do lugar até o nosso pai se levantar, caminhar até mim e me pegar pelas mãos para que levantasse.

- Ainda bem que você está bem e segura, espero que consiga ser mais feliz agora meu amor - ele diz, me deixa um beijo na testa e diz que se precisarmos dele ele vai estar no escritório. Em seguida as minhas irmãs e os meninos também me abraçam e cada um toma o seu rumo me deixando com um Taehyung de braços cruzados.

- Tae ... - tento falar quando me aproximo mas sou interrompida quando ele me puxa e abraça.

- Eu não estou chateado com você, eu estava preocupado apenas, porque assim que eu acordei e reparei que você não estava em casa e que a caixa havia desaparecido do seu closet eu soube onde e o quê que você foi fazer - ele suspira e me aperta ainda mais contra ele - Eu só queria estar com você naquele momento porque eu sei que foi difícil e que você deve estar triste e com a cabeça cheia de coisas.

É incrível como ele sempre sabe o que dizer para me fazer sentir mais segura e amada, ele é sim um príncipe que a Disney não tem.

- Me desculpa meu amor mas eu precisava fazer isso sozinha mesmo - digo com a cabeça encostada no peito dele.

- Já passou. O importante é que você já está aqui, comigo - dito isso ele sela os meus lábios delicadamente por alguns segundos - Agora você precisa descansar e a gente fala sobre o que aconteceu quando você se sentir à vontade.

Aqui, agora, eu abro um enorme sorriso enquanto olho para o rosto angelical do homem que me abraça e agradeço por o ter conhecido.

Muito obrigada por tudo Hugo mas está na hora de seguir em frente com o Tae.

•MELSANDRA ON•

Finalmente a data do nosso regresso para a Coreia se aproxima e eu não podia estar mais feliz e ansiosa, não me levem a mal, mas a Califórnia já não me faz sentir em casa, apenas as pessoas que ainda cá estão me prendem por tanto tempo aqui e por coincidência recebo uma mensagem de uma dessas pessoas.

~ Sammy 😇💙: Tudo certo pra' hoje candy? - ela sabe que odeio esse apelido ridículo mas por hoje irei tolerar.

~ Eu: Tudo sim Sammy, a gente se encontra na pastelaria de sempre no shopping?

~ Sammy 😇💙: Sim, por volta das 01:30 P.M. quando sair do trabalho.

~ Sammy 😇💙: Afinal nem todas têm uma vida de burguesa safada e artista que nem você.

Rio da piada ridícula de uma das gêmeas e respondo apenas um até já.

Me assusto ao sentir braços fortes me abraçarem por trás e quase deixo cair o telefone.

- Desculpa princesa - diz o Namu rindo da minha cara.

- Não tem piada Namjoon, eu podia ter morrido de susto - faço a minha melhor expressão de brava mas isso só aumenta a crise de riso dele.

- Você fica ainda mais fofa quando faz essa expressão - ele aperta as minhas bochechas e morde o meu lábio inferior me fazendo sorrir.

- Hoje eu vou sair com a Samanta okay? - digo indo até ao meu closet para escolher o que vestir.

- Só vocês as duas? - ele pergunta se sentando no sofá que aqui tem.

- Deu para desconfiar do que digo? - brinco.

- Claro que não, só estou perguntando - ele diz sério deixando claro que ainda quer uma resposta.

- Sim, só eu e a Samanta - dou ênfase e tiro um vestido curto, rodado e laranja.

- Você vai com o motorista ou conduzindo? - pelos vistos a sessão de perguntas vai continuar

- Conduzindo.

- A que horas?

- 01:30 P.M.- caminho até ele depois de deixar o vestido em cima da cama e me sento no seu colo.

- E a onde vocês vão?

- Para o shopping - deixo um beijo no seu pescoço e outro e mais um.

- Você está tentando me distrair - ele resmunga apertando a minha cintura.

- Porque você está parecendo o meu pai e me fazendo perder o interesse - o beijo antes que ele tenha a oportunidade de responder.

Apesar da posição em que nos encontramos o beijo é calmo, carinhoso e livre de segundas intenções, a prova disso é o selinho na ponta do meu nariz que ele deixa antes de se afastar e me olhar com amor.

- Eu só me preocupo com você e faço um monte de perguntas porque se algo acontecer eu posso ir ter com você - ele me abraça mas sem quebrar o contacto visual.

- Eu sei meu amor, obrigada - sorrio - Agora eu preciso me preparar tá?

- Posso ficar aqui quietinho apenas te observando e babando? - ele pede todo manhoso, o que é raro nele.

- Pode meu dengo - deixo mais selinho nos seus lábios e vou para o banheiro tomar um banho.

Enquanto me preparo ele não fica quietinho apenas observado não, ele opina sobre a cor da roupa íntima que estou usando, sobre o quão fina a calcinha é, que eu devo por uma legging por baixo do vestido, que devo usar sandálias em vez de saltos, usar o cabelo solto e cacheado ao em vez de liso e preso em rabo de cavalo ... enfim, alguém quer um stylist pessoal? Pode levar de graça.

Depois de me despedir dele e do resto do bando de selvagens que chamo família e de dirigir até ao centro da cidade finalmente consigo ocupar uma mesa bem localizada na pastelaria e peço um americano para me deliciar enquanto espero a Sammy. Só não estava à espera de encontrar outra pessoa que também deseja conversar comigo porém eu não tenho qualquer vontade para tal.

- Oi - diz já se sentando na cadeira de frente para a minha.

- Está me perseguindo? É que isso está se tornando muito chato já - respondo com cara de nojo.

- Não. Eu estava apenas passando, te vi aqui e decidi vir conversar com você visto que não atende as minhas chamadas, não responde as mensagens e me bloqueou nas suas redes socias - o tatuado diz e quando a garçonete se aproxima ele pede apenas uma água.

- Achei que fosse mais esperto e que iria entender o recado Jaebeom - digo simples e seca - Mas bem, me deixe clarificar um pouco mais as coisas: Eu não quero falar com você porque primeiro você me desrespeitou, ao meu namorado e o meu relacionamento também, fez de tudo para que ele perdesse a cabeça para que você saísse como o bonzinho da merda toda, você não me ama e me quer pelas razões certas, você me vê como um troféu que desesperadamente, de uma maneira ou outra, você precisa ter para enfeitar a sua sala e não sabe como lidar com o simples facto de que eu já não caio no seu papo de galã. Eu sou e estou feliz com o Namjoon e você já não significa nada, além de passado, para mim.

- Disse tudo? - é o que pergunta com esse ar prepotente que só ele tem.

- Sim, agora pode ir - faço sinal para que ele se levante e espero que assim o faça e me deixe em paz de uma vez por todas.

- Você está certa em alguns aspectos e em outros não - ele começa a dizer e eu já reviro os olhos - Eu peço desculpas por ter te desrespeitado daquela maneira, eu deveria ter me controlado, eu realmente lamento. Sim, eu provoquei ele para que você também visse o outro lado dele e pensasse melhor sobre o homem com quem você está. Não Mel, eu não te vejo como a porra de um troféu ou um enfeite para a minha sala, eu te amo, demorei para aceitar e admitir mas é verdade. Eu quis te falar isso naquele dia, há anos atrás, mas fui um covarde e fiquei assustado porque nunca havia tido uma ligação tão boa quanto aquela e estava com medo de estragar tudo.

- Você estragou tudo Jay - dou ênfase - E eu conheço bem o homem com quem estou, aquele seu showzinho não mudou a minha opinião sobre ele, muito menos abalou a nossa relação e diminuiu o nosso amor. Você me perdeu, apenas aceite e siga em frente.

Ele suspira alto e parece refletir sobre tudo o que falamos. Depois de alguns minutos em silêncio ele se pronuncia outra vez.

- Você me perdoa? Por tudo, desde quando nos conhecemos até hoje, neste exato momento? - ele pergunta mais manso.

- Você está me pedindo demais não acha? - pergunto com as sobrancelhas arqueadas.

- Se você me perdoar, de coração, eu desisto de vez e te deixo em paz - ele diz mas noto que não está satisfeito com a proposta.

- Eu te perdei pelo passado faz tempo Jay, e agora te perdoo sim pelo que você fez desde que nos reencontramos no aeroporto - respondo e bebo um pouco do americano que a garçonete trouxe junto com a água dele mas que me havia esquecido por causa da conversa.

- Então eu estou abrindo mão de você mais uma vez e de vez - ele bebe a sua água e se levanta abrindo os braços - Um último abraço?

- Melhor não - estico a mão e ele a aperta contragosto e desaparece entre a multidão assim que sai.

Arrumo a minha postura e o cabelo suspirando alto, estou sentindo um grande alívio por ter fechado essa porta que o Jay insistia em abrir.

Depois de mais alguns minutos à espera, a Samanta finalmente aparece e dispara vários pedidos de desculpa pelo atraso dizendo que o engarrafamento está horrível.

- Então Candy, me conte tudo e mais alguma coisa sobre o que aconteceu desde a última vez que falamos - ela diz animada depois de fazer o seu pedido.

- A última vez que a gente falou foi hoje de manhã Sammy - brinco e ela revira os olhos.

- Então me deixe ser mais específica, me conte tudo o que aconteceu do BBMA até agora.

Fico mais ou menos uma hora e meia falando sobre os últimos acontecimentos deixando o mais recente para o final.

- O Jay esteve aqui - falo após provar a minha torta de strawberry cheesecake.

- QUÊ? - ela quase grita, chamando a atenção de algumas pessoas, e arregala os olhos.

- Isso mesmo, ele disse que estava de passagem quando me viu e por isso decidiu vir conversar comigo porque eu estou ignorando as chamadas e mensagens dele e o bloqueei nas redes socias.

- Determinada, gostei - ela sorri - E aí? O que ele disse?

- Que me ama desde aquele dia mas que não teve coragem de admitir - sou curta e objectiva.

- Só isso? - ela arqueia as sobrancelhas e eu sou obrigada a contar detalhadamente.

- Pense pelo lado positivo, você finalmente se livrou dele, é menos um assunto para lidar.

- Sim eu sei, tem notícias da Amanda? - pergunto pela mais desajuizada do trio.

- Consegui falar com ela ontem de manhã, ela está viajando pela América Latina com o marido.

- Ela ainda está conseguindo viajar? - pergunto surpresa, nunca imaginei a Amy casada e grávida.

- Segundo ela sim mas se cansa com facilidade, eles voltam mês que vem e aí param com essas viagens porque ela vai ficar de repouso - ela responde com uma certa animação.

Continuamos jogando conversa fora até que ela fica um pouco mais séria.

- Você sabe que eu não te contaria sobre isso se eu não achasse correcto né? - ela começa com certa hesitação e eu a incentivo a continuar - Eu tive com o Liam ontem e ele me perguntou sobre você.

- Onde foi isso e o que foi que você disse? - pergunto sentindo o meu peito apertar.

- Na rua da floricultura onde trabalho, ele está fazendo trabalhos comunitários lá perto e eu disse que você está bem - isso desperta a minha curiosidade - Ele sabe que você está cá, te viu na TV e em uma discoteca com o grupo.

- Ainda bem que ele não chegou perto, o Nam seria bem capaz de partir pra' cima dele - dou de ombros.

- Ele estava trabalhando nesse dia Mel mas vocês não viram ele porque estavam na área vip, sendo atendidos por outro garçon e eles estavam usando máscaras naquela noite - ela diz e suspira - Eu acho que você deve falar com ele, tal como fez com o Jay, e deixar tudo em pratos limpos.

- Não há pratos para serem limpos Samanta - digo no mesmo tom que ela.

- Tem certeza?

Não, eu não tenho certeza e foi assim que deixamos o café depois de pagar a conta e nos despedimos no parque de estacionamento. A verdade é que eu não sei ao certo o que sinto pelo Liam, eu sei que não é amor ou algo do gênero mas também não é raiva, talvez seja pena ... eu não sei.

Quando chego em casa encontro o Hobi, o Jin, o JK e o Namu conversando na sala.

- Cadé o resto do pessoal? - pergunto me aproximando e sento no colo do meu namorado, isso virou um hábito já afinal pra quê que serve uma cadeira quando se tem Kim Namjoon para sentar, esse que logo me abraça pela cintura.

- As nossas namoradas saíram para comprar algumas coisas, o resto está por aí dormindo ou se comendo - diz o JK e eu rio enquanto os meninos o olham com expressões assustadas.

- Quando foi que você cresceu e eu não reparei? - pergunta o Hobi fingindo indignação.

- Aprendeu com a Filênia, só pode - o Jin dramatiza e o que ambos recebem é apenas um dedo do meio vindo do mais novo.

- Então nós iremos fazer o mesmo - digo puxando o meu namorado - Até já cunhadinhos.

- EWW - eles gritam e nós sorrimos.

Assim que chegamos no quarto ele ataca a minha boca com urgência me apanhando desprevenida e me tirando o ar.

- Namu - digo me afastando do contacto dele - Eu preciso conversar com você.

Ele logo para de tentar me beijar outra vez e me encara sério.

- Aconteceu alguma coisa? - ele pergunta e eu confirmo com a cabeça.

- Enquanto eu estava à espera da Sammy o Jay apareceu lá na pastelaria - digo olhando atentamente para ele tentando identificar o que está sentindo agora a partir das suas expressões faciais.

- Obrigada por me contar princesa mas eu já sabia - ele sorri mínimo e me abraça pela cintura - Alguns fãs viram vocês lá e postaram várias fotos criando teorias, incluindo no momento em que ele quis te abraçar e você apenas estendeu a mão.

- Esse tipo de fã me tira do sério, não posso nem sair para beber um café que já sou fotografada - reclamo e logo em seguida reparo em algo - Calma, você não está chateado, desconfiado ou curioso para saber sobre o que a gente conversou?

- Não, não e sim - ele comenta rindo e me dá um selinho.

Nos deitamos no longo e felpudo tapete e conto tudo o que foi dito fazendo o Namjoon se sentar rapidamente e abrir um sorriso enorme.

- Calma, isso significa que não terei que me preocupar mais com ele te perseguindo e importunando? Nem tratando a minha paciência? - ele pergunta super animado.

- Pelo que ele me disse sim, eu o perdoei e ele vai se afastar de vez - eu digo sentando também.

- AAAAAA eu estou tão feliz !!!! - ele exclama e me puxa para o colo dele distribuindo vários beijos pelo meu rosto e pescoço.

- Amor ... calma que ... ainda tem mais - digo entrecortada pelos beijos.

- O quê?

- A Samanta falou sobre o Liam, ele sabe que estamos cá porque na noite de máscaras ele estava na discoteca - ele logo parou de distribuir os beijos e ficou me encarando com a cara fechada.

- E? - é incrível como ele sabe que tem algo a mais para ser dito.

- Ela me aconselhou a conversar com ele - eu digo receosa.

- Você não vai - ele diz sério.

- Mas ...

- Não Mel, eu não te quero perto dele - ele me tira do seu colo e levanta.

- E se você for comigo? - pergunto me levantando também.

- Você não pode estar falando sério - ele olha pra' mim como se da minha boca tivesse saído a pior das ofensas.

- Eu estou. Durante todo caminho de volta eu fiquei pensando nisso - me aproximo dele lentamente - Tal como o Jay, o Liam continua sendo uma parte não resolvida do meu passado.

- E porquê que você quer resolver agora? - ele pergunta com o tom de voz irritado - Deixa o passado onde ele está por favor.

- Se deixar as coisas assim terá sempre algo no nosso caminho - eu consigo me aproximar o suficiente para o abraçar pelo pescoço.

- Argh, está bem. Eu vou com você mas se ele tentar alguma coisa eu não respondo por mim - ele também me abraça e o assunto acaba por enquanto.

•Quebra de tempo•

Falta um dia para voltarmos para a Coreia e em vez de estarmos em casa a organizar as coisas estamos aqui, caminhando até ao restaurante onde marcamos de nos encontrar com o Liam.
Como eu consegui o número dele? Tenham uma amiga chamada Samanta e descubram de tudo um pouco.

Entramos no espaço e logo os meus olhos se cruzam com os azuis intensos do Liam, que levanta a mão e acena para irmos ter com ele.

- Oi, obrigado por terem vindo - ele diz assim que nos aproximamos.

- Oi Liam, esse é o Namjoon, o meu namorado - apresento os dois.

- Muito gosto Namjoon - ele responde e estende a mão.

- Todo meu - ele a aperta e nos sentamos.

- Então, como você está? - ele pergunta olhando para mim.

- Bem e você? - o Namjoon entrelaça a sua mão a minha, ele está marcando o território.

- Estou melhorando - ele diz simples - Eu sei que vocês não estão entendendo o porquê que insisti tanto em falar com você Mel ... - ele é interrompido.

- Melsandra - Namjoon o corrige brutamente.

- Desculpa. Eu sei que você também não está à vontade com isso Namjoon e eu entendo o seu lado então eu serei rápido ao explicar - ele diz e faz uma pausa para beber um pouco de água.

- Desde a última vez que nos encontramos, naquele bar, onde eu vi o seu olhar de medo pesando em mim, que muita coisa aconteceu - ele lamenta com um semblante triste.

- Tipo? - pergunto me sentindo extremamente ansiosa.

- Os meus pais me deserdaram, me tiraram de casa e eu tive que me virar. Passei a morar com um amigo que vende ... bem, vocês sabes, e com isso eu passei a consumir ainda mais até que uma vez a polícia invadiu a casa porque afinal ele também vendia e nos prendeu - ele faz uma pausa para se recompor.

- Não precisa contar tudo - o Namjoon parece se sensibilizar.

- Está tudo bem, eu preciso deixar tudo esclarecido - ele diz sorrindo para o meu namorado e continua - Eu fiquei alguns anos na cadeia mas depois de tanto pedir perdão e por favor para que os meus pais me ajudassem, a minha mãe arranjou um advogado para mim e por coincidência no dia em que nos encontramos no bar eu estava celebrando um mês de liberdade.

- Mas estava bebendo e claramente consumiu algo a mais - digo rude.

- Sim e foi aí que os meus pais me deram uma última chance e me internaram em uma clínica de reabilitação. Os primeiros meses foram horríveis, eu tinha febres e enjoos por causa das crises de abstinência.

Me lembro de quando eu tive as minhas e me sinto irritada com ele porque ele é o culpado.

- Eu sei bem como são essas crises, tive várias por causa de você - cuspo sem dó.

- Eu sei ... - o interrompo.

- Não Liam, você não sabe porque você não sentia o mesmo que eu. Se você me amasse de verdade como dizia não teria me incentivado a seguir o mesmo caminho que você, pelo contrário, você teria me pedido ajuda para sair da merda que você estava se metendo - digo sem me importar se já estou gritando e atraindo todas as atenções para mim.

- Calma meu amor - o Namjoon pede meigo.

- Sem calma Namjoon, ele não me chamou para conversar? Então estamos conversando -  digo olhando para o Liam sentindo o meu sangue ferver - Eu te amava e sabe o que você fez? Você se aproveitou disso para acabar comigo, você quase me destruiu porque só olhava para o seu umbigo e o seu ego nojento. Você estava pouco se lixando para mim e para os meus sentimentos - quando dou por mim já estou chorando.

- Me ... - mais uma vez ele tenta falar.

- Eu ainda não terminei - digo com raiva e limpo as lágrimas que insistem em cair - Você tirou a minha virgindade em um acto horroroso, eu estava drogada e bêbada e você me violentou sabendo que eu não conseguiria te parar, levou o melhor de mim e me marcou para sempre.

O Namjoon me envolve com os seus braços e eu me permito chorar no seu peito enquanto ele sussurra coisas como: está tudo bem, se acalme, eu estou aqui amor. Depois de alguns minutos me recomponho e observo um Liam igualmente com os olhos vermelhos e rosto molhado.

- Eu já não sou aquele menino Melsandra, eu mudei e me arrependi. Pode soar clichê mas se eu pudesse voltaria no tempo e apagaria tudo o que fiz, isso também me assombra demais - ele diz limpando as lágrimas com a camisola - Hoje eu não bebo mais, eu não consumo nenhum tipo de substância, estou limpo há meses, estou fazendo trabalhos sociais em um orfanato e estou tentando abrir o meu negócio. Por isso eu quis tanto falar com você, para te pedir perdão pelas coisas que o antigo Liam te fez, eu não posso continuar carregando as culpas e os pesadelos de alguém que já não existe, alguém que morreu.

- É só isso que você quer? - pergunto mais calma e depois de assimilar tudo o que ele disse.

- É tudo o que preciso para seguir em frente - ele pediu esperançoso.

- Eu te perdoo mas isso não significa que quero ser sua amiga - digo e me preparo para ir embora.

- Tudo bem. O seu perdão significa um novo começo e eu não esperava que você se tornasse minha amiga - ele diz e sorri - Muito obrigada Melsandra.

- Adeus Liam, se cuida e boa sorte com o seu recomeço - digo, Namjoon apenas faz uma reverência e caminhamos até a saída.

- Estou orgulhoso de você - ele diz assim que entramos no carro.

- Obrigada amor, por tudo. Não sei se aguentaria enfrentar ele se estivesse sozinha - digo e me estico até ao banco do condutor para lhe roubar um selinho, ele apenas sorri e inicia o caminho até a mansão.

Finalmente está tudo resolvido e todas as portas fechadas.

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